O quão chocante é a cultura espanhola?

Na minha opinião, não interessa o quanto viajes entre país durante a tua vida (e estou a falar sobre viveres nesse país durante algum tempo), se assim for não poderás evitar a experiência do choque cultural durante um curto ou longo período de tempo.

As dificuldades de te adaptares a uma cultura diferente pode originar a partir de pequenas coisas irrelevantes, mas pode ser também a manifestação de uma maneira de pensar completamente distinta, ou um conjunto de normas sociais que nunca irás conseguir entender ou aprender. E claro, quanto mais enfrentas essa experiência, mais ágil irás estar para enfrentar e, também, (espero eu) será mais fácil enfrentar o problema.

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[Fonte:]

O que precisas de saber sobre choque cultural?

É importante explicar que choque cultural é um conceito mais amplo do que a expressão do dia a dia sugere. Tu não tens de estar, literalmente em choque com a cultura para experienciares isso.

De acordo com alguns estudo e teorias, lidar com este fenómeno - e eu sei sobre este tema, porque o estudei na Universidade - a definição incorpora coisas como diferenças verbais e não verbais na comunicação, nas suas regras e nas normas da cultura aprendida, assim como, na maneira de ver a realidade. Mas um sinal de choque cultural pode ser também uma crise de identidade, baseada no facto que todos nós redefenimo-nos quando vivemos num ambiente social que não é familiar. E por último, diz-se que os expatriados tendem a ter mais doenças, que pode ser interpretado como o sentido de o nosso corpo dizer-nos que algo não está bem.

O que estou a tentar demonstrar aqui, com este pequeno artigo é que toda a gente vive o seu próprio choque cultural, de um modo e a um nível diferente. Nós nem temos de ter consciência disso, mas isso não impede que não estejamos a passar por isso.

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[Fonte:]

A minha própria experiência - Cultura húngara vs. Cultura espanhola:

Mesmo se durante os últimos anos eu tenha me tornado numa especialista sobre o assunto - na prática, e igualmente, na teoria - eu também não fui exceção. Claro que tenho que dizer que no geral, a cultura espanhola é uma cultura muito acolhedora para uma húngara, porque não existem assim tantas diferenças significativas. E se houverem, normalmente são (mas nem sempre) melhores maneiras para se fazer as coisas do que como são feitas na Hungria. Por exemplo, as pessoas são mais simpáticas, mais positivas e mais fáceis, assim como as ruas, autocarros e espaços públicos que são muito mais limpos. No entanto, consigo ainda mencionar alguns aspetos que eu encontrei (ou costumava fazer-me confusão no início) e que tive alguma dificuldade em me habituar. A partir daqui, tudo o que vos dizer será a minha opinião subjetiva:

  1. Os hábitos de comer;
  2. O turno do tempo invisível;
  3. O estilo de vida pela "mañana";
  4. A entoação.

1. Os hábitos de comer:

Isto pode parecer totalmente ridículo, mas demorou algum tempo até o meu estômago se habituar a adaptar aos hábitos de comer de Espanha. Não me interpretem mal, eu adoro a gastronomia espanhola! Mas eles têm um horário de refeições muito diferente, que simplesmente é para mim, opinião própria, e tão pouco corresponde ao provérbio tão conhecido: “reggelizz úgy, mint egy király, ebédelj úgy mint egy polgár és vacsorázz úgy, mint egy koldus”. Cuja tradução é algo como: "come pequeno almoço como um Rei, almoça como um príncipe e janta como um pobre". De acordo com isto, o pequeno almoço deve ser a refeição mais importante do dia, porque é necessário ingerir uma grande fonte de energia para a saúde física e mental, de modo a ajudar na realização das atividades do dia. (Claro, que outra questão é quantas pessoas conseguem realmente seguir isto). No meu caso, visto que acordo sempre cheia de fome pela manhã, e se o meu tempo me permitir, não irei descartar a minha refeição preferida.

