À descoberta de novos sabores
De acordo com a minha experiência ERASMUS, diria que a rotina é algo que não acontece. É impossível ser um aluno a cumprir um período de estudos numa faculdade de um país estrangeiro e ter uma “rotina maçadora”. Contudo, se existe uma parte da minha vida em que me estava a começar a sentir enjoada apenas pela obrigatoriedade do mesmo era, sem dúvida alguma, as refeições.
Temos que comer. É obrigação natural. Urgência pela sobrevivência! Até aqui, nada de novo. O problema aqui é o meu livro de culinária mental ser composto por uma página em branco. Cozinhar, estar rodeada de tachos e seguir receitas que certa noite ouvi a minha mãe recitar a uma das minhas tias está longe do meu reportório de habilidades. Até consigo fazer o pino, mas isso está para além do alcance. O meu cérebro prefere comer a cozinhar…
Quem o pode julgar?
Dito isto, impunha-se que a Chef Cristiana começasse a mexer alguns cordelinhos para comer coisinhas diferentes. Especialmente, pratos que não envolvessem nuggets. Nuggets – a minha dádiva, a minha maldição. Tantas vezes me salvaram na cara Itália, estando sempre à mão. Tantas vezes me deixaram passar fome, sabendo sempre ao mesmo gosto salobro.
(https://thegarumfactory.net/2013/11/29/you-say-tagliatelle-i-say-fettucine/)
Muito bem: eu queria comer algo que soubesse diferente, sem que soubesse qualquer receita “de jeito”. O que fazer? Recorrer ao melhor recurso de qualquer tuga – o desenrasca! Uma das melhores formas para comer algo completamente diferente do habitual é… inventar. Foi o que fiz.
A minha receita acabou por ser tão boa que a repeti algumas vezes. Melhor: até a escrevi! Cá vai o segredo da Chef Cristiana, suprema senhora da cozinha.
(https://www.pinterest.com.mx/pin/368098969526143379/)
O primeiro passo é ter a certeza que tens todos os ingredientes. São eles:
- febras de porco - três;
- azeite – o suficiente para as pôr as febras bem regadinhas;
- sal – uma colher de chá (uma colher pequena vá… não vão vocês gostar de beber chá com uma colher grande);
- manteiga – uma colherada com a colher que usaram para medir o sal;
- alho, orégãos e manjericão – ponham quanto seja ajustada para o vosso paladar refinado;
- açúcar – lembra-se a colher com que mediram o sal? Peguem-lhe e tirem uma porção deste pó docinho criado pelos deuses;
- tagliatelle – quatro rolos deverão chegar.
Agora que já se certificaram que existe na vossa cozinha tudo o que necessitam para fazer este pitéu, sigamos caminho para a preparação.
Retirem uma taça do vosso armário. Lá para dentro, deitem o azeite, o sal, a manteiga, o alho, os orégãos, o manjericão e o açúcar. Sim, parece uma grande salganhada, mas nunca a simples receita do “meter tudo lá para dentro e esperar que fique bom” resultou tão bem.
Quando tiverem tudo na taça, mexam durante uns três/quatro minutos. O suficiente para tudo ficar envolvido num único “molho”. O objectivo é ter o tempero perfeito para ter a certeza que todas as febras ficarão a saber sensivelmente ao mesmo e que não teremos uma febra com o açúcar e outra com o sal…
O molho está pronto? O próximo passo é colocar as febras num prato fundo, separadas umas das outras, e regá-las com o molho suculento que estivemos a preparar. Virem bem as febras para terem a certeza que a febra não fica temperada apenas numa das faces. Depois de as terem com a nossa solução a percorrer por toda a chichinha, deixam-nas repousar por quinze minutos. Sim: isto fazer com a carne ganhe o gosto do tempero, o que as vai tornar muito mais deliciosas! Sei que, quando estás com fome, quinze minutos pode parecer uma eternidade, mas é uma eternidade que vale o investimento. Acredita!
(https://feedmeblog.wordpress.com/2012/06/13/febras-salada-tzatziki-e-couscous-churrasco-de-verao/)
Enquanto isso, não vais ficar a olhar para o “Sete-Estrelo”.Vais pré-aquecer o forno a 175 graus. E ainda não acabou: vais pegar numa panelinha, enchê-la com água e, como diriam as velhorras da minha terra, “pô-la ao lume”. Atira-lhe uma pitada de sal e um fiozinho de azeite. Deixa ferver – o que deverá a acontecer em cerca de dez minutos. Neste momento, colocas os rolinhos de tagliatele. Este é o sinal para seguires para o próximo passo!
(https://en.wikipedia.org/wiki/Tagliatelle)
Estás a ver as febrinhas bem temperadas? Vais colocá--las num tabuleiro preparado para cozinhar no forno, verter o líquido que ficou no prato sobre elas e iniciar o cozinhado propriamente dito.
Vais ter um tempo em que não vais ter que fazer grande coisa para além de mexer a massa e virar as febras. Contudo, as partes desse teu almoço formidável vão estar preparadas para comer mais ou menos ao mesmo tempo. É óptimo, porque comes tudo quentinho. É péssimo, porque vais ter que ser o Spider-Man por cinco minutos, enquanto tentar escorregar a massa e tirar as febras do forno ao mesmo tempo.
Tudo colocado no prato, é tempo de aproveitar o sabor incrível do esforço herculeo! Espero que os vossos paladares gostem deste texto. O meu adorou!
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