Jornadas Milanesas #7.Abril.2016
Nem acredito que já estamos em Abril! O segundo semestre já iniciou há algumas semanas e de momento continuo muito satisfeita com a experiência. Este semestre estou a ter apenas 3 cadeiras; e apesar de a carga horária continuar elevadíssima, o facto de não ter aulas à Segunda-feira e à Sexta-feira à tarde ajuda a conseguir conciliar o Politécnico com as aulas de italiano para estrangeiros – que estou finalmente a fazer este semestre – e as minhas tão amadas viagens.
Estes mês, recomecei as viagens em Itália, depois da minha incursão pelo Sul de Itália em Maro. Estou de momento num comboio regional, a caminho de Cesena, no meio da Emilia Romagna, região que já tinha tido a oportunidade de visitar logo no início do ano lectivo mas onde tenho muitas pequenas cidades para ver.
Foi uma viagem um tanto ou quanto marcada em cima do joelho e que me vai fazer faltar ao Fuorisalone em Milão, mas que com certeza será muito divertida. Este fim-de-semana prolongado tem como destino Parma, Cesena, Rimini, San Marino, Ravenna e Bologna. Bem sei que é muita coisa para quatro dias, mas o meu objectivo é voltar a disfrutar da região e conhecer sítios que não quero perder a possibilidade de visitar enquanto estou em Milão.
A viagem começou hoje, por volta da hora de almoço. A minha ideia era apanhar o comboio das 12h15 que parte da estação Centrale com destino a Parma, para aproveitar a tarde de Sexta-feira à tarde nesta cidade tão rica e única, recheada de pequenas relíquias arquitectónicas. O plano era sair a meio da aula de Economia que nos ocupa todas as manhãs de Sexta-feira. Contudo, ao contrário dos outros dias, o professor fez intervalo já muito tarde. Tive de correr para apanhar o comboio, mas apesar de tudo consegui chegar a tempo. Saímos de Milão a horas e chegámos à nossa primeira paragem por volta das 14h da tarde. A viagem foi agradável e o tempo passou a correr. O tempo já está muito agradável para esta altura do ano, o que ajuda sempre.
Logo à saída da estação, deparámo-nos com uma bonita e pequenina – mas amorosa – cidade, cheia de vida e das cores vívidas que tanto associamos às cidades italianas. O nosso percurso iniciou pela Piazzale della Pace. Esta praça é conhecida pelos inúmeros edifícios de interesse que a entornam: nomeadamente o Teatro Farnese, a Galleria Nazionale e a Biblioteca Palatina tudo parte do complexo do Palazzo della Pilotta.
É uma praça extremamente envolvente – que se vê ter sido desenhada por um arquitecto Mário Botta -, muito utilizada pela população local, que almoçava e apanhava Sol estendida na relva. Eu e a minha colega, esfomeadas, decidimos procurar qualquer coisa para comer, já que já eram quase duas da tarde e não tínhamos comido nada de jeito.
A Emilia-Romagna é uma região muito tradicional e dona de uma gastronomia fabulosa que merece ser experimentada. O petisco mais conhecido é a piadina, um género de tortilha de trigo fininha que depois é recheada das mais variadas formas. A tradicional, segundo sei, é recheada com prosciutto cotto, rúcula e granapadano. Vem para a mesa ou para as vossas mãos ainda quentinha e com o queijo a derreter. Como da primeira vez já tinha experimentado da primeira vez que tinha estado em Bologna, já tinha tido oportunidade de provar, optámos por um sítio que nos pareceu tradicional e que vendia pizza à fatia. A massa era óptima e optámos por fazer como os locais.
Terminado o almoço, decidimos começar a visita. Ainda perdemos algum tempo a admirar o porticado exterior do palácio já que andamos a ter uma cadeira de Restauro e a estudar este tipo de estruturas. Na bilheteira disseram-nos que o bilhete para os estudantes de Arquitectura são gratuitos, o que foi excelente – poupámos cerca de 5€.
A entrada na Galleria Nazionale faz-se de maneira cénica, através do Teatro Farnese. Este espaço tirou-me a respiração. Mandado construir no século XVII, pelo Duca di Prama é uma estrutura única no mundo em madeira que impressiona pelo detalhe. Foi construída à pressa para receber o Médici contemporâneo, que nunca chegou a visitar a cidade. O espaço passou a ser utilizado para eventos de importância política e artística na cidade. Na 2ª Guerra Mundial, um incêndio provocado pelas bombas que caíram na praça danificou algumas peças em madeira. Nos anos 50, decidiu-se que os pedaços que tinham sido aproveitados deviam ser restituídos ao local, mas sem restituir as pinturas que foram “comidas” pelo fogo.
A famosa estrutura de madeira (No interior parece mesmo muito bonito e arrebatador) - Abril de 2017
O percurso continua com peças, quadros e esculturas que contam a história da família Farnese e da cidade. É possível observar várias peças de pintores conhecidos da região como Parmigiano e Corregiano. O museu tem a dimensão certa, está bem organizado e a visita é dinâmica, não se tornando aborrecida. Na cávea é possível observar algumas relíquias que ficaram guardadas neste espaço ao longo do tempo.
