Jantar fora em Florença!

Conhecer uma nova cidade ou região, também é conhecer a sua gastronomia! Isto foi algo que apreendi rapidamente, logo na primeira grande viagem que fiz por Itália ao longo de mais de duas semanas. Certo que comer fora é muitas vezes bem mais caro do que levar comida feita - em caso de viagens curtas - ou ir ao supermercado e fazer algo na cozinha do hostel em que se está alojado. Contudo, nada como poupar para depois poder dispender um pouco mais numa refeição com comida tradicional. 

Como tal, quando fui a Florença com a minha colega de quarto, utilizei essa técnica. Preparei sandes e alguns snacks para sobreviver durante o primeiro dia e comprei no supermercado algumas bolachas e fruta para as refeições intermédias: pequeno-almoço e lanches ao longo do dia, entre refeições. 

À noite, no primeiro dia, depois de muito passear e andar, fomos fazer o check-in ao hostel e aproveitámos para perguntar ao moço da recepção onde é que poderíamos ir comer bem e por pouco. Especificámos bem que queríamos provar algo tradicional. O rapaz, muito gentilmente, deu-nos algumas sugestões e nós optámos por uma bem perto, na Piazza del Carmine, chamada Riusi. 

Decoração interior do espaço - Janeiro de 2017

O espaço era pequenino, num rés-do-chão, de um edifício típico de Florença. A decoração era moderna, inspirada na cultura Jazz: um espaço tranquilo e agradável. Na porta havia um sinal a dizer que não aceitavam pagamentos em Cartão e, por isso, tivemos de ir levantar dinheiro antes de nos sentarmos para jantar.

Menú

Os preços eram aceitáveis, comparando com aquilo que são os preços na Toscana. A Toscana é uma região cara, reveladora do seu elevado custo de vida. Certo que não é pior do que Milão, mas é uma cidade que não tem tanta oferta de rua no que à alimentação diz respeito e, por isso, as opções que existem tornam-se um pouco mais dispendiosas. A Toscana tem um tipo de turista diferente das grandes e típicas cidades mais visitadas em Itália como Milão, Roma e Veneza. 

No restaurante Riusi serviam pizzas, calzones e alguns pratos tradicionais. Eu optei por uma pizza - de Cogumelos - e a minha colega por um calzone, que ficou por 8€ a cada uma. Para beber, optámos por uma garrafa de água, como sempre, já que as bebidas são muito caras, quando comparadas pelos preços portugueses. Uma garrafa de água de 50ml custou 1€ a cada uma - era a bebida mais barata da lista. 

A nossa comida - Janeiro de 2017

O empregado de mesa foi simpático, recolheu o nosso pedido e ficámos à espera em amena cavaqueira, partilhando as nossas opiniões sobre o primeiro dia em Florença e aquilo que tínhamos visto e visitado durante as primeiras horas na cidade. 

Atendimento

Tivemos de esperar um pouco mais do que seria suposto, já que ao nosso lado estava um grande grupo de italianos, a festejar o aniversário de um deles e todos tinham pedido pizza. O empregado de mesa, que era apenas só um, não tinha mãos a medir. Eu e a aminha colega que já estávamos muito esfomeadas, lançámos um olhar aborrecido ao empregado de mesa, o que funcionou, já que ele foi à nossa mesa pedir desculpa e dizer que a nossa comida estava mesmo, mesmo a chegar. 

Finalmente as pizzas chegaram. Tudo cheirava muito bem e o sabor era bom. A minha pizza, em particular, era saborosa e parecia feita com produtos de boa qualidade. Os cogumelos eram fabulosos e tinham um sabor bastante forte, tal como eu gosto, e eram regados com um refinado azeite, que é sempre colocado em quantidade. 

Demorámo-nos, a saborear a nossa comida e a falar da política de turismo em Itália, sobre as dificuldades que o país enfrenta em preservar e manter um património tão extenso, enfim, uma inúmera quantidade de tópicos ao som de uma bela música jazz. 

Sobremesa

Por último, e como estávamos contentes com o que tinha precedido, arriscámos - apesar de sabermos que nos ia custar os olhos da cara - em pedir sobremesa. O rapaz lá nos disse o que tinha e optámos por um banal cheesecake de limão e uma sobremesa típica que consiste num copo de vinho doce típico e umas bolachinhas secas de amêndoa, que supostamente devem ser molhadas no vinho para a experiência completa de todos os sabores. As bolachinhas chamam-se cantuccini e são deliciosas. Eu e a minha colega adorámos particularmente este mimo no fim do jantar, apesar de nos ter saído bem caro (5€) e de a quantidade não ser enorme. Fica uma imagem a baixo para poderem ver como é que é apresentado e a delícia com que nos deleitámos!

A tal sobremesa - Janeiro de 2017

Aconteceu uma coisa muito engraçada, que merece reparo, quando pedimos a sobremesa. O empregado de mesa, que até então tinha sempre falado em italiano connosco, já que eu também tinha iniciado conversação em italiano - sou a favor de praticar sempre que posso com nativos - desconfiou pela primeira vez que não eramos italianas. Estava ele a elencar as várias opções para a sobremesa, ate´que eu disse: "Desculpe, não entendi qual era última.". Até que ele pede desculpa e diz: "Mas vocês não são italianas? Pensei que fossem italianas do Norte.". Fiquei extremamente contente nessa altura, já que é sinal que o meu italiano está a melhor a olhos vistos e que já sou bem capaz de aguentar uma conversa fluída. O rapaz lá pediu muitas desculpas por sempre ter estado a falar rápido e a usar algumas palavras do dialecto Fiorentino - algo que eu não consegui distinguir de todo. Nota: em Florença não foi de todo difícil compreender o que nos diziam; supostamente o Fiorentino é o italiano padrão, logo, mais fácil de compreender do que nos sítios em que o italiano é muito influenciado pelo dialecto local. 

Isso quebrou o gelo e o rapaz começou a contar-nos que tinha uns amigos brasileiros de quem gostava muito. Dissémos-lhe que eramos de Lisboa e que ele devia sem dúvida visitar o nosso belo país. Depois de alguns minutos de conversa, que a mim muito me agradaram, já que pude falar livremente em italiano apesar de saber que com toda a certeza dei erros. 

Considerações Finais  

Saímos bem agradadas, apesar de aconta final ter sido um pouco mais alta do que gostaríamos - pagámos cada uma 14€ por uma pizza individual, uma água pequena e uma pequena sobremesa. Contudo, achamos que valeu a pena pela experiência em si que foi bastante genuína - era um restaurante de locais e não um serviço onde despacham turistas, numa zona mais recôndita da cidade, cheia de cafézinhos e barzinhos onde os fiorentinos se recolhem nestas noite frias de Inverno, em convívio e em amena cavaqueira. Se voltar a Florença e apesar de muito agradada, irei experimentar outro sítio, já que existe tanta coisa boa que merece ser experimentada e com um ambiente bem aprazível!