Em Espanha, a refeição mais importante é, sem dúvida alguma, o almoço, que ocorre entre as 14 - 16 horas. Quando os espanhóis chegam à altura da siesta, parece que o tempo aqui pára: aquelas famílias que podem, preferem regressar a casa, juntando-se à volta da mesa para comerem juntos - como um símbolo do estilo de vida familiar. Na minha opinião, isto é algo bastante positivo e muito desejado do ponto de vista de trabalho saudável vs. balanço de vida familiar. Mas tudo isto levou o meu estômago a demorar algum tempo a habituar-se ao leve pequeno almoço e ao almoço tardio. (Claro, que eu tinha a liberdade de manter os meus hábitos, mas como estou a viver com um família espanhol quero tentar adaptar-me). Para além disso, o jantar espanhol representa um evento social: as pessoas gostam de ir sair para comer tapas, enquanto passam tempo com a sua família e amigos. Isto também acontece muito mais tarde do que o normal para mim, e lembro-me que durante os meus primeiros dias não me sentia muito bem, porque comi um enorme jantar às 21 ou 22 horas.

2. O turno do tempo invisível:

Em Espanha, tenho sempre o estranho sentimento que tudo o que acontece um pouco mais tardio do que deveria ser. As pessoas acordam tarde, vão sair tarde, vão dormir tarde e até os programas de televisão (como as notícias da noite ou os programas de entretenimento) começam e acabam tarde, muito mais do que na Hungria. Este tópico, até foi falado nas aulas, e os meus professores de espanhol deram uma explicação muito interessante: a vida em Espanha é, basicamente, determinada pela luz. O sol nasce, consideravelmente tarde, (hoje às 8h33) mas a luz sola dura durante muito tempo, até mesmo no inverno, (o pôr do sol hoje foi às 18h20). E há outro facto interessante: Espanha pertence ao mesmo fuso horário da Hungria, mas a sua zona natural de tempo seria a de "Tempo Médio de Greenwich". Esta poderá ser a verdadeira e estranha explicação para os horários em Espanha.

O quão chocante é a cultura espanhola?

3. O estilo de vida pela "mañana":

Há um estereótipo sobre os espanhóis, que eles estão sempre atrasados. Bem, na verdade isto é mesmo verdade. É verdade que eles podem estar atrasados - como qualquer um de nós - mas quando algo é muito importante eles irão chegar a horas.

De acordo com a minha experiência, vou abordar esta questão de uma outra perspetiva: é como se as pessoas espanholas tivessem uma noção diferente do tempo. Pode não parecer muito importante em muitas outras situações, como é na minha vida por exemplo. A maioria das pessoas que eu conheço gostam de ter controlo sobre o tempo, ter um plano prévio. E isto é algo que difere muito das pessoas espanholas que eu conheci até agora. Um atraso de 10 minutos não é considerado um grande atraso. E na maioria das vezes eles nem se dão conta que isto acontece. Como se a perceção deles do tempo fosse diferente.

Para resumir, eles nunca têm pressa. E não há nenhum problema quando isto acontece. Não tem problema nenhum ir numa viagem a meio da tarde. Porque tudo o que há para ver na cidade não vai a lado nenhum. Ou então, não tem problema nenhum deixar para amanhã. Porque há sempre um amanhã... e se pensar sobre isso, nem parece assim tão mau!

4. Entoação:

Como os italianos, as pessoas espanholas também gostam de brincar com a entoação das palavras e das frases. Normalmente, costumo achar isto fantástico e divertido, é algo que me faz sorrir. Dá-me energia positiva. Mas, algumas vezes, também é demasiado. Demasiado alto. A língua húngara é muito calma e monótona. E algumas vezes sinto que preciso de algum silêncio ao meu redor.

Para concluir este artigo, considero que é importante referir que isto é a opinião de uma húngara. Tudo o que escrevi não é uma amostra muito representativa. É totalmente a minha opinião e a minha experiência. Não quero ofender ninguém, especialmente porque eu gosto imenso de Espanha e das pessoas espanholas.

Uma coisa mais:

Foi o psicólogo Peter Adler que disse: "o estudo intercultural comunicativo começou com a viagem a outra cultura e acabou com a viagem a uma outra cultura". Penso que esta citação retrata muito o que vai na cabeça e no coração dos estudantes Erasmus que estão longe de casa. Ao identificar as diferenças culturais, ganhamos consciência não só da cultura receptora, como também da nossa própria cultura. Aprendi muito sobre eu própria e sobre como a minha própria cultura poderia aprender algo sobre a cultura espanhola.

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