Um Café em Lisboa
Uma manhã amena em Lisboa rapidamente se torna numa tarde chuvosa e fresca. A chuva aguenta-se mas passado um bocado obriga a entrada num café local, aleatório, e nunca antes experimentado. O café é tradicionalmente Lisboeta, a decoração do século passado, a televisão da década passada, os donos e os clientes com idade, mas com conversas, sorrisos e gargalhadas de jovem, e tudo isto torna o café agradável e perfeito para o abrigo da chuva.
Os donos são marido e mulher e empregados de balcão. A farda de cada um é a vestimenta de casa: a mulher com o avental, o homem com a camisa de algodão. Ambos limpam e servem os clientes.
Eu pergunto à senhora se a casa serve carioca de limão. A resposta é afirmativa, e eu encontro uma mesa e uma cadeira para me sentar. Tiro o casaco, pouso a camâra fotográfica e observo todo o cenário que tenho à minha volta.
Ao meu lado direito, cortados na fotografia, estão dois senhores sentados, um nos seus setentas, oitentas, e o outro nos seus sessentas, setentas. Ambos riem com o livro do mais novo sobre provérbios chineses que afinal são iguais aos portugueses. Repartem o seu tempo entre gargalhadas e idas à entrada para o mais novo fumar cigarros.
Os outros clientes passam despercebidos, a conversa dos meus vizinhos imediatos é demasiado engraçada e atraente para eu me aperceber do que os outros falam. São famílias.
A minha atenção reparte-se entre os meus vizinhos e os empregados. Entretanto tinha-me apercebido que não tinha dinheiro para pagar. Perguntei pelo multibanco. Não há. Comprometi-me a ir levantar à caixa mais próxima e ofereci-me para deixar a minha máquina como garantia. Prontamente foi descartada essa possibilidade por ser apenas um carioca de limão - o chefe confiou em mim, mesmo que fosse por uns cêntimos.
Relaxei enquanto a chuva batia lá fora. Reparei que tinha um ângulo que podia ser alguma coisa para uma fotografia. Perguntei se podia tirar, à mulher. "Sim". Tirei umas quantas, com uns olhares do chefe. A que ficou foi a dele a servir um homem. Enquanto lhe dava a maionese, parou para ver o futsal, que também o seu cliente via.
Aquele senhor não é milionário, nem é famoso. É dono de um café numa rua não principal. A mulher é a sua colega de trabalho. A sua televisão é da decada passada. Os seus clientes são do século passado. A decoração não está na moda, tal como o café, e não vão lá raparigas da minha idade. Tudo isto fez-me sentir presente, e bem.
Vê o meu artigo sobre Lisboa para saberes mais experiências e lugares como este!
Galeria de fotos
Partilha a tua Experiência Erasmus em Lisboa!
Se conheces Lisboa como nativo, viajante ou como estudante de um programa de mobilidade... opina sobre Lisboa! Avalia as diferentes características e partilha a tua experiência.
Adicionar experiência →
Comentários (0 comentários)