Jornadas Milanesas #9.Abril
Terceiro dia na Emilia-Romagna. Depois de um dia mais calminho por Cesena no dia anterior, passado entre amigos, decidimos enfrentar um dia mais agitado e bastante turístico. A nossa ideia era visitar Rimini de manhã e à tarde apanhar o autocarro e mudar de país! Ahaha, sim, visitar San Marino.
Levantámo-nos relativamente cedo para apanhar o comboio. Os comboios funcionambastante bemnesta região. Para Rimini, era directo e apesar de ser Domingo tínhamos opções quase de meia em meia hora. O bilhete em classe turística custa 3,05€ e são cerca de 20 minutos.
Já tinha tido a oportunidade de visitar Rimini Outubro passado também de passagem por Cesena e apesar de o temo ainda estar muito agradável, já não estava tem pode praia. Deste vez, organizamos as coisas de maneira a fazer uma volta pela cidade antiga e depois ir até à praia. Chegámos por volta das 10h da manhã. Como era Domingo, fomos logo consultar os horários dos autocarros para San Marino, de modo a melhor organizar o nosso dia.
Rimini estava solarenga e já cheia de turistas. Começámos por visitar o Templo Malatestiano, um obra-prima de Alberti. É uma igreja estranha que arece não saber se é um templo se é uma igreja. Primeiro parece que a Igreja foi construída sobre um templo, mas aparentemente não: a igreja foi mesmo desenhada assim, ou não fosse Alberti um dos maiores teóricos do Renascimento italiano.
Seguimos o nosso caminho até à praça principal - a Piazza Cavour - onde avistámos o belo e antigo Palazzo Comunale, todo feito de tijolo. Entrámos pois estava a contecer uma exposição de cerâmica com entrada gratuita e queríamos saber se sepor acaso o posto de turismo estava aberto. O senhor na recepção foi muito simpático e explicou-nos que aos Domingos o tradicional posto não estava aberto.
Piazza Cavour em modo solarengo - Abril de 2017
Tivemos de continuar o nosso percurso sem mapa, baseando-nos apenas nas indicações de rua e nos conselhos que o nosso colega nos tinha dado no dia anterior. A nossa paragem seguinte foi a Ponte di Tiberio. Esta é uma ponte romana, extremamente bem conservada, que marca a passagem entre a cidade nova e a cidade velha. Rimini é uma cidade importante de implantação romana, da qual ainda são visíveis muitos vestígios. Caso do local onde passámos logo de seguida, o Arco de Augusto, já rumo à praia.
A fabulosa concentração de papagaios na praia em Rimini - Abril de 2017
Pelo caminho, encontrámos um centro de interpretação histórico muito interessante. Tal como no posto de turismo tinham um mapa gratuito para os turistas, mas o resto da sala estava dedicada a explicar a história do local de modo muito interactivo. Um grande quadro touchscreen permitia tocar nos pontos de interesse da cidade, descobrir a sua história e guardá-la - enviando-a para o email - de modo a poder ler mais tarde. Também haviam alguns objectos encontrados do período romano que ilustravam a informação escrita nos painéis informativos. Um dos melhores centros interpretativos que já vi, já para não dizer que a senhora responsável falava imensas línguas e era muito prestável.
Rimini começou por ser um cidade importante nas rotas comerciais marítimas no espaço do Mediterrâneo. Depois teve igualmente um período áureo em que, tal como Cesena, foi governada por Malatestas, que apostavam bastante no desenvolvimento e na cultura.
Feita a vista geral da cidade era tempo de ir à praia apanhar um pouco de Sol. Esta entusiamadíssima. Praia em Abril? Fui preparada: levava comigo o meu fato de balho, uma toalha e uma muda de roupa. A praia ainda não tinha muita gente e não foi reciso lutar or espaço. Nos ares, imensos papagaios de papel das mais variadas cores e tamanhos (diz que todos os anos por esta altura se faz esta concentração). É maravilhoso de observar (tive um papagaio quando era pequena mas nunca cheguei a ser capaz de o pôr a voar).
Para quem nem rio tem em Milão, ir à praia foi um momento de puro prazer de depois destes meses todos. Iniciámos com calma o regresso ao centro da cidade, onde teríamos de apanhar o autocarro para Rimini. Como não encontrámos mais nada aberto pelo caminho, - só mesmo lojas de gelado - acabámos por ir ao Burger King comer qualquer coisa antes de partirmos pois estávamos com medo que os preços em San Marino fossem muito altos (o que não se verificou).
Apanhámos o autocarro (os bilhetes ao Domingo são comprados directaente ao condutor) por volta das 14h da tarde. Só ida custou 5€ e demorámos cerca de 1h. A viagem é feita não directamente, pois o autocarro para além de turistas leva pessoas que vivem em San Marino (ao contrário do que eu pensava o país não é apenas a cidade histórica no topo do penasco).
