Ir a Viena sem visitar o grandioso Palácio Schönbrunn e os seus fenomenais jardins é quase pecado. Classificado desde os anos 90 como Património da Humanidade pela UNESCO, é um dos principais monumentos histórico-culturais não só da Áustria, mas também de toda a Europa.
Nos jardins de Schönbrunn, com o palácio ao fundo
Representação máxima do poder da Casa de Habsburgo entre os séculos XVII e XIX, esta megalónoma obra projectada por Fischer von Erlach faz-se notar em primeiro lugar pela sua dimensão e pela arquitectura exterior, mas acima de tudo pela valiosíssima decoração interior. Ao longo dos séculos foi sendo aparelhado de forma pomposa, evidenciando essencialmente os estilos barroco e rococó que marcaram a época d’oro da imperatriz Maria Teresa, principal impulsionadora de obras reformistas.
Originalmente pensado em 1687 com o intuito de competir sumptuosamente com o Palácio de Versalhes, em França, não há dúvida que, ainda que o plano inicial não tenha sido posto em prática por ser demasiado ambicioso, Schönbrunn é um dos grandes orgulhos patrimoniais de Viena, tendo sido a residência estiva oficial da família imperial até ao final da monarquia austríaca.
Igualmente relevante é o lindíssimo parque do palácio, desenhado em estilo barroco francês por Jean-Nicolas Jadot e Adrian von Steckhoven, que conta com uma série de monumentos de destaque e ainda com a estrutura anexa de um dos mais antigos jardins zoológicos do mundo.
Como chegar?
Schönbrunn localiza-se no distrito de Hietzing, sendo directamente acessível com a linha metropolitana U4 (verde). Outras alternativas de transporte incluem os eléctricos 10, 52 e 60 e o autocarro 10A.
Aberto ao público
A entrada no parque não tem custo, podendo-se desfrutar do maravilhoso Grand Parterre e subir a colina para obter uma vista incrível sobre o palácio e os jardins. Deixo desde já essas fotografias, apesar de ter comprado o bilhete “Classic Pass”, que confere o acesso a uma data de atracções.
‘Grand Parterre’ de Schönbrunn, e ao fundo a ‘Gloriette’
Vista da colina para o palácio e para a cidade de Viena
Onde terminam os canteiros floridos e começa a colina, encontra-se a bela fonte de Neptuno. Mas é a ‘Gloriette’, que se ergue no ponto panorâmico mais alto do parque, a sua principal atracção, construída como lugar de repouso, reflexão e escrita, dedicado à doutrina da guerra justa. Com o bilhete que mencionei acima, temos direito a subir ao terraço deste monumento, donde o cenário diante dos nossos olhos não cansa nunca.
A imponente ‘Gloriette’
Na galeria da ‘Gloriette’, que outrora servia de salão de pequeno-almoço, almoço e festas, tem-se actualmente um café requintado, muito acolhedor. Apesar dos preços exorbitantes, tanto o espaço lá dentro como a esplanada estão sempre cheios.
O facto de não se pagar entrada no parque é óptimo para quem vive em Viena, pois permite vir passear descomprometidamente (ou fazer exercício físico, já que se veem igualmente imensas pessoas a fazer jogging) para este maravilhoso espaço da cidade, cuja beleza é verdadeiramente assombrosa.
Relíquias de Schönbrunn
Bom, primeiro que tudo convém dizer que, no caso de se querer visitar o palácio, o melhor é comprar o bilhete online, pois as filas na bilheteira são sempre extremamente demoradas.
Nós acabámos por comprar só no local e penso que tenhamos estado no mínimo 1 hora à espera. Tivemos sorte por termos ido no início de Outubro, pois em época alta o tempo de espera pode chegar a 3 e 4 horas, dada a quantidade absurda de turistas.
Outro conselho é ir logo de manhã cedo… À medida que o dia avança, o número de pessoas multiplica-se e torna-se mais difícil gozar toda a envolvente.
Como referi, comprámos o bilhete que inclui tudo o que se pode visitar no complexo Schönbrunn, usufruindo do desconto de estudante, que cifra o preço em 22.5€. Este passe compensa bastante, pois sai mais barato do que comprar bilhetes individuais para o palácio e depois para uma ou duas das outras atracções, garantindo-nos assim o acesso ao máximo possível para passar um óptimo dia.
Entrada do complexo Schönbrunn
Existem duas visitas disponíveis, que variam no número de salas a que se tem acesso: “Imperial Tour” e “Grand Tour”. A segunda, a qual a que tivemos direito, estende-se por 40 quartos, incluindo os principais salões, os aposentos privados do casal imperial Francisco José e Sisi - figuras que representam o palácio, pois foram os seus principais ocupantes – e ainda uma série de salas menores e extraordinários interiores do tempo de Maria Teresa.
