10 Vantagens de fazer Erasmus com um Grupo!

Publicado por flag-pt Ana Carolina Helena — há 4 anos

Blogue: Dolce Milano
Etiquetas: Conselhos Erasmus

No início, tudo o que mais queria era ir de Erasmus para um sítio mais incomum, para onde mais ninguém quisesse ir, de modo a ir totalmente sozinha e a ter de me desenrascar sem confiar no apoio de ninguém. Estava convencida que seria a melhor opção para mim, pois aprenderia melhor a língua e ambientar-me-ia muito melhor aos aspectos culturais mais específicos.

Contudo, depois de fazer alguma pesquisa e eliminar outras opções, cheguei a conclusão que gostaria de vir para Milão fazer Erasmus, que é só um dos destinos de Erasmus com mais vagas para estudantes da minha faculdade. Inicialmente, não gostei muito da ideia, mas agora, passados alguns meses, e aproximando-se a mudança de semestres, chego à conclusão que teve um impacto muito positivo, especialmente nos primeiros tempos em que ainda me estava a ambientar à cidade. Eis, então, algumas das vantagens de fazer Erasmus e ir acompanhado. (Este post virá provavelmente acompanhado de um outro, que se seguirá, e se chamará, possivelmente "10 Desvantagens de fazer Erasmus com um Grupo!". )

10 Vantagens de fazer Erasmus com um Grupo!

Explorando Milão em grupo - Setembro de 2016

1 - Há sempre alguém com quem falar português

Em Milão, esta situação não é tão dramática, já que o italiano não é assim tão diferente do português. Contudo, mesmo que à partida não pareça, a verdade é que é muito cansativo estar constantemente a traduzir o nosso pensamento em português em frases coordenadas numa outra qualquer língua.

No início, houve dias em que tinha de estar constantemente a saltitar entre o português, o inglês e o italiano que já sabia, mantendo sempre alguma agilidade. Ter alguém em casa ao final do dia com quem ter uma conversa banal na nossa língua materna torna-se um pequeno luxo no estrangeiro. É um pequeno conforto a que nem sempre damos a devida importância mas que ajuda a relaxar depois de muito trabalho na universidade e a fazer uma pausa mental.

Estou de momento a viver com outros três estudante portugueses. Ao fim do dia, não são poucas as vezes que nos reunimos todos na sala por um bocadinho, muitas vezes com os nossos computadores à frente, já que não temos tempo a perder, mas em que temos uma conversa divertida e descontraída. Podemos mandar piadas, pois temos domínio total da língua, coisa que me enerva profundamente no italiano, pois não só o sentido de humor é ligeiramente diferente como ainda não tenho nível suficiente para o fazer.

2 - Planear viagens torna-se mais fácil e mais barato

O período de Erasmus é um excelente período para viajar, nunca esquecendo o trabalho académico, claro! Contudo, uma vez no centro da Europa e com aeroportos low-cost baratíssimos, não podia de todo virar costas às magníficas oportunidades de viagem que se apresentam mesmo à nossa frente.

Claro que também é possível viajar sozinho de maneira muito barata, mas para algumas situações dá muito jeito, por exemplo, ter uns - poucos mas bons - companheiros de viagem. Por exemplo, roadtrips. Alugar um carro pode ser muito útil para aceder a sítios mais inóspitos e não tão acessíveis de transportes públicos. Ideal para um volta às zonas de elevado valor natural, que para se manterem assim não permitem grande afluência de ruas e de transportes. No entanto, para que alugar um carro compense é necessário que ele vá na sua capacidade máxima, caso contrário, cada elemento pagará bem mais do que seria possível.

Alugar um espaço para uma tenda num parque de campismo, também tende a ficar mais barato em grupo. Claro que os parques cobram um x por pessoa, mas o valor da tenta pode ser dividido por todos, compensando muita das vezes em relação a um hostel ou a outro qualquer tipo de alojamento local.

Podia estar aqui a inumerar muitos outros aspectos, mas a verdade é que ter colegas nacionais facilita imenso o processo de viajar, contudo, pode por vezes não nos deixar sair da nossa zona de conforto. Há que procurar um equilíbrio!

10 Vantagens de fazer Erasmus com um Grupo!

Viajando em grupo por Nápoles - Setembro de 2016

3 - Há sempre um ombro amigo

Uma vez chegada a Milão, apercebi-me que, por aqui, mesmo estando nós habituados a ouvir que os italianos são um povo muito "dado", extrovertido e acolhedor, a verdade é que os meus colegas não me prepara, um recepção tão entusiasta como eu esperava, tendo por base aquilo que acontece em Portugal com os Erasmus.

