10 Desvantagens de estudar em Lisboa!

Publicado por flag-pt Ana Carolina Helena — há 4 anos

Blogue: Senhora Lisboa
Etiquetas: flag-pt Blogue Erasmus Lisboa, Lisboa, Portugal

Na sequência dos posts semelhantes que fiz para Milão e do "10 Vantagens de estudar em Lisboa! ", aqui ficam também "10 Desvantagens de estudar em Lisboa! ".

De modo geral, julgo que Lisboa é um boa cidade onde estudar, no entanto, algumas situações poderiam ser melhoradas que toda a comunidade académica agradeceria! Deixo aqui então as minhas reflexões sobre alguns pontos em que a capital portuguesas ainda podia melhor de modo a que a experiência de estudar na capital fosse ainda mais fantástica.

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Para os estudantes que pensam fazer Erasmus em Lisboa, julgo que esta é também uma maneira de se acautelarem e tomarem uma decisão bem esclarecida, pois alguns pontos podem ser suportáveis para uns e extremamente inconsebíveis para outros, dependendo do ambiente cultural de onde se provém e hábitos pessoais. Estas são algumas coisas que gostava que me tivessem dito antes de me mudar para Lisboa e com as quais me fui confrontando com o tempo. Aqui vai!

Nota: Algumas considerações são um tanto ou quanto particulares e também grande parte das vezes tomo como exemplo a Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa, onde estudei durante 3 anos e que é o caso que posso relatar na primeiara pessoa. Na grande maioria das vezes, os exemplos dados podem ser generalizados às restantes faculdades públicas da capital mas no caso de serem situações muito específicas, terei a atenção de o fazer notar ao longo do artigo!

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1 - Os transportes fazem greve e nem sempre são pontuais

Não se pode dizer que Lisboa não tem uma boa rede de transportes, no entanto, esta poderia ser melhorada em alguns pontos. A companhia pública dos transportes - a Carris - tem feito nos últimos tempos (2016/2017) inúmeras greves para exigir melhores salários e condições de trabalho. Quando saí de Lisboa em Setembro, estas greves tinham-se tornado já bastante frequentes, o que era uma chatisse, pois imensa gente ficava impossibilitada de chegar à faculdade ou ao trabalho.

Para os estudantes que procuram casa esta pode ser uma informação importante pois é de ponderar o que é que compensa mais: pagar um pouco mais e ficar mais próximo da faculdade - a uma distância que in extremis se possa fazer a pé - ou um pouco mais longe e ficar sem grandes opções em dia de greve?

A parte positiva, no meio dito tudo, é que as greves são sempre parciais, isto é, não ocupam todo o dia e não afectam todos os meios de transporte: se o metro estier em greve, os autocarros estarão em circulação e vice-versa.

Outra questão importante, é que os transportes nem sempre são muito pontuais. Em praticamente todas as estações da cidade, é possível consultar os horários ou até online, no site da Carris. Contudo, a forma mais eficaz de saber a que horas vem realmente o transporte, é através de uma aplicação muito útil chamada Move-me, disponível para download no Android Market e na Apple Store.

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Atenção: não se trata de um país do terceiro mundo, é na mesma possível circular na cidade utilizando os transportes públicos - durante dois anos nunca tive carro em Lisboa e estive a estagiar no lado oposto da cidade em qual vivia. Pode ser uma questão sensível para quem está habituado a sistemas muito eficazes e pontuais, mas deve dar para o gasto!

2 - As pessoas nem sempre são pontuais

Esta é uma característica que até a mim, como Portuguesa, me irrita muito! Apesar de não sermos um caso tão crítico como outros povos do Sul, a verdade é que a maioria dos portugueses não revela uma preocupação excessiva quanto à pontualidade e acredita que 10 a 15 minutos de atraso é ainda considerado "na hora".

É comum em meio académico os professores fazerem-se esperar um pouco, tanto que nunca se abandona a sala a não ser que o atraso exceda a meia-hora. Este é um aspecto cultural; há quem diga que fruto do nosso caractér mais relaxado, mas que é fundamental ter em consideração.

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Julgo que afecta um pouco a nossa produtividade enquanto povo, mas está tão enraizado que será difícil inverter a situação num futuro próximo. Como disse, e volto a referir, não é uma situação dramática mas vale a pena contar com uns minutos extra entre marcações diárias de modo a controlar atrasos em cadeia ao longo do dia.

