Tuk Tuk Life

Para quem caminha pelas ruas de Lisboa, é fácil ver que estão inundadas de um veículo portador de pessoas, com apenas um lugar à frente, e que não é descapotável, mas não possui portas: é o Tuk Tuk que vos falo.

Este pequeno veículo percorre os sítios mais icónicos de Lisboa, contornando as suas sete colinas e fazendo tours a milhares de turistas. Os preços não são baratos (um tour pode custar mais de 80€), mas se souberes negociar consegues baixar até à volta dos 60€, e o que poupas a andar é bastante. Na zona histórica da cidade é onde se encontram mais, para além de em Belém. 

Enquanto caminhava pelo Terreiro do Paço, apreciando um incrível dia, e tentando captar a beleza do céu e do horizonte, deparei-me com um senhor, encostado ao seu Tuk Tuk, de óculo-de-sol postos, a relaxar tanto como eu. Ao olhar fiquei com vontade de lhe tirar uma fotografia, porque um cenário está magnífico, mas receei que não fosse bem recebido, e tentei tirar uma sem que ele notasse que o estava a fazer.

Tirei, mas não fiquei satisfeito, e em vez de me ir embora, ou de lhe pedir para tirar uma fotografia, fiquei num limbo de indecisão estático no mesmo sítio, não fazendo nada, senão fingindo que estava a ver como a anterior fotografia tinha ficado, e olhando para o senhor enquanto pensava o quão boa seria uma fotografia de retrato com aquele cenário por trás.

Ele, reparou na minha situação, e disse: "Podes tirar fotografia! Eu deixo!" com um ar de quem percebeu o que eu queria, e a minha vergonha em fazê-lo. Tirei a fotografia e depois conversei um pouco para saber a sua história. Primeiro interroguei-o sobre o Tuk Tuk e a sua profissão. Contou-me que se chamava Empely, era Guineense, mas era de Sintra, trabalhava por conta própria, o Tuk Tuk é seu, e em tempos tinha sido gestor de um hotel, mas a pressão elevada tinha-o feito decidir mudar de vida. Com o Tuk Tuk ele é senhor de si próprio, e não tem de prestar declarações a ninguém.

O seu sorriso confirmava as suas afirmações, e perguntei-lhe se me aconselhava a seguir o mesmo rumo. Explicou-me que agora era época baixa, e que não valia a pena, mas que no Verão devia experimentar, e deu-me o seu número para se quisesse fazer algo no próximo ano. Agradeci, falámos mais um pouco sobre a decoração do Tuk Tuk e de como tinha sido ele próprio a faze-la e despedimo-nos. 

Ao ir-me embora, fiquei com uma boa sensação no meu coração. Conhecer pessoas simpáticas é sempre bom, e pessoas inspiradoras também. Reconheci mais uma pessoa que vê, e fiquei contente.

Vê mais experiências como esta no meu artigo completo sobre Lisboa!

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