Erasmus e relações

Publicado por flag-pt Maria Matos — há 5 anos

Blogue: Viagens durante Erasmus
Etiquetas: Conselhos Erasmus

Erasmus e relações... Para a maioria das pessoas, estas duas palavras não combinam uma com a outra, quase como se fossem mutuamente exclusivas. No entanto, penso que é importante refletir sobre este tema pois sei que existem algumas ideias erradas e este tópico pesa (bastante) no momento de tomar uma decisão sobre ir ou não ir de Erasmus.

Este post é baseado na minha experiência e nas experiências de amigos/conhecidos meus que passaram por situações semelhantes. Outras pessoas terão opiniões e perspetivas diferentes, certamente!

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Fonte: Unsplash

# Cenário 1: Tenho namorado/a e estou a pensar ir de Erasmus

Tenho duas amigas que sempre quiseram fazer Erasmus. Ambas estavam numa relação no momento em que chegou a altura de fazer a inscrição no programa de mobilidade. Assisti ao dilema das duas: por um lado, queriam muito ter uma experiência internacional, mas por outro, tinham medo das saudades que poderiam sentir dos namorados. 5 meses longe parecia demasiado, tendo em conta que nunca tinham estado tanto tempo afastados. “Como vamos aguentar a relação? E se eu não aguentar as saudades? E se a paixão desaparecer?”. Dúvidas e mais dúvidas. A atitude dos namorados também teve influência na decisão final: um deles apoiou totalmente a ideia, o outro não discordou mas também não deixou de mostrar algum descontentamento, numa espécie de “acho que deves ir MAS...”.  No final, a rapariga cujo namorado mostrou-se entusiasmado com a ideia acabou por ir para fora. A outra, optou por ficar em Portugal.

Já passaram uns anos. A rapariga que decidiu ir de Erasmus adorou a experiência. Sei que houve alguns momentos em que a comunicação com o namorado não foi a melhor, mas conseguiram aguentar a distância e ele até a foi visitar uns dias durante a sua estadia. Essa minha amiga encarou a experiência como um teste à relação – “se não aguentar o Erasmus, é porque não está destinado a funcionar a longo prazo”. A verdade é que ela voltou ainda apaixonada e continuaram juntos depois dessa experiência! A outra rapariga também continua com o mesmo namorado. Na altura ficou contente com a decisão que tomou, no entanto, hoje em dia, com mais maturidade, admite: se fosse hoje, teria ido! Não se arrepende, pois tudo acontece por um motivo, mas confessou que não foi devido ao medo que a experiência afetasse a sua relação.

Sei de uma rapariga que durante Erasmus passava os dias triste e com saudades do namorado! Estava sempre a fazer chamadas de Skype com ele, por vezes não ia sair só para ficar ao telemóvel e qualquer fim-de-semana livre aproveitava para voltar a casa e matar saudades, em vez de viajar para outros países. Penso que ela gostou da experiência em geral, mas não a viveu tão intensamente devido às saudades, o que leva a uma mensagem importante: se sentirmos que não estamos na altura certa para largar o conforto da nossa casa, não há problema em optarmos por continuar nesse conforto. O Erasmus deve surgir por vontade e não obrigação!   

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Fonte: Unsplash

# Cenário 2: O meu namorado/a está a pensar ir de Erasmus

O Erasmus é muito divertido para quem vai, mas a experiência não tem assim tanta piada para quem fica. Acredito que a maioria das pessoas se mostre apreensiva perante a ideia do namorado/a ir de Erasmus. Afinal, sempre ouvi dizer que Erasmus rima com orgas... bem, vocês percebem a ideia!

Consigo enumerar duas grandes preocupações: 1) traição 2) ficar aborrecido/a enquanto o outro vive experiências inesquecíveis. As duas, no fundo, relacionam-se com uma preocupação maior: o medo de que a relação não sobreviva à distância. Isto exige que um casal ponha em prática o exercício mais desafiante de uma relação: a confiança.

Em relação à traição, começo por dizer que, apesar de não ser, de todo, uma desculpa, é importante perceber que quando uma pessoa vive uma experiência tão intensa como o Erasmus, por vezes pode ser mais difícil distinguir o “certo” e o “errado”, pois tudo é novidade. Repito, não é uma desculpa, mas um argumento que deve ser tido em conta. No entanto, acredito que quem trai em Erasmus também seria capaz de o fazer em qualquer outra situação. E se existe uma traição, significa que algo na relação que não estava a funcionar bem – e a culpa, neste caso, não é do Erasmus em si.

