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Publicado por flag-pt Mafalda Alves — há 5 anos

0 Etiquetas: flag-es Experiências Erasmus Barcelona, Barcelona, Espanha


“Tiro o curso e começo a trabalhar em Portugal, encontro alguém para fazer vida e vou ser feliz num lugar pacífico com calor e boa comida. Vou ter uma boa casa e comer todas as sextas a minha sobremesa favorita”.

Passados cinco anos de ter insistido comigo mesma neste objetivo ele deixa de ser o principal. Em vez disso, resido na dúvida, como habitual. Mas a dúvida só surge quando temos mais de um a opção correto? Deixe-me explicar então…

Toda esta trapalhada do quem eu quero ser quando for grande começou na realidade já durante a licenciatura. Enfermagem sempre tinha sido a profissão que queria e, ainda que contra alguns obstáculos, decidi perseguir esse sonho. Durante estes anos vivi para as minhas classificações escolares, a minha família e pouco mais. O dinheiro nunca foi muito e estar na faculdade, numa cidade longe de casa por si já era uma enorme conquista.

No meu terceiro ano de curso comecei a ouvir por vários colegas no programa de Erasmus, claro que, indecisa como sou, deixei passar a validade de inscrição. Vi os meus colegas partirem para países diferentes enquanto eu terminava o estágio mais árduo da licenciatura em Portugal a fazer turnos de dia e noite sem saber que dia da semana era ou perceber se gostava daquilo que estava a fazer. Foi ai que decidi que iria fazer a especialidade de maternidade e pediatria do meu próximo ano fora do meu país. Não era uma área que achasse que ia adorar, na escola as oportunidades não eram excelentes, e portanto não tinha muito a perder.

Assim, o quarto ano escolar começou com uma das batalhas mais difíceis de sempre, mas das que me dá mais orgulho recordar.

Parti em Erasmus para Barcelona sem ter alojamento onde ficar, pessoas conhecidas nem noção alguma da cidade. Estive um mês sem telemóvel o que conduz a inexistência de internet-google maps, etc- a todo o momento e portanto a um certo sentimento de desamparo.

Mas o terrível revelou se maravilhoso, foi nestas condições que conquistei a minha independência e autoconfiança. Não me lembro de nunca me sentir tão bem como quando passeava sozinha pelo Passeig de Gracia. Conheci pessoas maravilhosas de Dublin, Berlim, Chile, Colômbia e amigos maravilhosos da encantadora cidade de Barcelona. Visitei jardins, monumentos, museus e passei a comer várias vezes por semana o famoso pão com tomate catalão. Vi diariamente a paixão que existia no coração da Catalunha para conquistar a sua independência. Apaixonei me por aquela cidade como acredito que nunca vai acontecer com outra. Foi lá que me conheci a mim.

Hoje, estou a escrever este texto em Aylesbury. Inglaterra, o país que sempre disse que não era para mim. A minha mãe adora dizer que por esta eu tenho que morder a língua. Sempre disse com toda a convicção que Inglaterra não era para mim, o frio, o cinza, a cultura britânica… Tenho a dizer que mais uma vez foi culpa do programa de Erasmus. Neste momento estou a fazer um estágio profissional no maior centro de lesões medulares do mundo. Uma oportunidade de três meses que tive receio de aceitar pela língua o sotaque e o rigor que existe neste país mas que mais uma vez não me arrependo. Acredito que não vá conquistar um lugar no meu coração como Barcelona conseguiu, mas uma oportunidade que tenho de para sempre agradecer. Tenho 22 anos, dois irmãos, uma mãe que tenta sustentar 3 filhos, uma família pequena e sem grandes posses. Tenho o meu curso, 23Kg de bagagem comigo e um espírito aberto com imensa vontade de conhecer que me tem conduzido para a frente.

Hoje estou a escrever este texto em Aylesbury, não sei se vai ser lindo por muita gente, mas quero que saibam que está a ser escrito por uma rapariga que há anos atrás podia ser chamada de medrosa e banal. Dois adjetivos que provavelmente me desqualificavam para muita coisa. Hoje como vos disse resido na dúvida, mas uma dúvida que agradeço poder ter, de qual o país em quero trabalhar e me identifico.

 O Erasmus é na realidade possível para todos se o desejarmos mesmo, e garanto, uma oportunidade de vida como não existe igual, para mim uma das melhores até agora. Os valores que aprendemos, a tolerância e abertura que conquistamos, os amigos que vamos formando, as diferentes perspetivas, conhecimentos… na realidade não tem preço.

Neste momento estou a trabalhar com tetraplégicos e paraplégicos que todos os dias me lembram que nos somos sortudos sem sabermos, que podemos tudo sem dar conta e que não podemos ignorar os nossos desejos, porque no fim é o que verdadeiramente conta. Foram já vários os que me disseram esta frase “ Se eu pudesse fazer qualquer coisa, se pudesse andar, o que faria era…”Sabem o que vem a seguir? Descrições de milhares de sítios a visitar, são diversos e cada um com as suas particularidades, mas todos tem o desejo de ver e conhecer novos lugares.

Tu que tens essa oportunidade e estas a ler este texto, não a deixes escapar! Quando tenho uma dúvida muito grande faço me a seguinte questão: “Se eu morresse amanhã, o que preferia ter feito?”. Arrisca a ver o mundo e a conheceres te a ti.


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