Milão é conhecida por ser uma das grandes quatro capitais da moda (completando o quarteto já composto por Londres, Paris e Nova Iorque). Existem bastante novas sonantes que duas vezes por ano apresentam as suas colecções e chamam à cidade inúmeros apreciadores ou meros curiosos para as semanas da moda.
Entrada dos Silos - Março de 2017
Já assisti na cidade a duas delas, mas nunca me meti nem no buliço das festas nem tentei ir ver nenhum desfile. No entanto, já há algum tempo que tinha curiosidade em visitar alguns espaços que estão relacionados com as casas mais conhecidas e que se tornaram museus ou fundações.
Em Outubro, aproveitando a visita de uma amiga, já tinha ido à Fondazione Prada, mas apesar de muito interessante, o objectivo do espaço é cultural e não tanto um museo da história das criações. Pouco depois tomei conhecimento deste espaço - o Armani Silos - e por mera curiosidade adicionei-o logo à lista de locais a visitar na cidade.
O bilhete costuma ser um pouco caro, mas no dia 5 de Março (de 2017) a cidade de Milano promoveu uma excelente iniciativa em que vários museus da cidade estavam abertos ao público gratuitamente. Aproveitei para fazer a minha visita nesse dia, durante a tarde.
De que se trata?
O Armani Silos é um novo espaço, nas proximidades de Porta Genova, aberto recentemente como lugar de celebração dos 40 anos de trabalho de Giorgio Armani. Em tempos, fi o armazém de uma grande multinacional no ramo alimentar, daí o nome se ter mantido e ficado Armani Silos.
O edifício tem vários pisos de exposição, sendo que no térreo existe sempre uma temporária e nos pisos seguintes se pode visitar a colecção permanente que faz uma retrospectiva ao trabalho do designer de moda desde os anos 80.
Arquitectonicamente, tudo foi pensado para também revelar a estética do artista que muito aprecia o cinzento e o bege. Para além dos espaços expositivos, existe ainda uma cafetaria, a meio do percurso onde se pode pesticar qualquer coisa com vista para o jardim, e um espaço de pesquisa no piso superior onde se pode consultar o arquivo digital.
Fotografias da exposição temporária "Emotions of the Athletic Body"
Como chegar?
Chegar aos Silos é relativamente fácil seja de em viatura próxima seja em transportes públicos (eléctrico e metro). Os Silos situam-se em via Bergognone, 40, bem perto da estação de metro da linha verde (M1) Porta Genova. Basta uma pequena caminhada apartir daí para aceder ao local.
Quando visitar?
Eu tive a sorte de visitar num dia gratuito, mas mesmo assim tive a sorte de o espaço não estar extremamente cheio. Pareceu-me que não existirão horas nem dias muito preenchidos. O horário de funcionamento é das 11 da manhã às 7 da tarde; um horário simpático para quem procura plano imediatamente após as aulas ou o trabalho.
Quanto custa?
O bilhete para os Silos custa 12€ (15€ caso se queira Audioguia). Para os estudantes existe um desconto, ficando o bilhete a 8,40€ mediante apresentação do cartão estudante.
O pormenor do chão - Março de 2017
Impressões Finais
Esta visita foi uma maneira engraçada de terminar uma tarde de Domingo. Cheguei ao local por volta das 16h/16h30 da tarde e só saí à hora de fecho. Já do exterior, o edifício dá indícios daquilo que se poderá ver no interior. Destaca-se pelo seu tom cinzento que contrasta com os restantes prédios das imediações, bem banais. Localiza-se numa zona bastante calma da cidade, entre outros espaços artísticos que também merecem a atenção do visitante.
A entrada é muito vistosa, sendo que ao fundo do foyer existe um grande envidraçado onde se vêem marcadas a letras garrafais escuras o nome do designer. Imediatamente, do lado direito de quem entra, ergue-se uma pequena loja, onde é possível comprar pequenos souvenier do museu e do trabalho de Armani. Os preços não são de todo convidativos à carteira de um estudante mas quem quiser cometer uma pequena loucura tem uma escolha relativamente variada: desde t-shirts da sua linha mais económica até kits de pintura e sketchbooks, assinados pelo próprio. Por curiosidade, dei uma espreitadela, mas percebi rapidamente que não seria para mim.
Uma das salas do segundo piso, "Cromatismos" - Março de 2017
À porta da exposição, um pouco mais à frente, estavam dois vistosos seguranças, vestidos de forma elegante, que apesar do ingresso gratuito,nos deram um bilhete em papel prateado (que guardarei como recordação). No balcão estavam também disponíveis brochuras de um papel igualmente rico com algumas considerações sobre a exposição temporária e a planta do museu.
O piso térreo estava ocupado pela tal exposição temporária, de fotografia, intitulada "Emotions of the Athletic Body" curada pelo próprio criador. Nas paredes, paravam grandes telas a preto e branco onde se podiam ver belas fotos tiradas ao longo dos anos para a marca, protagonizadas por modelos ou por atletas do mais alto gabarito de todo o mundo (entre os quais, por exemplo, se encontrava o futebolista Cristiano Ronaldo e o tenista Rafael Nadal). Nada tinha sido deixado ao acaso: o chão tinha sido revestido do mesmo material que as pistas de corrida, mimetizando o ambiente desportivo (o que combinava bastante bem com o conteúdo exposto).
Na lateral deste piso, encontra-se a tal cafetaria, pequena mas acolhedora, num estilo bastante minimal e em tons de cinzento. Profundamente inspirada na arquitectura japonesa, estava povoada de visitantes que ali tinham parado para um brioche, uma chávena de chá e uma pausa, enquanto observavam lá fora o pequeno pátio ajardinado.
A subida para os pisos de cima, onde se localiza a exposição permanente, distribuída por três pisos, faz-se através de uma escada central, monumental e magestosa, onde a luz não foi deixada por pensar, fazendo um jogo interessante com o triplo pé-direito do espaço vazado.
Ala dos acessórios, sapatos e pequenos objectos - Março de 2017
No primeiro piso, existem 12 pequenas salas dedicadas ao tema "Exotismo". Pareceu-me uma bela representação dos povos e culturas longíquas que sempre inspiraram Armani nas suas colecções. No segundo, o tema é "Cromatismos" evocando as combinações muito próprias entre os seguros cinzento e bege e cores mais sonantes. Neste piso, também se pode encontrar uma ala dedicada a acessórios, calçados e outros pequenos objectos que são representantes da marca e que foram imortalizados na história da Moda. Por último, no terceiro e último piso, existe uma gama de peças de corte icónico, quase aquilo a que se pode chamar os básicos da marca, sobre o nome de "Daywear". Na lateral e antes do fim do percurso, existe uma sala multimédia com computadores e ecrãs táteis onde é possível consultar o arquivo multimédia que conta com uma série de esquiços e coordenados datados, que juntos formam uma excelente base de dados útil a quem estuda ou trabalha na área. Dentro de uma pequena área, delimitada por uma fina estrutura demetal escuro e um pano transparente brilhante, encontra-se um pequeno auditório/ sala multimédia onde passam em loop pequenas parte de desfiles passados e anúncios que fazem parte da história da marca (uma pausa simpática depois de um percurso um tanto extenso mas sempre agradável).
É uma visita engraçada, mesmo para quem não é entendido, nem grande admirador de Moda, pois mostra a relação da cidade com o trabalho deste seu "filho" designer, o que nunca é desinteressante para compreender Milão como capital da moda. É uma volta para fazer com calma e disponibilidade, pois pode durar cerca de 2h/2h30. Recomendo!