Vista do casario - Abril de 2017
O país é muito pequeno (só não é tão pequeno como o Mónaco porque agregou uma ou outra terra agrícola ao redor). Sempre me questionei como é que com toda a agitação que sucedeu até à Unificação Italiana, nunca foram atacados ou agregados ao país. Aparentemente porque a criação do país tem origem divina (associada a San Marino que supostamente aqui criou uma comunidade). Desde a Unificação Italiana foi feito um pacto de não agressão entre os dois países e a vida é pacata por aqueles lados.
San Marino é um povoado medieval todo fortificado (segundo o que me disseram as pedras tiveram que voltar a ser postas no lugar depois dos bombardeamentos da 2ª Guerra Mundial). Em nada parece um país, mas não deixa de ter o seu encanto. Confesso que esperava agi um pouco diferente. A vista é mais bonita do autocarro para o penhasco do que uma vez lá de cima cá para baixo.
Para quem gosta de seguir trilhos, este pode ser um dia muito bem passado. Á chegada estão disponíveis mapas da cidade onde os vários caminhos possíveis vêm assinalados e estão indicadas as distâncias entre os vários pontos de interesse.
Estradas de San Marino - Abril de 2017
Dentro da cidade, tudo é relativamente perto. O único problema é que o terreno é mesmo bastante íngreme e com algum calro traz dificuldade acrescida à caminhada. Como era Domingo, ainda havia uma quantidade significativa de turistas e vê-se que o comércio está muito virado para os souvenirs. Também me apercebi que alguns italianos, das cidadelas ali à volta, vão na verdade às compras a San Marino por os impostos serem mais baixos (e consequentemente os preços também).
Em San Marino, ainda existem alguns museus e o único sítio que não tem entrada paga é a terceira e a mais pequena torre de defesa na muralha. A vista é muito bonita mas para quem quer ver armas e saber um pouco mais sobre esta construção tem mesmo de pagara para entrar num dos espaços museológicos (uma entrada simples custa 4,5€ e um bilhete combinado custa 9€).
Vista de uma das torres - Abril de 2017
Foi um passeio bastante engraçado, mas decidimos voltar relativamente cedo pois tinhamos um convite para ir jantar a uma localidade perto de Cesena. À vinda, não se sabe bem porquê o autocarro demorou cerca do dobro do tempo. Já chegámos a Cesena com o Sol a esconder-se. O plano era ir jantar Bruschettas (um prato típico italiano, que costuma ser considerado primo piato) a um sítio chamado Bertinoro. Fomos de carro e quando chegámos já era noite. Esta pequena povoação é conhecida como Il Balcone sulla Romagna e relamente do alto é possível ver praticamente todas as grandes vilas e cidades da região. Ao fundo, o mar, calmo e tranquilo. (De dia deve ser igualmente lindíssimo).
Entrámos para jantar e pedimos as nossas bruschettas. Podíamos escolher entre 40, 70 ou 120cm de bruschetta. A medo decidi-me pela opção do meio, depois de pedir alguns conselhos aos repetentes. Pude pedir três sabores (tinha imensas opções vegetarianas e vegan assim como outros sítios nestas cidades - o que me surpreendeu). O jantar foi muito divertido, entre italiano, português e algum inglês sempre que necessário. Foi um dos momentos mais divertidos em Erasmus até agora. Já somos alguns portugueses a fazer Erasmus em Itália e alguns italianos a fazê-lo em Portugal, portanto, é sempre divertido partilhar experiências.
No final do jantar, descobrimos que o dono do restaurante também sabia falar português porque teve uma namorada brasileira e passou lá uma temporada a trabalhar durante os Jogos Olímpicos. Ofereceu-nos um licor, que bebemos alegremente até ao fim.
Antes de voltarmos a casa, decidimos subir à muralha e apreciar o panorama lá de cima. A noite estava extremamente agradável portanto não foi um problema caminhar. Quanto mais alto subia mais bonita era a paisagem. Lembrei-me dos mues tempos de adolescente e também dos Verões passados na terra dos meus avós paternos na aldeia.
Caminhámos até ao torreão e estivemos lá em cima ainda um bom bocado a admirar as vistas e a falar uns com os outros. Eu fiquei toda contente porque pude finalmente praticar o meu italiano com quem só fala mesmo italiano, o que me obrigou a esforçar para contornar situações em que não sabia lagumas palavras ou expressões.
A viagem de regresso a Cesena foi feita alegremente, a ouvir música nos carros e depois ainda fizemos mais uma caminhada dentro do centro histórico da cidade para deixar toda a gente à porta de casa. O fim-de-semana acabou muito bem. Aprendi que vale sem dúvida a pena conhecer outras realidades dentro do país que não a das grandes cidades. Senti-me muito bem, em casa e concretizada. Desafio todos aqueles que estejam a fazer ou a pensar fazer Erasmus em Itália a lançarem-se assim num fim-de-semana menos planeado, deixando que a beleza do país os surpreenda!
Galeria de fotos
Queres ter o teu próprio blogue Erasmus?
Se estás a viver uma experiência no estrangeiro, és um viajante ávido ou queres dar a conhecer a cidade onde vives... cria o teu próprio blogue e partilha as tuas aventuras!
Quero criar o meu próprio blogue Erasmus! →
Comentários (0 comentários)