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Aventura em Sofia

Publicado por flag-pt Catarina Serrano — há 6 anos

0 Etiquetas: flag-bg Experiências Erasmus Sófia, Sófia, Bulgária


Depois de 7 horas sofridas de comboio até Bucareste, onde fiquei umas 5 horas à espera do próximo comboio, decidi almoçar daquelas espécies de pizzas e pães com sabor à venda nas pastelarias de vitrine da estação, fiz a conversão para euros e concluí que o meu almoço ficou a menos de um euro, isto é das coisas que eu adoro na Roménia.

Aventura em Sofia

No comboio para a Bulgária adormeci e quando o comboio parou na fronteira a Carolina tentou acordar-me, pois estava um polícia a pedir os documentos de identificação de toda a gente, o problema é que eu estava mesmo cansada e não acordei à primeira, então o polícia teve o descabimento de me dar pontapés no pé para me acordar. Eu não acho isto normal, tratou-me como se eu fosse uma leprosa ou um cão vadio e eu nem um cão vadio trataria assim, há pessoas mesmo mal educadas, este país tem várias.

Quando o comboio fez a primeira paragem numa estação bulgara, de modo a fazer transição para um novo comboio com destino a Sofia, dei de caras com aquela escrita estranha por todo o lado 

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(http://bulgarosnobrasil.org/wp-content/uploads/2013/08/Azbuka.jpg)

e não havia tradução para a escrita a que estou habituada, claro que podia ter sido inteligente e ter ido ao tradutor pesquisar como se escrevia Sofia em bulgaro, mas eu quis socializar com a comunidade do país, por isso fui ao posto de informações, onde supostamente deve estar alguém que saiba falar inglês. Perguntei à senhora qual era a linha do comboio para Sofia e ela fez uma espécie de grunhidos enquanto gesticulava com as mãos que poderia ser a linha 1, a 2, a 3 ou a 4, muito obrigada, fiquei bastante esclarecida, nem me constatou o óbvio, por sorte um rapaz viu o que estava a acontecer e disse-me qual era a linha.

Já estava no comboio há pelo menos uma hora, faltavam 5 horas para chegar a Sofia e comecei a ouvir gritos quando o comboio parou numa estação, pensei que iria entrar uma multidão sem fim, no entanto eram só 10 pessoas, tinham acabado de sair de um jogo de futebol, porque estavam a gritar "Sofia", tinham cachecóis e um andava em tronco nu, bastante óbvio portanto. Um deles veio sentar-se na minha cabine e perguntou qualquer coisa, disse-lhe que não falava bulgaro, ele vai chamar os outros e de repente entram todos para dentro da cabine em que me encontrava, só um deles é que sabia falar inglês.

Digamos que aquele grupo de pessoas era diferente de qualquer outro que já tivesse conhecido, fiquei fascinada e incrédula com aquilo que eles partilharam. Eram um grupo de "bons" nazis, sim, eu sei, como é que bom e nazi se podem conjugar? Tive a mesma reação quando o ouvi da boca deles. Segundo o que aprendi na escola, nazismo é uma forma de fascismo que incorpora o racismo e o antissemitismo, mas para eles significava que não gostavam de pessoas com etnias diferentes da deles, nem de estrangeiros que fossem trabalhar para o seu país e se fosse um estrangeiro de etnia diferente a ocupar um cargo de trabalho na Bulgária, então espancávam-no, fora isso eram boas pessoas. É claro que não concordei com nada do que disseram e tentei questioná-los o máximo que podia de modo a conseguir compreendê-los.

Disse-lhes que os síros e afeganistãos que iam para o seu país estavam apenas a tentar sobreviver à guerra, que as pessoas africanas, asiáticas, ciganas,... Não escolheram nascer com tal etnia, não é isso que define o seu caráter, os homossexuais também não o escolheram ser e a sua vida sexual apenas a eles lhes diz respeito.

Quanto aos refugiados, disseram-me que eles deviam ficar no país deles, onde era o seu lugar e justificaram o seu ódio às diferentes etnias e à homossexualidade dizendo que assim como eles nasceram assim, sem poder escolher ser de tal forma, com eles aconteceu o mesmo, já nasceram a odiar.

Cheguei a sentir medo enquanto bebia a vodka que me ofereceram, no momento em que me começaram a mostrar as tatuagens, uma dizia "born to hate", outras eram o símbolo nazi e caveiras, foi tão surreal , até as t-shirts deles diziam "Loko, Sex, Alcohol", era o seu lema de vida, segundo eles. Só pensava em como poderia defender-me caso algum me tentasse atacar e devem ter visto isso na minha cara, porque tentaram logo tranquilizar-me ao dizerem que não me fariam mal a mim e à Carolina por sermos raparigas bonitas e caucasianas, há tantas coisas erradas nisso, mas não me vou pronunciar, se não iria acabar a escrever um livro acerca disso.

Segundo eles, se tivessemos um outro tipo de cor, eles não nos teriam abordado e havia um deles que não suportava mesmo estar na presença de pessoas de diferentes etnias, era um que transportava uma corrente à volta do pescoço, achei aquilo muito estranho e perguntei o propósito da corrente. O último nome dele significava corrente, por isso costumava andar com uma ao pescoço, achei fascinante a diversidade de pessoas que se podem conhecer se sairmos pelo mundo.

Ensinaram-me uma frase em bulgaro "cur za slavia" significa "pénis para os inimigos" e é basicamente a única coisa que sei dizer em bulgaro, nem tudo é mau, se fizer inimigos bulgaros posso sempre dizer-lhes a frase, também me explicaram como funcionam os relacionamentos na Bulgária. O rapaz vive para a namorada, ela é tudo para ele, até essa parte eu estava a gostar bastante da forma de pensar deles, até que o extremismo voltou, ou seja, se a namorada o traísse, ele espancava-a e matava aquele com quem ela o traiu, não tive hipótese de perguntar o que aconteceria se o contrário sucedesse, visto que eles não me deram hipótese para isso. Mais ainda, se fossem ex-namorados, aqueleque queria namorar com ela, teria que ir pedir a mão dela ao ex-namorado e se ele não concordasse, não poderiam namorar, mais uma vez não tive hipótese de perguntar acerca do contrário, contudo achei bastante medieval o pensamento dele, não sei se tal se aplica a toda a Bulgária ou se apenas àquele grupo, só sei que eles eram pessoas surreais.

Aventura em Sofia

Foto bastante desfocada com eles, culpem a vodka que me ofereceram.

Apesar do comportamento extremista deles, foram bastante simpáticos comigo e com a Carolina, um deles deu-me o número de telefone e disse para eu lhe mandar mensagem quando chegasse ao hostel, para ele saber que tinhámos chegado sãs e salvas e se alguém nos incomodasse, para lhe ligarmos que ele vinha e trazia mais 30 com ele.

Outro deixou-me uma mensagem escrita em bulgaro no meu caderno, vou deixar aqui a foto, na esperança que alguém me consiga dizer o que significa.

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