De seguida, sempre com o mesmo bilhete, visitámos a Galleria Nazionale, que tem uma colecção de Arte dos vários períodos, começando com uma sala com algumas relíquias egípcias, incluindo algumas múmias. Outras salas têm em mostra vestígios romanos encontrados em vilas limítrofes à cidade e objectos do período Medieval e à idade Moderna.
Uma escultura de Canova no interior da Galleria (Excelente museologia) - Abril de 2017
Estava tudo bastante bem documentado, é um museu bastante completo para a cidade em que se insere e que merece 30/40 minutos para uma visita completa. Todo o pessoal era particularmente simpático (guardaram-nos as malas de campismo numa sala específica enquanto fizemos toda esta volta.)
Praça principal com o Centro de Informações - Abril de 2017
A nossa visita à cidade continuou, de forma mais informal. Deambulámos um pouco pela cidade em direcção ao Posto de Turismo (em todas as cidades da Emilia-Romagna, mesmo as mais pequenas, existe um pequeno posto de informação para os turistas, onde é possível fazer perguntas e recolher um mapa gratuitamente). Lá encontrámos uma senhora bastante simpática que não só nos deu o mapa como nos indicou os sítios que estavam fechados, de modo a que não perdemos muito tempo a organizar os sítios a ver no tempo que ainda nos sobrava.
Um quiosque de Parma - Abril de 2017
O Duomo e o Batistério também mereceram uma visita. O Duomo é um edifício particular pois tem algumas características que não são muito comuns, nomeadamente: entre as naves e o altar existe uma grande escadaria que cria uma grande diferença de alturas. No exterior, existem dois grandes e possantes leões que marcam a entrada principal. O Batistério, por seu lado, apesar de ser muito semelhante do ponto de vista formal a outros que já vi em Itália, surpreendeu-me pela sua modernidade na linearidade da decoração. O Duomo é gratuito, enquanto que para visitar o Batistério é preciso fazer um bilhete de 3€ - eu como estava limitada de tempo, não o fiz, mas diz que o trabalho do tecto merece o dinheiro dado.
Os famosos leões esculpidos à entrada do Duomo de Parma - Abril de 2017
Acabámos a tarde a escolher um souvenir para o colega que nos ia dar casa e jantar durante o fim-de-semana em Cesena. Como não encontrámos nenhum produto tipicamente de Parma (apesar de a Barilla, marca de massas, ser originalmente desta cidade), escolhemos um Lambrusco de Modena, que nos pareceu uma opção segura e sempre agradável num jantar entre estudantes.
Apanhámos o comboio das 18h e pouco, o que já não nos permitiu ver o Palazzo Reale e os que dizem ser os seus magníficos jardins. Fica para a próxima! Apanhámos um comboio directo para Cesena, de modo a aparecer para a hora do jantar. (Esta linha que vai de Milão a Bologna-Rimini, é muito antiga e tem imenso uso e torna as viagens muito convenientes).
Cesena estava como me lembrava dela, depois da minha visita no 1ºSemestre. O nosso colega está a fazer Erasmus também em Arquitectura nesta cidade e, como antes do Natal nos tinha vindo visitar a Milão, decidimos retribuir até porque estávamos com muita curiosidade em visitar alguns locais nos dias seguintes que estão a poucos minutos e a poucos euros de comboio.
Uma rua de Parma - Abril de 2017
Quando chegámos, a casa já estava cheia de vários estudantes, que conversavam animados. Foi bom reencontrar colegas que fizera Erasmus na nossa faculdade e conhecer novas pessoas num ambiente tão informal mas ao mesmo tempo tão confortável, como é raro em Milão.
O jantar foi massa e alguma outra comida típica de aperitivo. Estivemos em amena cavaqueira entre português, inglês e italiano - o que desafiou a minha fadiga acumulada do dia mas que ao mesmo temo me fez ficar tão feliz por ter essa oportunidade. A ideia era depois de jantar seguir para a festa de encerramento da discoteca local – o Verdi, que segundo os relatos do nosso colega valeria totalmente a pena.
O Verdi é um espaço em Cesena, um antigo teatro – na verdade Teatro Verdi, que hoje funciona como discoteca, mantendo a disposição interna dos espaços internos. O espaço não gorou de todo as minhas expectativas e na verdade foi a minha noite mais divertida até agora em Erasmus. É um ambiente muito mais caseiro, mas muito mais animado. “Abanámos o capacete” até quase às 5h da manhã. (Antes de sairmos para a discoteca ainda passámos pelos dormitórios, onde a festa também era muito grande. Entra-se muito mais tarde na discoteca e vê-se muito mais pessoas na rua do que em Milão. É uma ambiente muito mais vivo e animado, que não deixa de ser saudável). O ingresso custou 12€ com duas bebidas.
Acabei a noite extremamente cansada. Quando chegámos a casa, cheios de fome e sono, ainda comemos o resto da massa que tinha sobrado do jantar e pouco depois deixámo-nos cair na cama, exauridos de tanto bailar.
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