Divergências linguísticas

Publicado por flag-pt Cristiana * — há 6 anos

Blogue: Uma portuguesa em Verona.
Etiquetas: flag-it Blogue Erasmus Itália, Itália, Itália

Algo muito curioso acerca da minha estadia em Itália tem sido aperceber-me que nós, enquanto portugueses, temos uma grande adaptabilidade em relação a outras línguas.

Rapidamente aprendemos a falar inglês, espanhol ou até mesmo outra mais exótica. Achando que também os italianos teriam em comum a origem latina da língua, tentei (em vão) fazer-me explicar na minha língua.

Pensava que assim como eu, eles perceberiam o mínimo dos mínimos quando eu falasse. Enganei-me redondamente.

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(http://university.it/come-riconoscere-un-italiano-allestero)

Ontem fui buscar o meu Atestado de Fim de Estadia à Universidade, e tive um dos momentos mais cómicos de sempre, digno de um qualquer sketch humorístico dos Gato Fedorento. Quando me tentei expressar em português, a senhora que me estava a atender (e que, vim a saber, tinha feito Erasmus na Alemanha) não conseguia perceber patavina. Chamou um outro rapaz, mais novo. Também ele não me compreendia. Apesar de saber falar italiano, tentei fazer isto como se de uma experiência social qualquer se tratasse. Estava interessada em saber se resultaria. É claro que pouco tempo depois me vi na obrigação de falar em inglês com eles, pois queria despachar-me e tratar da papelada necessária.

  • Aqui em Itália, o Atestado de Fim de Estadia chama-se "Attestazione di fine soggiorno" e indica a data de partida do estudante, bem como a sua chegada.
  • Em ambos os momentos, terá que ser assinado pelos Serviços de Relações Internacionais da Universidade que nos acolhe. O mais engraçado é que para o termos em condições no final, temos que dirigir-nos à Biblioteca (neste caso, em Verona, à Biblioteca Frinzi ao lado do Polo Zanotto) e conseguir um Nulla Aosta, que é nada mais nada menos, que um comprovativo a dizer que não temos nenhum livro em débito. Não entendo muito bem a necessidade de ter todos estes documentos, mas lá me resignei à corrente burocrática.

Estando eu à espera do dito papel, chega uma aluna espanhola, com um ar irreverente e muito pouco interessado na presença das outras pessoas. Estava com um computador repleto de autocolantes provocatórios e teve até que ser chamada à atenção pela funcionária que anteriormente me tinha tentado atender... e tinha falhado.

divergencias-linguisticas-484df66096212f(http://www.ilovespagna.com/2016/12/17/10-trucchi-per-imparare-lo-spagnolo/)

Depois disso, não consegui controlar algumas gargalhadas. Apesar do espanhol ser, pelo menos no meu ver, muito semelhante ao português, eles compreenderam-na perfeitamente. Ela não teve que falar inglês, italiano nem chinês. Foi ela própria e foi entendida.

divergencias-linguisticas-9832622d1b9e18(http://www.iltamtam.it/2017/01/26/lo-spagnolo-al-liceo-jacopone-da-febbraio-a-maggio/)

Pergunto-me se será falta de esforço, de paciência ou até mesmo de competências linguísticas. Parece-me pouco improvável.

O meu papel chegou ao fim de algumas tentativas. Tinha que ter o original e ele parecia ter sido perdido. Lá o consegui e vim embora, a rir-me com tudo aquilo.

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(https://wizardinterlagos.com.br/cursos/curso-de-italiano-em-interlagos/)

Quando somos estudantes Erasmus, temos mesmo que ter um espírito de descoberta e abertura a novas experiências. Não podemos saltar para conclusões ou ser rápidos em julgar o outro, ou rapidamente o karma nos apanhará na curva.


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