Subida à Cúpula de Brunelleschi!

Um dos primeiros nomes que surge na cabeça de qualquer estudante de Arquitectura quando se fala em Florença é Brunelleschi. Brunelleschi foi um valeroso e audaz arquitecto do século XV - em pleno Renascimento -, que deixou um vasto legado à cidade, sendo a sua obra mais icónica a desafiante Cúpula do Duomo de Firenze ou da Catedral de Santa Maria dei Fiori. 

Vista nocturna da Cúpula - Janeiro de 2017

Brunelleschi e a sua famosa Cúpula 

Esta cúpula garantiu durante muitos anos o título de Igreja mais alta da Europa a Santa Maria dei Fiori devido a uns orgulhosos 90 metros, contando com o trabalhado lanternim que a encabeça e que já só foi completado depois da morte do seu artista. 

Brunelleschi foi um visionário, propondo um projecto diferente, megalómano e em que muitos não acreditaram mas que afirmou a soberania de Florença no que às Artes e à Arquitectura diz respeito. Através de uma estratégia muito própria de emparelhamento do tijolo - em espinha de peixe - e à subdivisão do peso da estrutura em oito partes, erigiu uma cúpula sem igual, que assombrou os seus contemporâneos e abriu precedente para uma nova era na história da Arquitectura. 

Passados mais de 500 anos da sua conclusão, a estrutura mantém-se intacta, suscitando curiosidade a todos os visitantes, Arquitectos ou não, que se arriscam na difícil e apertada subida até ao topo. 

Brunelleschi, infelizmente, não viveu para ver a obra a que dedicou grande parte da sua vida, completa, mas ficou imortalizado com esta obra-de-arte e tornou-se o modelo a seguir por muitos e muitos profissionais que o seguiram nos anos que se seguiram. Um homem de inigualável visão!

Vista do topo para o Campanille - Janeiro de 2017

A marcação antecipada

Para subir até à Cúpula é necessário seguir dois passos antes da visita em si. Primeiro é preciso comprar o bilhete online que dá acesso a todos os espaços musealizados presentes na Piazza Duomo (Duomo, Cúpula, Baptistério, Campanille, Museu, entre outros cuja informação está disponível online). O bilhete deve ser adquirido no site oficial especificamente destinado a este fim e que pode ser consultado aqui. 

Este site é um site completíssimo onde é possível para além de adquirir os bilhetes, encontrar informação sobre cada espaço visitável, os horários para cada dia da semana e mês do ano e outras notas essenciais à visita destes espaços. É um site com um interface muito bem, acessível em inglês e visualmente organizado, que não tive nenhum problema em utilizar. 

O bilhete custou, no total, 15€, sem qualquer tipo de redução, já que não estão previstos descontos para estudantes nem para estudantes de Arquitectura, ao contrário de muitos outros espaços nesta cidade, onde as entradas se tornam gratuitas. É um pouco caro, mas vale totalmente a pena por todos os espaços que podem ser visitados. O bilhete é válido por 48h desde a primeira entrada, por isso, não é preciso andar em correrias para ver tudo e pode perfeitamente dividir-se pelos dias os vários espaços visitáveis. Bilhetes reduzidos só mesmo para crianças entre os 6 e os 11 anos e gratuitos só feitos no local e para casos muito excepcionais. O pagamento pode ser feito através de Cartão de Crédito ou da conta Paypal.

A malha intrincada da cidade - Janeiro de 2017

O segundo passo é marcar a hora a que se quer fazer a subida à Cúpula. Para controlar o número de visitantes por hora, foi instituído desde 7 de Novembro de 2016 a marcação de horário. Basta que no site, durante a marcação dos bilhetes se escolha a hora perferida e esperar que ainda existam vagas. No local, basta imprimir o documento e apresentar-se na fila cerca de 10 minutos antes para inicar o processo de validação do bilhete e subida.  

Os 400 e muitos degraus 

Dez minutos antes da hora marcada, colocámo-nos na fila e esperámos pela nossa vez de validar os bilhetes. O processo até foi relativamente rápido e num ápice entrámos no interior da catedral e no início da escadaria que nos levaria até ao topo, no lanternim, onde teríamos um suposta belíssima vista panorâmica da cidade. A entrada é feita por uma área vedada, exclusivamente destinada aos visitantes pagantes, já que a Catedral em si pode ser visitada gratuitamente, visto tratar-se de um espaço destinado ao culto religioso. 