O áudio-guia, sem custo adicional, é uma preciosa ajuda para acompanhar as narrativas fascinantes que marcam a decoração das salas e o seu propósito neste palácio secular, cuja visita se inicia na grandiosa Escadaria Azul.
O que dizer sobre o recheio do palácio? Luxuoso, magistral - absolutamente representativo da dinastia Habsburgo, especialmente pelas mãos das imperatrizes princesa Sisi e Maria Teresa.
Como Sisi (de nome Elisabete da Baviera) não há ninguém, tanto que esta imperatriz se tornou um dos símbolos máximos do império austro-húngaro, e de Schönbrunn em particular. Não seu envolvimento político ou social, mas sim pelo culto da beleza que disseminou na corte, com grandes rituais diários, principalmente associados ao cuidado da dossua pele e dos seus longuíssimos cabelos castanhos - a sua imagem de marca. Relata-se que a sua obsessão por manter-se jovem, bela e magra tornou-se tão grande que a princesa se dedicava quase exclusivamente a isso, pondo de parte os seus deveres de membro da nobreza.
Na cultura de massas o que não falta são testemunhos da vida de Sisi, existindo uma quantidade infindável de livros, filmes e séries publicitados desde o seu assassinato em 1886. Adorada e invejada ao mesmo tempo, controversa e irreverente, a Sisi reserva-se o honor de estrela da casa de Habsburgo, muito em destaque neste esplendoroso palácio.
Voltando ao interior que reveste o palácio, para além da mobília riquíssima, os inúmeros quadros - desde retratos da família imperial a cenas do quotidiano, a obras de arte de pintores de renome - e os frescos pintados nos tectos de praticamente todas as salas são dignos de grande admiração.
Não coloco nenhuma fotografia porque não as tenho, dado que é proibido qualquer registo de imagem. Mas de certeza que se encontram algumas online...
Efectivamente, o sítio oficial dispõe de uma "tour" virtual, com imagens e informações detalhadas, que, ainda que não seja o mesmo que ver ao vivo, oferece desde logo uma perfeita ideia da estrondosa beleza dos salões.
Todos são magnificentes, mas destaco do primeiro piso o Salão Amarelo e o Salão Vermelho, o Salão dos Espelhos, o Hall de Cerimónias, a Grande Galeria e a Pequena Galeria, o Salão da princesa Sisi, e o Quarto das Porcelanas.
No piso térreo encontram-se os aposentos privados da família imperial - os quartos Bergl - pintados com belíssimos murais paisagísticos, assim como a capela do palácio, mas a esta secção só se tem acesso por meio de visita de grupo, necessitando de reserva prévia.
Uma vez que é necessário escolher uma hora de entrada no palácio, e essa normalmente só será muito depois de comprar o bilhete (excepto na compra online) por causa da tremenda quantidade de turistas, decidimos aproveitar para explorar primeiro o exterior a que tínhamos direito.
Para além da ‘Gloriette’ que já mencionei, o "Classic Pass" inclui o ingresso nos históricos jardins ‘Privy’ e ‘Orangery’ e nos labirintos clássico e novo. Na minha opinião, são absolutamente merecedores de visita.
Estes jardins podem dizer-se dois: ‘Crown Prince Garden’ e ‘Garden on the cellar’. Situam-se do lado ocidental do palácio, destacando-se respectivamente pelo admirável “parterre a l’anglaise” tripartido e pela “pergola” em forma de ferradura que delimita o jardim, incorporando cinco elaborados pavilhões de ferro (inicialmente eram de treliça), onde as possíveis fotografias, sob pano de fundo de um cenário idílico, são infindáveis.
É difícil explicar por palavras este contexto arquitctónico encantador; mais fácil é de facto admirá-lo ao vivo.
Jardins ‘Privy’, evidenciando o “parterre” e a fonte octagonal, ladeados pela “pergola” - vista da plataforma panorâmica do pavilhão central
Contiguamente aos jardins ‘Privy’ surge um enorme espaço dedicado ao cultivo de laranjeiras e outras plantações citrinas, assim como foi restaurada a vinha ‘Liesenpfennig’, cujo vinho produzido é vendido somente em leilão online, tal é a sua preciosidade.
Para saber mais sobre o que Schönbrunn tem para oferecer, recomendo o sítio oficial, onde se podem ler descrições muito completas e detalhadas sobre as várias atracções, assim como horários, preços e informações afins.
Obviamente, esta visita era uma das mais antecipadas da minha estadia em Viena. A lista de adjectivos para caracterizar Schönbrunn é interminável… Absolutamente imperdível!