Free tour Istambul
A tour não era para acontecer, pois éramos apenas 3 pessoas e a guia disse que só dava a excursão a um mínimo de 6 pessoas, contudo abriu uma exceção, pois o rapaz que estava para assistir connosco iria embora no dia seguinte e aquela era a última oportunidade que ele tinha para saber a história de Istambul.
Por um lado, fiquei contente por a excursão não ser cancelada, mas por outro não, pois significava que teria que dar gorjeta no final, visto ser impossível escapar-me como faço sempre no fim, pois há sempre várias pessoas e não é tão óbvio que fui embora sem contribuir, eu sei que é um bocado mau fazer isso, mas eu sou pobre, está bem? Mal tenho dinheiro para mim, quanto mais para gorjetas.
A excursão teve como fundo uma enorme tempestade, a meteorologia disse-me que só ia chover até às 10 da manhã, no entanto eram 11 horas e estava a chover torrencialmente, esteve este tempo durante todo o dia, tive sorte por o rapaz ter partilhado o chapéu de chuva dele comigo, foi bastante simpático, se fosse outro nem ia querer saber se eu estava a ficar molhada e com perigo de adoecer.
A explicação para o facto de ninguém ter aparecido para a free tour deveu-se ao facto da Hagia Sophia estar fechada nesse dia e ser uma das maiores atrações turísticas, antes dos atentados terroristas que ocorreram era visitada por cerca de 10 milhões de turistas por ano.
A Hagia Sophia era tão visitada pois foi inicialmente construída como sendo uma igreja, mas com a conquista dos turcos, passou a ser usada para praticar o islamismo, contudo não foi pintada, as paredes que mostravam os frescos católicos foram tapadas, pois existe a lei de que o islamismo não pode ser praticado no espaço dedicado a outra religião, ao taparem as paredes já poderia ser praticado. A Hagia Shopia une turistas de duas religiões no mesmo espaço, por isso é que é uma atração tão grande. Além disto, a Hagia Shopia existente não é a original, já foi reconstruída 3 vezes, devido a revoluções do povo que a destruíram.
A guia começou por contar que Istambul nem sempre foi assim denominada, já foi Bizâncio, pois foi conquistada por Bizas muitos anos antes de Cristo, depois passou a ser denominada por Constantinopla, devido ao Imperador romano que a escolheu como capital do Império romano, foi Constantino. Quando foi conquistada pelos turcos, passou a ser denominada por Istambul, o nome que conhecemos atualmente.
Apesar de ser a cidade mais populosa da Turquia e aquela com maior património histórico, não é a capital, a capital é Ancara, pois Istambul é um local estratégico, visto que está entre as duas placas tectónicas da Ásia e da Europa, sendo dividido pelo Bósforo, ou seja, um estreito que divide as duas placas tectónicas e liga o mar Negro e o mar de Mármara.
Quando os turcos conquistaram Istambul, decidiram que ninguém teria que ser expulso da cidade, os derrotados poderiam continuar lá a viver, todos em conjunto e não haveria problema devido às religiões serem diferentes, por isso é que Istambul tem tanta diversidade religiosa, apesar da maioria da população ser muçulmana, há igrejas católicas e sinagogas espalhadas por toda a cidade.
Uma grande atração turística da Turquia é o banho turco e na zona da Hagia Sophia e da Mesquita Azul, há um local onde é possível usufruir desse famoso banho, no entanto não é o local mais aconselhado, visto ser a zona onde aglomera maior número de turistas, os preços disparam, há outros locais pela cidade com o preço muito mais baixo, chegando a ser três vezes menor e o serviço ser igualmente bom.
A Mesquita Azul tem este nome para os turistas, pois foram eles que a chamaram assim, visto ser azul a cor dominante no interior da mesquita, mas para os habitantes locais o nome é Mesquita Sultanahmet, foi mandada construir pelo sultão Ahmed, daí esse nome. Foi a primeira mesquita a ter seis minaretes, isso são aquelas torres ao lado da mesquita, para o caso de se estarem a questionar acerca do que são. Os minaretes servem para anunciar a hora de rezar, antigamente era uma pessoa que subia até la acima e fazia o anúncio, isto cinco vezes ao dia, contudo, hoje em dia já não é necessário, pois foram colocadas colunas no cimo dos minaretes, poupando as pernas do pobre homem que tinha que subir e descer cinco vezes ao dia.
As pessoas que praticam o islamismo, têm que rezar cinco vezes ao dia, muitas fecham as lojas e colocam um papel a dizer “já volto”, pois foram até à mesquita rezar, no entanto, é também possível rezar cinco vezes à noite, antes de ir dormir, cada um gere as cinco vezes como preferir e lhe der jeito. Não é necessário ir até uma mesquita para rezar, isso pode ser feito na privacidade e conforto de um outro local, mas os homens necessitam de ir até à mesquita rezar, num dia específico da semana, agora não me lembro de qual era o dia, as mulheres não precisam.
Para entrar numa mesquita é necessário descalçar os sapatos, as mulheres precisam de usar algo a cobrir a cabeça e se levarem roupas muito justas também precisam de algo para lhes cobrir o corpo. Antes de iniciarem as rezas, precisam de se lavar antes, a cara, os braços, as pernas, pelo menos são pessoas limpas.
Enquanto a guia nos dava estas informações, umas pessoas interromperam-na para me chamar para lhes tirar foto e depois quiseram, praticamente, uma sessão, pois eu tirei e eles continuaram a pedir para que eu tirasse mais e de diversos ângulos, não estavam a entender que eu estava a meio de uma excursão.
Entretanto, deslocámo-nos para outro local e durante a ida a guia começou a falar turco para a Carolina, foi aí que começou a perseguição a ela, pois toda a gente achava que ela era turca e perguntavam depois se ela não tinha familiares turcos, num dia ouvi umas 20 pessoas a dizerem-lhe isto, até eu já estava farta.
Os dois atentados terroristas que ocorreram em Istambul foram há cinco anos e aconteceram nos locais que eu menos esperava, pois foram ao lado da Mesquita Azul e da Hagia Sophia, supostamente são os locais onde é praticada a religião islâmica, logo deveriam ser os locais mais seguros e onde nunca iriam pensar em fazer atentados, estava enganada.
De seguida fomos para a entrada do palácio Topkapi que foi a residência dos sultões de Istambul durante vários séculos. Os sultões podiam ter até quatro mulheres, contudo isto não era respeitado, tinham muitas mais e aquela que tivesse o primeiro filho varão candidato ao trono subia de nível e se o seu filho se tornasse o sultão, subia de nível novamente, ficando com tantos poderes como o sultão, ou seja, também podia tomar decisões, fazer-se ouvir e ter uma opinião na forma como era gerido o país.
O próximo local a visitar foi o hipódromo ao lado da Mesquita Azul, lá encontrava-se a fonte alemã que foi oferecida por um imperador alemão, devido à hospitalidade que recebeu quando visitou Istambul. No hipódromo também se encontravam dois grandes obeliscos, um deles foi trazido do Egipto para comemorar a nova capital do Império romano, Constantinopla, o obelisco era três vezes maior, teve que ser partido de modo a poder ser transportado.
Obtive muitas mais informações durante a excursão, mas não me consigo lembrar do resto, pois estava a ocorrer uma tempestade e eu só me conseguia concentrar no frio que estava a sentir, não ouvindo metade do que a guia dizia.
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