3 - Algumas áreas da cidade ainda são pouco servidas de transportes

Apesar da cidade ter uma rede relativamente democrática de transportes, algumas áreas da capital lisboeta são ainda um pouco inacessíveis de transportes ou estes têm pouca frequência. O caso complica-se na zona dos bairros históricos situados nas colinas onde as ruas são geralmente muito estreitas e inclinadas e onde é difícil fazer passar os meios de transporte mais banais que circulam normalmente no resto da cidade.

Refiro-me, por exemplo, à colina do Castelo e ao bairro de Alfama, ou na colina oposta, a zona da Ajuda. Estes são espaços onde o metro - o meio de transporte mais eficaz para circular em Lisboa - ainda não chegou ou é impossível implementar devido a restrições de espaço. Estes bairros estão dependentes de mini-autocarros e do eléctrico que tentam colmatar esta falha, mas que em horas de maior tráfico ficam presos no trânsito ao contrário do metro.

Algumas área também deixam de ter transportes relativamente cedo, dificultando o regresso a casa depois de um jantar mais prolongado, de uma saída à noite ou até de aulas em pós-laboral. É fundamental consultar o site da Carris e falar com o proprietário acerca deste assunto antes de escolher o alojamento de modo a garantir que as deslocações para a Faculdade podem ser feitas com facilidade todas as manhãs em tempo útil e que caso haja algum percalço, existem planos B!

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4 - Apesar de capital, Lisboa ainda é um tanto periférica

Lisboa é uma cidade cheia de energia, apesar de pequenina quando comparada com outros colossos europeus. É dinâmica e geralmente aceitadora de minorias. Apesar da nossa localização periférica já não se revelar na mentalidade, especialmente, da nova geração, é difícil contornar a posição geográfica que Lisboa ocupa no panorama europeu.

Se por um lado é um excelente refúgio para quem procura um cantinho à beira mar plantado para uma esperiência diferente de Erasmus, não se encontra tão bem posicionado estrategicamente para viajar como por exemplo Milão, que ocupa esta posição central e conta com três aeroportos na sua área urbana.

Não me interpretem mal, existe muito que ver em Portugal e nas suas ilhas e até é fácil dar uns saltinhos a Espanha e ao Norte de África, mas Lisboa não é definitivamente o destino ideal para quem quer viajar toda a Europa enquanto está de Erasmus, simplesmente porque tem um carácter diferente.

A Ryanair já opera no país e entre Lisboa e Porto temos alguns comboios rápidos, mas não na quantidade e na qualidade de outras capitais europeias. Ir a Espanha de comboio ainda é uma verdadeira saga, visto que em Portugal não temos uma rede de comboios rápidos. No entanto, é ideal para quem tem pouco dinheiro e gosta de "mergulhar" um pouco mais na cultura do país visitando cidades mais pequenas e regiões não tão conhecidas por preços bem em conta e com igual interesse.

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5 - O relevo da cidade desafia condições físicas mais débeis

Lisboa é uma cidade colinar! A única zona plana é a zona da Baixa, destruída pelo terramoto de 1755, mas é uma excepção. Fazer troços da cidade a pé é maravilhoso devido ao ambiente bairrista mas é puxado do ponto de vista físico. É importante lembrar que os percursos sinuosos são muitas vezes feitos por ruas estreitas e escadarias vertiginosas que apesar de muito bonitas e características desafiam quem está um pouco menos em forma.

Para quem não gosta muito de andar, esta pode não ser a cidade ideal. Este facto faz também com que Lisboa ainda tenha muito tráfego automóvel, apesar de algumas medidas terem sido tomadas nos últimos anos de modo a evitar a circulação de carros nos eixos históricos e mais movimentados da cidade.

Muitas pessoas são obrigadas a usar a viatura pessoal devido à inexistência de outras alternativas para os seus percursos diários. Só agora também e começa a ver uma rede consistente de ciclovias na cidade, apesar de Lisboa não ser por tradição uma cidade de bicicletas, devido, mais uma vez, ao seu terreno acidentado.

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6 - A maior parte das aulas é teórica e dada de modo tradicional

O ensino universitário português é conhecido por ser um ensino de boa qualidade e bastante reconhecido no exterior. É, no entanto, de avisar que segue uma vertente ainda bastante tradicional, situando-se numa posição um pouco distinta do ensino um pouco mais prático de outros países, como julgo por exemplo dos países do Norte da Europa.

Acredito que é necessária uma forte componente teórica para que os profissionais formados sejam capazes de abranger bastante conhecimento dentro da sua área do saber embora note que nos dias que correm é igualmente fundamental garantir que os alunos saem para o mercado de trabalho com fortes ferramentas práticas de modo a poderem pôr "as mãos na massa" imediatamente.

