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História de Erasmus Lisboa


Experiência escrita de uma rapariga Erasmus italiana de 2019/2010

Em Setembro de 2009, exactamente no dia 10, parti para a meta escolhida: Lisboa. Sem ter casa para onde ir, porque os contactos encontrados na internet eram para verificar os locais pessoalmente, e como não conhecia a cidade, e também como se ouve muito pelas experiências de outros ex-Erasmus que se não vês a casa nem vale a pena reservares. Na verdade a minha ida era quase incerta, porque no dia 7 de setembro a minha mãe teve um exame, onde lhe diagnosticaram cancro da mama, mas depois de uma rápida reunião familiar, acabei por vir mesmo. As primeiras duas semanas fiquei numa pensão, chamada "caravela", localizada no Marquês de Pombal, a zona central, bem localizada. Depois entrei em contacto com o escritório "Erasmus Lisboa", que foram super gentis e eficientes, e fui vendo os anúncios que ia encontrando na internet. Nada do meu agrado, não porque seja difícil, mas porque Lisboa não é uma cidade fácil, nas zonas centrais as coisas são antigas e muito, ou muitíssimo caras, não são renovadas e a especulação Erasmus vai por água abaixo! Finalmente uma rapariga italiana que já desde julho estava à procura de casa, deu-me uma dica: um apartamento no mesmo prédio onde ela tinha alugado o dela, um sótão do mesmo proprietário, que tinha sido acabado de renovar. Fantástico! Gosto da qualidade, o preço é bom, e fica na zona de Santos Velho. Reservei logo! As deslocações para a Universidade Católica são fáceis porque existe uma boa rede de transportes. Atualmente está muito calor, mas depois de ter conhecido outros Erasmus, numa das festas organizadas, fomos até à praia. Praias oceânicas perto da cidade e com ligações à história da Itália, Cascais-Estoril. Outubro: iniciam-se os cursos. É inútil mentir, ao início é difícil, devido à língua, para mim foi complicado. E como tinha estudado espanhol, o meu cérebro quase que recusava o português ahahah! A sede da universidade é nova por fora, mas por dentro é o contrário, porque tem uma decoração dos anos 30, é incrível, super cuidada! Apaixonei-me logo por Lisboa, porque apesar de ser antiga e velha, existe um equilíbrio particular que cria uma muito boa atmosfera. Confluência de estilos de vida e de tradições parecem fundir-se contra a real globalização que está a tomar conta de todos os sítios na Europa.

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Direi que é uma fusão de equilíbrio, mas também uma fusão de diversas classes sociais. Em Portugal existem 156 etnias, uma pequena América neste aspecto. Dezembro chegou rapidamente, ainda não vesti o meu casaco mais grosso, mas já estou pronta para os meus primeiros exames em português. Às vezes alguns professores deixam-te falar e escrever em inglês, mas são poucos. Férias de natal: regresso a casa com um bom voo lowcost e com grande vontade de estar com a família. A minha mãe está a terminar a quimioterapia. O clima em casa pelo Natal é aquele de sempre, a única diferença é que desta vez não ajudei a fazer a árvore de natal e a fazer o presépio, que foram feitos pelos meus pais, irmã e avó. Volto no dia 5, porque a Universidade reabre no dia 7, e porque tenho outros exames. Durante as férias de Natal cedi o meu sótão de Lisboa aos pais da Eva, uma Erasmus polaca de Varsóvia com a qual fiz amizade quando voltei. Quando regressei encontrei na dispensa compras para uma semana como agradecimento pela hospitalidade. Perfeito! Assim posso meter algum dinheiro de parte para uma visita a Óbidos, organizada pela Erasmus Lisboa. Por mero acaso, a sede da Erasmus Lisboa fica mesmo por baixo da minha casa e por isso fiquei amiga da Rita, a responsável, com quem colaborei em algumas festas como empregada de bar. Assim pude convidar a minha mãe para jantar quando veio ter comigo, num restaurante, pequeno, típico em Portugal, onde a fiz provar não o peixe, que é bom e económico, mas sim a picanha, uma carne crua que se cozinha sobre uma pedra quente e também uma sopa portuguesa.

