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Experiência Erasmus em Barcelona, UPF, Parte 1


Provavelmente esta vai ser a opinião mais controversa sobre o Programa Erasmus e tudo o que este envolve que vão ler. Não quero de todo com isto deixar de incentivar alguém a realizar uma mobilidade académica, mas sinto-me na obrigação de partilhar uma experiência como a minha com todos, para que tomei precauções que eu não pude tomar porque nunca esperei passar por algo assim. 

Burocracias

O meu grande problema inicial - mas que acabou por afetar toda a minha experiência Erasmus - foram as burocracias. Todos os alunos Erasmus têm de preencher um documento chamado Learning Agreement, que é um documento onde fazem as equivalências entre as unidades curriculares que iriam ter na vossa faculdade com as unidades curriculares que vão ter durante o vosso período de mobilidade. Nisto, há muitas variantes: muitas faculdades são até bastante flexíveis com as escolhas das cadeiras, como pude constatar ao falar com colegas do meu país, de outras faculdades, e até de outros países. Em muitos casos, podem simplesmente escolher aquilo que vos agrada mais e está feito. Sem mais nenhum problema. Mas em alguns casos - como o meu e o de muitas outras pessoas que conheço - não basta isso. Têm de escolher cadeiras que vos dêem equivalência a áreas e temáticas que iam abordar no semestre que estão a "perder" na vossa faculdade de origem. Exemplo: Se iam ter uma cadeira de Matemática, terão, na vossa universidade de destino, de fazer uma cadeira de Matemática também. No meu caso, os conteúdos não tinham de equivaler; apenas as temáticas, e acreditem que já era bastante difícil.

O curso que estou a tirar chama-se "Relações Públicas e Comunicação Empresarial" e apesar de na minha opinião ser um curso super completo, acontece que não é um curso "popular" e que muitas vezes esta área da Comunicação Empresarial é misturada com a de Publicidade, Marketing e outras tantas na área da Comunicação. Ora, isto tanto pode ser bom (mais áreas, mais conhecimento, mais valências) como mau (mais áreas, menos se sabe em cada uma). Acontece que - em Portugal e no resto da Europa - os cursos de Relações Públicas são raros. E isso pode ser um problema muito mas muito grande para um aluno Erasmus, que precisa de equivaler cadeiras só de RP (vamos chamar-lhe assim daqui em diante) em cursos que têm mais Publicidade do que qualquer outra área e, consequentemente, muito mais cadeiras de Publicidade do que propriamente de RP. 

Créditos

Como se não bastasse estar limitada na escolha de cadeiras devido ao facto de haverem muito poucas na área de RP, não ajudou a questão dos créditos. A minha faculdade de destino funciona por trimestres (blocos de 3 meses) em vez de semestres (4/5 meses), o que significa que em vez de ter 30 ECTS (créditos do sistema educativo do Ensino Superior) por semestre, na Universitat Pompeu Fabra eles têm 20 ECTS por trimestre, que dão os mesmos 60 no final de um ano. A questão é que eu me propus a Erasmus apenas durante 1 semestre (até porque na minha faculdade aconselham a fazer o último semestre da licenciatura em Portugal) e não ao ano inteiro. Assim, eu precisava de fazer em 3 meses o mesmo número de créditos que faço habitualmente em 4 ou 5 meses na minha faculdade em Portugal - 30 ECTS. 

Isto parecia-me fazível, porque eram apenas mais 10 ECTS (2 cadeiras, mais coisa menos coisa) do que os alunos da Pompeu Fabra fazem normalmente. Com 20 ECTS por trimestre, eles fazem aproximadamente 4 ou 5 cadeiras em 3 meses. Eu teria de fazer 6 para completar os créditos de que precisava. Mais uma vez pensei "fazível" (ingénua).

Depois de ter o Learning Agreement fechado e embora tudo me parecesse preparado, não estava. Quando cheguei a Setembro e os horários foram disponibilizados pela faculdade, percebi que tinha imensas cadeiras sobrepostas (porque tinha cadeiras de vários anos diferentes: 1º, 2º, 3º e 4º - sim, os cursos em Espanha têm a duração de 4 anos) e que tinha de trocar turnos e unidades curriculares, conjugando não só os créditos, áreas científicas e a língua em que as cadeiras eram lecionadas, como ainda o horário.

Isto não pareceu suficiente a sabe-se lá quem e portanto, foi adicionada uma dificuldade extra: sendo que na Pompeu Fabra só tinham de realizar 20 ECTS por trimestre, as cadeiras também não valiam o mesmo que na minha faculdade (média de 5 ECTS por cadeira) mas menos (4 ECTS por cadeira) e isso pode não parecer dramático em primeira instância, mas tornou-se quando eu precisava de 5 ECTS para fechar as equivalências às cadeiras e, para completar 5 ECTS, tinha de fazer 2 cadeiras na UPF (8 créditos) para poder "tapar" essa falha de 1 crédito. 