Milão é uma cidade do Norte; aqui as relações aparentam ser um pouco mais informais e como existem muitos estímulos, muitos eventos, muita gente, nem sempre é fácil ir alimentando e regando novas e sólidas amizades. No início, isto fez-me ter algumas saudades dos meus bons amigos em Portugal, a quem podia contar quase tudo e que tinham sempre uma palavra amiga e genuína para mim. Claro, que amizades não se formam em três dias, mas é normal sentir falta daquelas amizades em que já nos entendemos quase sem dizer grande coisa.

Nestas alturas dá imenso jeito ter por perto alguém que fala a mesma língua que nós, que nos entenda completamente e àquilo que estamos a sentir e pelo qual estamos a passar, pois nem sempre é fácil expressarmo-nos logo na língua local de forma tão desenvolta.

Quando o meu tio morreu, logo no início do meu Erasmus - cerca de um mês e pouco depois da minha chegada a Milão - foi muita difícil lidar com a notícia a tantos quilómetros de distância e sem poder dar, literalmente, o meu ombro amigo à minha mãe e aos meus avós. Foi bom ter em casa alguém que compreendeu a situação mesmo sem eu ter de explicar grande coisa e que foi paciente comigo.

4 - Há sempre alguém que compreende as nossas especificidades culturais

Sim, só quando vamos para fora é que percebemos que alguns hábitos e costumes culturais são só nossos, neste caso, só portugueses. Por vezes, para nos sentirmos em casa ou porque "batem" as saudades das tradições que são só nossas, é engraçado ter alguns colegas nacionais por perto para fazer uma refeição tradicional - ai, o nosso querido bacalhau! - ou ver um filme em companhia com legendas em português.

É um pequeno conforto que nos faz sentir mais em "casa" quando as saudades do nosos país e daqueles que lá ficaram apertam. Eu já vivia com outras colegas no centro da cidadem num apartamento, bem pertinho da faculdade, antes de vir de Erasmus, mas uma boa fatia das pessoas sempre viveu com os pais e está habituada ao ambiente familiar que as recebe de braços abertos depois de um dia mais complicado de faculdade. Aqui, não há mãe que nos faça o jantar ou que nos safe a arrumação do quarto nos dias atribulados que antecedem os exames, por isso, por vezes sabe bem ter um colega que tenha a delicadeza de nos fazer um miminho do género nos dias em que nem sempre tudo corre tão bem como esperávamos.

5 - Há sempre alguém com quem cozinhar uma refeição tradicional

Lá volto eu à história do Bacalhau! Mas nem só de bacalhau se faz a cozinha tradicional portuguesa: podia falar das maravilhosas sobremesas - o Arroz Doce e o Pastel de Nata - por exemplo, ou de uma bela Dobrada ou Cozido à Portuguesa.

A verdade é que mesmo que não sejamos muito apegados à cozinha nacional, vai haver sempre aquele dia em que nos apetece comer algo que saiba a "casa", num ataque de saudades.

Ter colegas portuguesas é saber que de vez em quando, se a alguma de nós tiver um apetite, há bacalhau congelado no congelador e podemos partilhar um belo momento na cozinha a fazer uma das várias receitas de bacalhau que temos no nosso país.

Também é igualmente bom ter uma equipa pronta a ajudar sempre que queremos oferecer o jantar a algum colega internacional e gostaríamos de fazer um prato característico. Os pratos tradicionais portugueses são, por norma, demorados e complicados de fazer. Pares de mãos extra são sempre bem vindos, de modo a não perder uma tarde inteira na cozinha.

10 Vantagens de fazer Erasmus com um Grupo!

Jantar Português cá em casa - Novembro de 2016

6 - Fazer grupos de trabalho torna-se mais simples

Quando aqui cheguei a Milão, apercebi-me que na maior parte das cadeiras, a avaliação contínua é feita através de trabalhos de grupo. A verdade é que muitas vezes, os italianos juntam-se com outros italianos e nem sempre estão muito abertos a ter estudantes internacionais nos seus grupos.

A vantagem da universidade onde estou a estudar, o Politecnico di Milano, é que há uma grande fatia de estudantes internacionais - cerca de 25 % -, bem mais do que numa qualquer outra faculdade. É fácil encontrar outros estudantes internacionais com quem fazer grupos, no entanto, no início nem sempre é fácil perceber se as pessoas são trabalhadoras e vão contribuir para o trabalho geral ou não. Muitos têm medo que isto lhes aconteça e acabam por formar grupos, só de italianos ou, pelo contrário, só de estudantes internacionais.