Na minha área então - Arquitectura - seria bom que a Faculdade de Lisboa incorporásse novas cadeiras ou revisse os programas de modo a suprimir esta lacunas. Não que não haja componente prática nas cadeiras, mas ainda muito pode ser feito quando comparando com outros sistemas de ensino que já provaram as vantagens dessa componente.

Na maior parte das faculdades lisboetas - consoante a área de estudo - as aulas dividem-se em teóricas e práticas, havendo ainda o híbrido das teórico-práticas. As aulas teóricas são as que existem em maior número e consistem em exposição para uma grande audiência, geralmente todos os alunos do ano.

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7 - A cidade torna-se caótica à hora de ponta

Como já expliquei, os portugueses não são propriamente pontuais e o sistema de transportes públicos podia ser melhorado. Estas duas características combinadas às 8h00 da manhã resultam em filas intermináveis de trânsito nos acessos à capital.

É de evitar marcar encontros em que é preciso muita pontualidade entre as 8h00-9h30 e as 17h-18h30 durante os dias de semana, a não ser que se tenha cerca de meia-hora para sair com antecipação! São frequentes os engarrafamentos e até alguns acidentes.

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Este é um ponto fundamentalmente importante para os estudantes que pensam chegar todos os dias à faculdade através de meios de transporte público terrestres. Um conselho: antes de fazer a decisão final sobre que tipo de acomodação escolher, o melhor mesmo é fazer os percursos entre as possíveis casas e a faculdade de transportes durante a hora de ponta de modo a perceber qual é a opção mais viável e vantajosa.

8 - Não falar português pode significar preços mais altos

Não falar português é uma situação contornável em Lisboa, já que, como mencionei anteriormente, a maior parte das pessoas fala inglês. Mesmo assim falar português pode compensar na hora de regater preços e não ser enganado!

Os portugueses são um povo de comerciantes, sempre pontos a fechar o melhor negócio. Geralmente e porque têm a ideia que todos os países "ganham" melhor, tendem a aumentar o preço ligeiramente "quando vêem que é estrangeiro" para lucrar um pouco mais. Isto não é feito com maldade, é cultural.

Aconselho a tentarem falar português na altura de arrendar um quarto ou regatear o preço nas feiras de modo a conseguir preços ligeiramente mais amigáveis, pois dará a impressão que não estão completamente alheios à língua e à realidade do país.

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Por experiência, tendo a notar que grande parte dos estudantes Erasmus em Lisboa paga mais por acomodação que os estudantes lisboetas. Contornar esta situação pode ser fácil: basta pedir a alguém simpático que possa ajudar a estabelecer contacto com o senhorio e a garantir que nenhuma trafulhice é cometida! Esta é ainda uma muito boa razão para ir melhorando o português.

9 - Existe muita burocracia

Portugal é um país de burocracia. Tratar de qualquer documento pode ser uma verdadeira aventura para durar uma manhã ou tarde inteira. Acho, também, que nem sempre a informação disponibilizada online é muito clara quanto aos sítios onde nos devemos dirigir para tratar de diferentes situações.

Mais uma vez: neste casos ajuda ter alguém local para nos dar indicações. Convém também ir já preparado com toda a documentação necessária e e possível os formulários preenchidos de modo a agilizar o processo e evitar novas visitas ao memso local para resolver situações que poderiam ficar resolvidas logo à partida.

As secretarias das faculdades e os sistemas online tendem a sofrer do mesmo mal, mas uma pessoa vai-se habituando. Perguntar é mesmo o melhor caminho, de modo a estar em pé de igualdade e bem informado de modo a evitar sitauções mais complicadas.

10 - A cidade torna-se viciante!

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Este tópico para terminar teria de ser claramente agri-doce (até porque foi um tanto difícil encontrar 10 Desvantagens sobre a minha bela cidade natal). Lisboa é uma cidade que deixa saudades, avisam-se os corações mais sensíveis.

A grande maioria dos estudantes Erasmus com quem me fui cruzando ao longo da minha licenciatura em Lisboa e com quem ainda mantenho contacto, ficaram bastante encantados com a cidade. Muitos deles têm intenções de voltar nos próximos tempos para uma visita, se não voltaram já tamanha era a saudade!

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Lisboa é uma cidade com uma excelente qualidade de vida e, confesso, um tanto ou quanto difícil de esquecer. Fazer Erasmus em Lisboa pode por isso por em pressão o orçamento nos anos vindoros, tal vai ser a vontade de voltar a esta linda cidade onde fazer Erasmus pode ser uma experiência verdadeiramente inesquecível!

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