Alterações e mais alterações

Cheguei a Setembro e, para além de um horário com montes de cadeiras sobrepostas, praticamente tudo o que tinha no Learning Agreement tinha ido por água abaixo. Para além da questão dos créditos, ainda houveram outras: alterações por parte da faculdade, cadeiras sem vaga para mim, etc. A início, algumas cadeiras valiam 5 créditos, tinham um determinado nome, etc. Em Setembro, havia cadeiras que afinal já não existiam, outras que existiam com outro nome e outro número de créditos (que conveniente, sendo que precisava de cadeiras a valer 5 ou mais!) e cadeiras que simplesmente não tinham mais vagas para me acolher. Veio tudo ajudar à festa. 

Lição que podem retirar daqui: não achem que o Learning Agreement é estático. Nunca é. Por culpa vossa ou da faculdade, vão ter de o alterar mil vezes até não o poderem alterar mais. Tenham um plano A, B, C e D para cadeiras que podem substituir outras. 

Língua

Como se já não fossem suficientes os problemas que até agora vos descrevi, aparece um milésimo: língua. Eu sei que a língua é um desafio pelo qual todos os alunos Erasmus têm de passar e sim, faz parte de toda a experiência. Porém e a meu ver, um aluno Erasmus não pode ser obrigado a ter aulas numa língua que não conhece de todo. Eu reconheço que um aluno Erasmus que venha para Portugal não pode ter aulas em português se não souber falar a língua porque 1 - é uma língua difícil e 2 - ele não vai aprender absolutamente nada numa língua que desconhece. E parte do programa Erasmus é aprender. A única dificuldade que um aluno deve enfrentar relativamente à língua deve ser no seu dia-a-dia: nas idas ao supermercado, na rua ao pedir indicações, ao falar com locals, etc. Não pode nunca ter de enfrentar a dificuldade que é ter aulas numa língua que não sabe falar. E eu logo à partida tive de escolher algumas cadeiras em catalão. Sim, não era espanhol, era catalão mesmo. 

Ao todo e para o meu curso em especial e na área de RP em específico, a faculdade só dispunha de 2 cadeiras lecionadas em inglês e 4 em espanhol, sendo que - ah, a vida é bela quando se trata de obstáculos! - algumas delas estavam sobrepostas entre si. 

Número de cadeiras e horário

E é aqui que a bola de neve que foi todo o processo burocrático condensa: o número de cadeiras a que tive de me inscrever, para cobrir todas as falhas (falta de créditos, sobreposições, cadeiras da área que precisava, etc). Resumindo:

  1. A faculdade lecionava em modelo trimestral;
  2. As cadeiras em RP eram em muito menor número, quando eu precisava era dessas;
  3. As cadeiras da UPF valiam 4 ECTS enquanto eu precisava de 5;
  4. As cadeiras que satisfaziam os 2 critérios anteriores sobrepunham-se no horário;
  5. Havia opções reduzidas em línguas que eu percebesse e que conjugassem as 3 opções anteriores;

A minha vida enquanto aluna Erasmus, estava, portanto perfeita... Ou não. De todo. 

Com todas estas dificuldades, acabei por ficar com um total de 8 cadeiras (quando os alunos da UPF faziam, em 3 meses, 4/5) sendo que destas, 5 eram em catalão (a única língua que, das 3 disponíveis, eu não percebia). Tive 3 cadeiras que se sobrepunham por exemplo em 1h, mas consegui agilizar de modo a estar em todas. Além disto, 8 cadeiras significou um total de 32 horas de aulas semanais, quando na minha faculdade, se estivesse lá, faria 18h... 

Não me parece possível que um horário que tem de encaixar 32h de aulas possa ser bom, e como tal o meu também não era. Às segundas-feiras, por exemplo, entrava às 8h30 e saía às 21h30 da noite, com um furo de 3h à tarde. Só havia um dia em que tinha hora de almoço contemplada no meu horário, nos outros almoçava às 15h30 ou 16h ou não almoçava de todo. 

Bola de Neve

E foi aqui que o meu Erasmus se tornou numa grande bola de neve de negatividade e obstáculos. A minha vida era casa-faculdade e toda aquela parte que normalmente o Erasmus contempla acabou por ficar de lado. Não tinha muito tempo livre para andar a passear e a conhecer a cidade onde escolhi viver por 4 meses. Também não tive muito tempo para sair à noite, e se tinha, não tinha energias para tal. Apesar da proximidade de Espanha com Portugal, as minhas aulas e tempo livre (plus a questão de não ter assim tanto dinheiro para andar sempre em voos) não me permitiram ir a casa em nenhuma altura.

Os primeiros tempos foram passando e eram sustentáveis, mas a partir de uma certa altura comecei a ter todos os trabalhos ao mesmo tempo e tornou-se insustentável. Pensei em desistir mil e uma vezes, mas àquela altura desistir significava não acabar as cadeiras ali e também já não conseguir fazê-las em Portugal, visto que já ia numa altura avançada. Além de que já tinha feito todo um investimento em voos e alojamento, para além de todas as questões burocráticas que tinha ultrapassado de início.


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