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Recomeço a estudar: milagres, o português torna-se menos difícil. Percebo quase tudo. Reconheço também que ter visto a minha mãe a recuperar deu-me mais energia! Chove, chove e chove, dizem que em fevereiro, março não é sempre assim, mas assim vamos nos reunindo mais vezes à noite, à vez em cada uma das nossas casas Erasmus... E então... Conheci um rapaz português que me interessou. Disse a mim mesma que não iria gostar de nenhum rapaz, mas este era um simpático e é surfista, como tantos outros aqui. Devem saber que aqui o surf é como um jogo de futebol entre amigos, com a única diferença que se pratica na água fria, onde é permitido durante quase todo o ano. Começámos a namorar e com ele posso praticar o meu português e tive oportunidade de conhecer a vida familiar portuguesa. Era claro que para ambos que era só uma amizade, pois os nossos estilos de vida são diferentes. No entanto houve um amigo turco, o Ali, que quer voltar para casa, porque não aguenta mais. Ele estuda gestão... Ao ir falar com ele, dou-me conta que ele não se integrou muito bem e que cada um de nós teve tempos diferentes antes de se sentir à vontade. Convenço-o a tentar ficar um pouco mais, e lá o consigo convencer. O Ali fica e até pede uma extensão da sua bolsa de estudos, fantástico! Agora é um dos nossos! Adoro-o, porque sem o seu instrumento turco, que eles costumava tocar na baixa, "xantu", com o seu sorriso, o seu colar de pérolas de Erasmus... Finalmente a chuva dá tréguas nas férias da Páscoa e assim cada um leva a sério o famoso "natal com os seus, Páscoa com quem quiser", enquanto fazíamos projectos sobre os locais que seria bom irmos visitar, muitos se dividiam, outros iam embora em grupo para destinos muito variados: Madeira, Peniche, Algarve, Alentejo, Coimbra e... pessoalmente depois de ter visitado o esplêndido Alentejo, aceitei o convite da família portuguesa do meu amigo e assim encontro-me a fazer a via crucis numa pequena cidade, Coimbra, e a degustar a boa cozinha portuguesa e os seus fantásticos doces que irão descobrir se vierem fazer Erasmus para Portugal. Estamos em maio e recomeçasse a estudar para os exames, no entanto encontramos sempre tempo para ir à discoteca ao fim de semana. Depois de jantar no "Casimiro" (Rossio), vamos ao Lux, uma das melhores discotecas, e encontramo-nos no Bairro Alto, na esquina Erasmus, onde se encontram todos, de todos os países do mundo, com um copo de cerveja na mão, e podes escolher com quem queres falar, qual a língua que gostas mais, apenas tens é a grande dificuldade de escolha... Estamos quase em junho e começamos a pensar que vai acabar, mas seguimos... Vários amigos de Roma vieram-me visitar e com prazer convido-os para o meu sótão, enquanto me preparo para os exames. AH! Quase que me esquecia que no Natal ofereceram-me uma pequena tartaruga, que segundo uma veterana de Erasmus, o seu nome é Lince e foi a mascote do meu Erasmus. Agora tudo está bem e nos consolamos, com a iminente partida de cada um de nos, a pensar no que fazer depois do nosso Erasmus. Eu em particular... em primeiro lugar: esquecer a minha paixoneta portuguesa, para recomeçar em setembro, estudar com seriedade, e fazer disto a minha experiência para transmitir a outro. Reflectir sobre a importância que temos, que tem a nossa geração de cidadãos europeus, para a qual, as comunidades europeias trabalharam para criar as bases dos europeus no mundo. Projectos para o futuro? Somos nós, estudantes, que queiramos ou não. É nesta óptica que devemos expandir-nos e colaborar no trabalho pequeno, médio ou grande, acabando com preconceitos e alargando os objectivos e com uma correcta planificação, que será o próximo passo, mesmo que o mais difícil e complexo seja a nível telemático que prático. Até logo Erasmus... até já Lusitânia.


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