Il sogno brasiliano

Publicado por flag-br Amanda Longatti — há 6 anos

Blogue: Mundo descoberto
Etiquetas: flag-it Blogue Erasmus Parma, Parma, Itália

Ciao a tutti, mi chiamo Amanda e questo è il mio canale.

Há dois dias eu publiquei meu primeiro texto falando rapidamente de São Paulo, cidade cuja vivi nos últimos quatro anos e cultivei tanto amor. No fim do texto disse que nos próximos viria a falar sobre lugares e coisas a serem feitas na terrinha da garoa, mas como a vida é feita de imprevistos e surpresas, resolvi falar um pouquinho da minha percepção de onde estou hoje, já que ontem completei 1 mês em terras de ''Mangia che fa benne''.

Desde pequena sempre dizia aos meus pais e a qualquer pessoa, que um dos meus maiores sonhos era não fincar raizes e alcançar o mundo. Tenho cultivado este sonho dia após dia, através de viagens por terras desconhecidas na frente da tela de um computador e conversas com amigos que já haviam viajado, o que só alimentou a sementinha que existe dentro de mim.

Pra mim, sempre foi muito incrível o que diziam sobre a Europa: é cultura viva, é estado de bem estar social, são pessoas bem educadas, igualdade, etc etc. Felizmente ou infelizmente, muito do que me diziam eu nunca acreditei 100% e até questionei. Sou feminista de berço, criada por uma mulher, graduanda num curso de luta pelas mulheres (e por muitas coisinhas mais hehe), como uma sociedade que advém de uma porção de homem que colonizou e miscigenou meu país através do estupro há apenas 500 anos poderia estar tão evoluída?

Admito que um dos fatores que mais me preocupava antes de vir, era pensar todo o machismo/patriarcado que eu estava sujeita a enfrentar pela minha condição de mulher, estrangeira e brasileira. E sim, eu estava certa. Aqui as relações não se dão pelo machismo escancarado, ele é sutil e te pega pelas bordas. Eu não preciso me preocupar em andar na rua sozinha às 2h da manhã, mas o cara é incapaz de compreender o porque de eu não querer me tornar mãe (amores, to fazendo uma análise comparatória entre homens de mesma condição social que vivo no Brasil X Itália. E no Brasil meus amigos conseguem entender, hehe), entre outras manifestações.

Eu vivo em uma cidade turistica, capital Gastronomica, majoritariamente de direita, população que um dia apoiou Mussolini (segundo fontes locais, não dei um google nisso), cidade que tem uma grande população de refugiados e imigrantes, que em sua grande maioria são marginalizados, havendo até mesmo resportagens em jornais que discriminam a habitação deles aqui. O que eu quero dizer com isso é: vivo numa cidade rascista. 

Ademais, aqui também não há boa aceitação da homossexualidade. Está informação me foi dada através de um casal homossexual que habita a cidade. Ou seja, uma sociedade homofobica.

Eu sabia que eu estaria sujeita a todos estes enfrentamentos, estou inserida num contexto muito diferente do que estava inserida dentro da Escola de Artes Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), mas admito que tem sido dura a readaptação, tem sido duro sair da minha bolha que era a EACH. Mas, continuamos firmes, tendo cada dia mais certeza que meu coração foi pintado de verde e amarelo (ou talvez vermelho e amarelo) e o sangue que corre em minhas veias é fruto de um país tropical (ou talvez de terras contaminadas). 

O que trago com este texto são minhas percepções, minhas vivências, minhas guerras diárias e o que eu gostaria de mostrar é que nem tudo são flores. E que talvez meu sonho brasileiro de viver em terras europeias, nem seja mais tão grande assim.

Ps: os trocadilhos feitos foram baseados nas cores da bandeira EACHiana e sua terra contaminada. (acredito que a formação do meu ser vem muito mais da minha construção dentro dela, do que da cultura brasileira, que afinal, não se difere tanto da europeia).


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