10 Sítios a visitar nas proximidades de Lisboa - Parte 1
Lisboa é uma bela cidade e qualquer estudante que chegue para aqui fazer Erasmus terá muito que ver e que admirar nos primeiros meses, sem sair muito do centro da cidade - que tem sido muito bem preservado e que merece ser observado com calma, tantas são as pérolas a cada esquina.
No entanto, uma vez ambientados e talvez com "fome de mais", existe muita coisa que merece visita nas imediações de Lisboa e que não exige nem grande programação nem muito dinheiro. São visitas que normalmente se fazem num dia, com transporte directo (ou quase) do centro de Lisboa e que são a escapadela ideal num fim-de-semana de relaxamento longe do buliço citadino.
Tenho o prazer de ter crescido perto de alguns destes locais, já que os meus pais sempre viveram nos subúrbios da cidade, a cerca de 30 quilómetros. Portanto, muitos deles já visitei várias vezes e conheço como a palma da minha mão. São sítios não tão turísticos mas que sem dúvida defendem a cultura, tradição e a beleza da paisagem portuguesa. Há muito para aprender nestes vilarejos e nada como algumas incursões para fazer uma prova daquilo que é a vida portuguesa fora da grande cidade. Atenção: alguns sítios são totalmente de cortar a respiração, atenção aos mais sensíveis e a quem sofre do coração.
1 - Palácio Nacional de Mafra, Mafra
Este local fala-me muito ao coração! Não só porque é o grande ex-libris do concelho em que cresci, como também foi um dos meus primeiros locais de trabalho (tive a fabulosa oportunidade de ser guia-vigilante durante umas férias de Verão no início do curso de Arquitectura).
O concelho de Mafra é um concelho já com as suas proporções, que tem sentido um notório crescimento nos últimos anos. Há Natureza bem perto de Lisboa! O Palácio Nacional de Mafra é o maior exemplo da Arquitectura Barroca no país, devaneio do rei D. João V, que desesperado por dar descendência ao trono, prometeu que caso a sua esposa engravidásse construiria naquele local um grande palácio. Faz lembrar o grande modelo de todos os grandes palácios barrocos europeus deste período: o Palácio de Versailles, em Versalhes, Paris, mandado construir pelo magnânimo Rei-Sol.
É um complexo gigantesco, de extremo interesse, para quem procura saber um pouco mais sobre a história do país e também sobre a transição da Monarquia para a República. Foi aqui que D. Manuel II, o último rei português passou a última noite antes de se exilar na ilha de Santa Helena, apanhando um barco juntamente com a sua mãe no pequeno porto da Ericeira, que fica a breves quilómetros.
Grande parte do Palácio é visitável, sendo possível ainda ver o mobiliário de época tanto na Ala do Rei como da Rainha. A zona conventual está fechada e abre muito exporadicamente a visitas pois está sobre a alçada do exército.
É de aproveitar também as encenações teatrais que decorrem no Palácio ("O Memorial do Convento", um dos livros portugueses mais conhecidos por ter "dado" o Nobel a José Saramago é aqui frequentemente encenado. )
É uma visita que dura cerca de 2h, se feita com calma e de modo a apreciar cada pedacinho. Uma vez por dia é possível fazer uma visita guiada com uma das funcionárias do Palácio, mediante um pagamento singelo além do bilhete de entrada. Para além do Palácio, é ainda possível visitar a grande Basílica (gratuitamente), detentora do maior conjunto de órgãos português (6) e dos famosos carrilhões (sinos de grande porte que se fazem ouvir quando soados! ).
Outro ponto alto, que fica no fim do percurso pago, é a Biblioteca. Frequentemente mencionada em revistas da especialidade com uma das mais belas da Europa, é detentora de um espólio gigantesco, só possível devido às doações da casa real aos monges. No piso superior da Biblioteca, existe uma estante com os livros proibidos, onde eram guardados os livros proibidos pela Igreja Católica, segundo o Index - documento que informava sobre os livros proibidos.
Mafra é um local que tem tendência para ser ventoso, por isso é recomendável que se leve um casaquinho leve, mesmo no pino do Verão. Na proximidades existem outros locais de interesse, como por exemplo, as praias da Ericeira, a Tapada Nacional de Mafra e o Museu José Franco, na aldeia do Sobreiro, a poucos quilometros dali, que permitem arranjar programa para um dia inteiro ou até um fim-de-semana.