Na minha experiência, assisti aos dois casos: pessoas que se mantiveram fiéis até ao fim e pessoas que... acabaram por se envolver com alguém, mesmo estando comprometidos com outra pessoa. Mesmo neste último caso, observei várias situações: pessoas que nunca contaram a verdade ao outro, pessoas que acabaram o namoro por causa da traição e outros que resolveram os conflitos e ainda hoje estão juntos! Cada caso é um caso. Penso que o facto de ter feito Erasmus durante o mestrado fez com que as pessoas tivessem, em geral, mais maturidade do que os que vão para fora com 19 anos.

Quanto à pessoa que fica em casa... percebo que sejam meses complicados! Tive uma amiga que me contou que, quando o namorado foi de Erasmus, sofreu bastante. Passava os dias aborrecida, a “cuscar” nas redes sociais com quem é que o namorado estava. É uma situação difícil, mas acho que temos duas opções: 1) ficar em casa aborrecido 2) arranjar um hobby, praticar desporto, aproveitar o tempo para estar com amigos, viajar. Se o Erasmus é uma oportunidade de crescimento pessoal, porque não podemos ter igualmente esse crescimento no nosso país? Uns meses longe do namorado/a podem ser importantes para voltar a aprender a estar sozinho/a – e estar sozinho/a por vezes é muito bom!

Com isto, quero explicar que podemos apoiar ou criticar a decisão do outro fazer Erasmus. Não julgo quem não gosta da ideia de o namorado/a ir de Erasmus, afinal, somos todos humanos e gostamos de estar próximos de quem gostamos. Mas gostar de alguém também significa dar-lhe liberdade e confiar nessa pessoa. Quanto menos prendermos as pessoas, mais elas querem voltar para nós – um conselho valioso que me deram há uns anos e que se aplica a esta situação. Acreditem, se mostrarem o vosso apoio nesta decisão, eles irão ficar gratos sem dúvida alguma! O que acontece depois, dependerá de cada relação.

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Fonte: Unsplash

# Cenário 3: Estou em Erasmus, arranjei um namorado/a

Sabiam que, em 2014, 1 milhão de bebés eram filhos de ex-estudantes de Erasmus? É verdade! O Erasmus tem sido responsável por muitas relações internacionais e à medida que mais estudantes aderem à mobilidade internacional, é provável que este número continue a aumentar. Isto reflete a atual geração de cidadãos globais, onde a nacionalidade/língua já não é uma barreira para as relações humanas, ao contrário do tempo dos nossos pais ou avós.

Durante o meu Erasmus, conheci um rapaz italiano que hoje é o meu namorado! Não estava mesmo nada à espera que isto acontecesse, pois as pessoas normalmente associam Erasmus a bebedeiras e festas, mas a verdade é que eu não fui a única! Durante o meu semestre fora, vi imensos casais de diferentes nacionalidades a formarem-se! Americanos com noruegueses, italianos com finlandeses, franceses com espanhóis... Um verdadeiro #internationalove. Percebo porque acontece: são meses de experiências intensas e, como estamos longe de casa, acabamos por formar ligações fortes com outras pessoas com quem partilhamos a experiência. Claro que estas relações têm vantagens e desvantagens – sendo que a grande desvantagem é que, no final, cada um regressa ao seu país de origem. Mas a minha experiência diz-me que, se for um sentimento genuíno e verdadeiro, a distância para ex-estudantes de Erasmus não significa nada! Tornamo-nos profissionais de voos low-cost, mensagens de Whatsapp e horários diferentes. Algumas relações que começaram durante o Erasmus acabaram semanas depois, outras ainda duram até hoje e quem o que espera o futuro!

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Fonte: Unsplash

O que quero concluir com esta reflexão é que as relações pesam sempre quando pensamos em Erasmus. Mas se estão em algum dos cenários que descrevi anteriormente, tentem ter a mente aberta e pensar nas várias perspetivas, de modo a que consigam tomar a melhor decisão para vocês e para quem está convosco!


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