Eu costumo advogar uma posição intermédia. É claramente bom trabalhar com pessoas de outras nacionalidades, de modo a conhecer modos de trabalhar diferentes e posições quanto às diferentes temáticas do dia-a-dia distintas das nossas. No entanto, para garantir que não ficamos totalmente sozinhos na hora de entregar um trabalho que deveria ser feito por cinco ou seis, é bom ter um outro colega, que conheçamos bem e que sabemos que nunca nos vai deixar sozinhos em momentos de apuro.

De momento, estou a trabalhar com pessoas de todos os continentes nos vários trabalhos de grupo que tenho este semestre, mas na maior parte deles também tenho uma outra colega portuguesa. É um conforto muito grande, pois já a conheço bem e sei que à partida o trabalho não vai descambar.

7 - É mais fácil partilhar casa

Encontrar casa em Milão é um verdadeiro filme! Para além das casas serem caríssimas e nem sempre as condições condizerem com o valor da renda, a verdade é que é praticamente impossível para alguém com um orçamento português ter um quarto individual.

Eu estou de momento a partilhar o quarto com uma outra colega portuguesa. Partilhar quarto não é propriamente fácil para quem sempre teve, durante 20 anos, o seu prórpio quarto. É preciso coordenar horários, respeitar as rotinas do outro para manter uma sã convivência e para que o espaço do quarto continue a ser entendido como um espaço de refúgio e privacidade.

O tempo para encontrar casa nem sempre é muito e não se propicia a fazer uma série de entrevistas a possíveis roomates. Viver com um estranho é um tiro no escuro, partilhar quarto com um é ainda uma decisão mais cega. Ter um colega que vai para o mesmo destino que nós, é saber que há sempre um plano B, que caso não encontremos mais ninguém, temos sempre alguém com quem dividir os custos de um quarto que de outra maneira sairia caríssimo.

8 - É possível manter um ambiente mais "familiar"

É importante que, mesmo num novo enquadramento, nos sintamos em casa. Para bons resultados escolares e para uma vida calma e feliz, é fundamental ter um bo ambiente em casa. Claro que é possível recriá-lo com as pessoas certas, mas quantas não são as histórias que já não ouvi ao longo de alguns anos de vida académica de convivências péssimas entre colegas de casa.

É preciso ter bastante sorte para encontrar pessoas com quem façamos o "clique" imediatamente e que estejam interessadas em trabalhar para criar harmonia em casa, numa sociedade cada vez mais individualista. A miragem de viver numa casa intenacional, em que cada pessoa vem de um país diferente, é realmente muito apetecível mas a verdade é que é um caso num milhão.

Viver com pessoas da mesma nacional evita dramas diários pelas mais pequenas coisas e facilita muito o quotidiano. Á partida horas das refeições e de ir dormir hão de ser semelhantes, a forma como dispensamos o nosso tempo livre, entre outros detalhes que não parecem à prtida muito importantes mas que depois, uma vez as pessoas chateadas, fazem toda a diferença.

10 Vantagens de fazer Erasmus com um Grupo!

Juntos nos transportes - Setembro de 2016

9 - Só se trata de burocracia uma vez (e pode ser rotativo)

Esta é uma que poupa tempo, se bem que não é preciso exactamente partilhar casa para funcionar. Basta que hajam colegas da mesma faculdade a fazer Erasmus na mesma cidade e com quem nos demos bem.

Vir de Erasmus significa ter de preencher uma série de papelada e estar muito atento aos prazos para não deixar escapar nada e ter de tratar de grandes "argoladas". São documentos a tratar com a faculdade de origem, com a de acolhimento, por vezes com o estado em que estudamos - veja-se o meu caso quando tive de fazer um código fiscal italiano mal cheguei a Milão.

Como muita das vezes esta burocracia é toda igual e repetitiva, não vale a pena cada um fazê-la individualmente e estar a perder imenso tempo que poderia ser aproveitado a fruir da cidade. É excelente ir rodando: hoje preenche um uma declaração e passa aos restantes que só têm de modificar os seus dados pessoais pois o restante é similar; amanhã outro manda um email à faculdade de origem para fazer uma questão que é comum a todos e partilha a resposta mal esta chegue.

Claro que é fundamental que sejam pessoas responsáveis e com quem possamos contar para ficarmos descansados sabendo que as coisas ficam tão bem tratadas como se tivessemos sido nós a tratar.

10 - Há sempre um porto de abrigo

Sejamos realistas: o período de Erasmus não é só um mar de maravilhas. Vão existir dias melhores e dias piores. Dias em que só nos apetece voltar para casa e outros em que nos apeteceria prolongar a estadia por tempo indeterminado.

Ter alguém que possa acompanhar-nos nesse percurso e ser um ombro amigo é muito bom, contando que depois há alguma reciprocidade. Acima de tudo, saber que há alguém a passar pelo mesmo que nós e que não estamos sozinhos nas dificuldades diárias e nas "pedras no caminho".


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