Quando visitar: Todos os dias menos à Terça-feira, das 09. 30h às 17. 30h. A última entrada faz-se uma hora antes.
Quanto custa: 6€ (mas mediadante a apresentação do Cartão de Estudante ou do Cartão Jovem o desconto é de 50%). No primeiro Domingo de cada mês, a entrada é gratuita.
2 - Praia do Ribeiro do Cavalo, Sesimbra
Sesimbra fica do outro lado do Tejo, em tempos vila de pescadores; hoje refúgio suburbano de quem trabalha na capital mas não prescinde da calma e da paz do mar e do verde. A costa portuguesa é extensissíma e temos um sem número de praias que, a meu ver, merceriam referência. No entanto, esta é uma praia de particular beleza, meio-escondida e de difícil acesso.
Dizem que foi assim batizada devido a uma grande rocha no local que se assemelha à cabeça de um equídio. O acesso tem de ser feito a pé a partir de um ponto estratégico, de modo que não são aconselhadas grandes cargas. O caminho pode não ser acessível a pessoas com mobilidade reduzida.
As águas cristalinas de um azul vibrante e as areias selvagens compensam toda a caminhada e vão convencer qualquer viajante. Recomenda-se um dia - basta levar uma merenda, já que no local não existe nenhum establecimento nas proximidades - para aproveitar toda a beleza do local, relaxar e, se de Verão, apanhar uns belos banhos de sol.
A praia não é vigiada, por isso, há que ter cuidado com incursões no mar, mas fora isso nada tira a beleza e o encanto deste local, que segundo a minha experiência deixa qualquer um de boca aberta. Em caso de ajuda sobre como chegar, nada como perguntar aos locais da povoação de Sesimbra, serão bastante simpáticos!
Quando visitar: Durante todo o ano, mas especialmente num dia de calor estival, para poder aproveitar a água e bronzear um pedacinho!
Quanto custa: Absolutamente nada, é um espaço público gratuito!
3 - Palácio da Pena, Sintra
Tudo em Sintra, na verdade, é digno de referência. É um dos destinos mais comuns nas imediações de Lisboa, não só devido ao seu encanto - a vila mais parece um cenário de um conto de fadas - como pela sua ligação directa ao centro de Lisboa, via comboio, que não dura mais que 45 minutos / 1 hora.
A vila de Sintra foi imortalizada por vários artistas e escritores, que por aqui passaram e se encantaram por este vilarejo mágico, cheio de belas casinhas detalhadas e coloridas nas encostas. Um dia é o ideal para visitar este lugarejo que tem imensos pontos de interesse, não só arquitectónicos como naturais.
O Palácio da Pena situa-se bem no alto da Serra de Sintra e exige alguma subida, que é de todo compensada pela vista magnífica que é possível ter lá de cima. Foi mandado contruir no séc. XIX pelo princípe Fernando, marido da rainha D. Maria II. Pertence ao movimento romântico e, sendo o princípe alemão, encontra muitas parecenças noutros exemplares semelhantes germâmicos, como é o caso por exemplo do Castelo de Neuchswanstein, na Baviera. (Parecem ambos dignos de serem cenário de um filme da Disney).
É possível visitar o seu interior e observar o magnífico trabalho que foi ali foi feito. Existem várias salas de inspiração exótica, representativas de outras culturas, na altura extrangantes na Europa, que são de uma riqueza e beleza incomparáveis.
Este é, anualmente, um dos espaços mais visitados do país e é extremamente turístico, por isso, convém ir cedo e com bilhete comprado para evitar grandes filas e confusões e poder usufruir de um passeio tranquilo e relaxante. O período do Verão é o mais concorrido. É de aproveitar um bom dia de Outono ou Primavera, sem névoa na Serra, para poder fazer a caminhada de modo tranquilo e usufruir da melhor maneira da caminhada.
Ainda na vila de Sintra, não esquecer o Castelo do Mouros, a Quinta da Regaleira, o Palácio de Monserrate e o Convento dos Capuchos. Para adocicar a boca, nada como uma tradicional Queijada de Sintra na Piriquita.
Quando visitar: O Palácio está aberto todos os dias das 10h às 18h, fechando apenas para a 25 de Dezembro e a 1 de Janeiro. Esperar por um dia de céu limpo!
Quanto custa: O bilhete para o Palácio + Parque custa 13,90€ (para adultos entre os 18 e os 64 anos). Menores e Sénior com 65 ou mais anos pagam 12 euro. Os menores dos 6 anos, entram de graça. É um bilhete "puxado" mas este é um daqueles locais que vale a pena visitar uma vez na vida!