Íamos avisadas para os 400 e muitos degraus, confiantes que o nosso entusiamo e a nossa singela preparação física dariam perfeitamente conta do recado. A subida à Cúpula não é recomendada a pessoas que apresentem graves problemas de mobilidade física, vertigens e/ou problemas cardíacos. Eu sofro moderadamente do segundo problema e tenho a dizer que foi uma situação muito controlável, visto que durante toda a subida não somos confrontados com a altura a que estamos e quando o somos, já no exterior, todo o espaço é vedado e aparenta ser extremamente seguro. 

Os degraus, à medida que se sobe, vão estreitanto e tornando-se mais altos, com apenas algumas pausas para descansar um pouco. Há zonas em que inclusivamente a subida se faz em caracol e nos deixa um tanto ou quanto tontos. 

Ao longo da subida, dá para observar o aparelhamento dos tijolos, que apesar de a olho nu e desarmado parecer extremamente aleatório, não o é. Nalguns vãos de escadas ao longo da subida estão também expostos alguns dos processos e máquinas utilizados na construção da Cúpula. Alguns são originais e outros réplicas, mas é incrível como objectos tão rudimentares, quando comparados com os actuais, foram os mentores de tão brava obra. Todos os objectos estão bem identificados e correctamente legendados, algo que irá surpreender os apaixonados por Arquitectura e por Construções. 

O último trecho da subida é mais demorado, já que existe uma parte do percurso de quem sobe e de quem desce é comum. Fora isso e a escada, quase escadote metálico, para os últimos degraus, é uma súbida de dificuldade moderada. 

Outra vista do topo - Janeiro de 2017

A vista do topo é verdadeiramente maravilhosa, tal qual nos tinham relatado. O lanternim tem espaço suficiente para acolher todos os visitantes e o espaço nunca esteve demasiado populado durante os minutos em que estive lá em cima, devido ao controlo de visitantes por hora. Á disposição dos visitantes, existem também potentes binóculos que permitem observar os pontos mais afastados com maior precisão. A vista ajuda a que os visitantes se localizem numa malha desorganizada e intricada medieval, que nem sempre é fácil de compreender ao primeiro olhar.

A vista dp topo, permite não só ver de perto a cúpula do exterior como os restantes edifícios na Piazza Duomo. Eu optei por ir perto da hora do pôr-do-sol e usufrui de minutos preciosos e de um céu bonito apesar do tempo nebulado. Tirei algumas fotos para imortalizar o momento e dei várias voltas em torno do espaço para absorver tudo o que aquela vista tinha para me oferecer. Permaneci cerca de 30 minutos no topo, o suficiente para ver tudo com calma e retratar a cidade.

A descida foi muito semelhante à subida: os caminhos são simétricos e paralelos. É muito importante seguir as indicações marcadas nas paredes de modo a facilitar a circulação de todos os visitantes e não bloquear a passagem. É ainda possível fazer uma pequena paragem durante a descida, maior do que aquelas disponíveis durante a subida, para observar circulando ao redor numa galeria, o interior da Cúpula, que foi totalmente pintada e decorada e ainda conserva o trabalho original.

Para mais informação histórica, basta procurar por uma brochura na vossa língua de preferência à entrada do Baptistério e procurar pela parte relativa à Cúpula. Para quem estiver interessado em ir um pouco mais fundo na questão, existe um sem número de informação disponível online sobre o tema.  

Chegada ao topo - Janeiro de 2017

A vista de tirar a respiração 

A vista do topo é realmente impressionante. Esta é uma subida que recomendo a todos aqueles que estejam numa condição física que o permita fazê-lo, mesmo que não sejam entusiastas da Arquitectura. É um sítio icónico na cidade de Florença e que esconde muitos segredos e um pouco da magia e do brilho que a cidade teve no período do Renascimento! A não perder (só se em extrema contenção financeira e nesse caso, optar pela Piazzale Michelangelo, sobre a qual já escrevi neste site). Visitem!