4 - Cais de Cacilhas, Cacilhas
O outro lado do Tejo é muitas vezes esquecido e subvalorizado. Apesar de a zona histórica da cidade se concentrar na margem Norte do Tejo, a margem Sul tem muito para oferecer. Pelo menos umas horas de descanso, boas praias e esplanadas com vistas sublimes são garantidas.
Cacilhas é a povoação de pescadores, onde grande parte dos barcos que ainda hoje fazem a travessia de um lado ao outro do Tejo param, transportando diariamente milhares de pessoas para as escolas e para os locais de trabalho.
Algo que muita gente se esquece é que não é preciso um barco próprio e que apanhando o transporte público, a viagem pode ser igualmente agradável. Os barcos fazem um percurso lindíssimo em cerca de 15/20 minutos que permite ter uma panorâmica sobre toda a frente ribeirinha, avistando-se, por exemplo, a Torre de Belém e o Mosteiro dos Jerónimos de um ponto priviegiado.
Do outro lado, nada como experimentar uma das esplanadas que ficam mesmo à beira-mar, naquele que era o antigo porto. A comida aí servida é fantástica, destacando particularmente os pratos de peixe e os preços não são descomunalmente altos. A frequência dos barcos é bastante grande durante o dia, especialmente durante os dias de semana, por isso, será sempre fácil voltar a Lisboa sem grande dificuldade e em pouco tempo.
Os barcos têm uma sala interior para quando o tempo está mais agreste, mas da proa pode aproveitar-se o percurso ao ar-livre num dia solarengo, mas sempre com um chapéu e um casaquinho leve, que aconchegue dos salpicos e do vento por vezes um pouco agreste!
Quando visitar: Dias de bom tempo!
Quanto custa: Partindo de Belém, basta comprar um bilhete nas máquinas da Gare Marítima, que custa cerca 1,20€. Ida e volta fica a menos de 2,50€! A companhia dos barcos chama-se Transtejo e é possível consultar mais informações sobre preços e horários no seu site.
5 - Palácio Nacional de Queluz, Queluz
Este é outro lugar que merece referência e que tive finalmente a possibilidade de visitar o Verão passado com a família antes de vir de Erasmus para Milão. É o local indicado para uma tarde de fim de Verão, já que para além do Palácio Neo-Clássico / Rococó, existem uns enormes jardins que merecem tempo e disponibilidade.
Foto tirada por mim - Agosto de 2016
Este foi o último grande Palácio a ser construído pela monarquia portuguesa. Sempre foi um Palácio de férias nas imediações da cidade de Lisboa e acolhia com frequência membros da casa real durante os seus anos de velhice ou loucura.
Remodelado recentemente, enverga as suas cores doce e pastéis originais - o azul e o amarelo - e o interior é visitável mediante o pagamento de um bilhete. Foi mandado construir por D. Pedro III, em meados do século XVIII tendo a sua construção sido estendida por muitos e muitos anos, praticamente até ao início do século XX.
Para além de admirar os vários quartos destinados à vida de corte altamente apreciada, os visitantes têm o prazer de admirar os objectos pessoais e o mobiliário original que decorava estes espaços.
O Palácio é muito vistoso mas os Jardins foram o pedacinho que mais me chamou à atenção aquando da minha visita. Têm um esquema e um desenho bastante complexos, uma mistura entre o jardim à francesa muito apreciado, cheio de estátuas e fontezinhas refrescantes e o bosque, onde facilmente se imaginam umas quantas cenas do filme "Marie Antoinette", mas ao estilo inglês.
No Verão, é possível assitir a concertos de música clássica durante o serão, mas para quem visita diurnamente existe um pequeno café com uma esplanada com vista para o jardim que por momentos nos faz sentir pequenos princípes e princesas, admirando os nossos domínios. Recomendo!
Quando visitar: O Palácio está aberto diariamente entre as 10h e as 18h, fazendo-se a última entrada uma hora antes. Fecha apenas no dia 25 de Dezembro e no dia 1 de Janeiro.
Quanto custa: 8, 5€ para o Palácio + Jardim (para adultos entre os 18 e os 64 anos). Menores de idade e séniores podem usufruir de descontos. Não encontrei online, mas quando visitei aproveitei uma promoção, pois a certas horas do dia menos concorridas, o bilhete torna-se mais barato.
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