Viagem de carro até à Ligúria
No início de Junho, o meu pai e o meu irmão vieram visitar-me a Milão. Já tínhamos decidido que no sábado desse primeiro fim-de-semana do mês iríamos fazer um passeio pela costa da Ligúria, aproveitando para conhecer alguns destinos populares para quem procura uma escapadela da capital da Lombardia e relaxar junto ao mar.
O acesso de comboio desde Milão é fácil e relativamente económico, mas preferimos alugar um carro dado que sairia mais barato sendo três pessoas. Efectivamente, o preço de aluguer por um dia não é alto, o que faz com que se torne uma opção atractiva para passar um dia fora.
O único inconveniente que encontrei foi a recolha do carro na Stazione Centrale ter demorado, sem nenhum motivo em particular, apenas por lentidão do funcionário, aquilo que pareceu uma eternidade, muito mais do que pretendíamos, o que nos causou algum atraso a sair de Milão.
Mais ainda tendo em conta as voltas que se tem de dar dentro da cidade para entrar na autoestrada em direcção à região da Ligúria. De minha casa, em Corvetto, teria sido num instante, mas vindos da estação é necessário entrar na circunvalação externa, seguir até ao cruzamento com o Naviglio Pavese e depois aí entrar na A7 (até Génova), que é o caminho mais rápido. Mas foram 30 minutos no mínimo para esta brincadeira…
A viagem em si foi tranquila, cerca de 2h30. Em Génova tomamos o desvio para a E80, que percorre a linha da costa liguriana, e saímos para Rapallo. Se bem que não tenhamos parado aqui, é uma vila marítima muito procurada pelos milaneses, um pouco como um refúgio acolhedor para a grande azáfama que se faz sentir na cidade. Aliás, posso dizer que toda esta zona do Golfo del Tigullio atrai muita gente com esse propósito.
Sei que o centro histórico de Rapallo, de origem medieval, é bastante interessante, com diversos monumentos históricos de relevo, ao qual se junta a unicidade de ter um castelo situado sobre o mar, ligado a terra por uma pequena ponte, donde ver o pôr-do-sol será com certeza um momento inigualável. Igualmente de belo tem o Lungomare, local perfeito para passear e respirar um pouco do ar do mar, que aí inicia e nos leva até à zona portuária. Do porto de Rapallo saiem embarcações com destino a várias terras da Ligúria, altamente procuradas em tempo estivo. A vila tem vários pontos panorâmicos sobre o golfo, paisagem incrível, não só nos paredões como também do topo das colinas por detrás do povoado, nomeadamente do Santuario di Nostra Signora di Montallegro, meta de muitos peregrinos e que pode ser acedido por funicular, na verdade o único da região.
Em cerca de 10 minutos chegamos a Santa Margherita Ligure, essa sim nossa escolha para passar grande parte do dia.
Não obstante, desde logo tivemos alguns problemas, particularmente com o estacionamento do carro. Quer seja em parques concessionados, quer seja nas ruas parquimentradas, é obrigatório pagar para largar o carro; não há escapatória e não é assim tão barato, o que é sempre um incómodo. Perde-se muito tempo à procura de lugar, e neste aspecto, torna-se menos cansativo usar o comboio como meio de transporte, permitindo aproveitar muito melhor o tempo e inclusive visitar mais terras no mesmo dia, como teria sido do nosso agrado juntar primeiramente Rapallo e depois Portofino.
Santa Margherita Ligure
É um autêntico cochicho, pelo menos o centro histórico, destacando-se essencialmente a Piazza Martiri della Libertà, tendo por detrás a igreja de Santa Margherita d’Anticochia (também conhecida como Santuario di Nostra Signora della Rosa), a mais importante da vila. Ao longo do Lungomare, realçam-se o castelo quinhentista (igualmente voltado para o mar) e o convento dos frades capuchinhos.
Passear no paredão é realmente muito agradável, gozando de um cenário encantador e que vale a pena ficar a conhecer. No azul da baía reflecte-se a beleza dos “caruggi” tpicamente ligurianos, com as suas fachadas coloridas e ruas estreitas que dão gosto explorar.
“Um verdadeiro postal”
Esta vila tem sido a localidade predilecta na Ligúria pela alta sociedade italiana, intelectuais e artistas já desde o início do século XIX, muito devido à sua atmosfera sossegada, boutiques exclusivas e elegantes cafés. A arquitectura dos edifícios em estilo dèco, principalmente notória nos grandes hotéis, conserva o fascínio dessa época e faz com que, de um certo modo, nos sintamos transportados no tempo, para além de distinguir a oferta de prestígio que Santa Margherita coloca ao dispor dos visitantes. Um pouco à semelhança do que conhecemos mais extensivamente para Portofino, “um porto realmente fino” como escreveu uma minha amiga que teve oportunidade de lá ir.
Apesar das nuvens, a zona “balnear” estava apinhada, como se pode ver na fotografia acima, mas o que me causou realmente confusão foi o facto de a dita “praia” ser exclusivamente constituída de pedras, e mesmo assim atrair uma quantidade desmesurável de banhistas. Uma visão absurda, pois longe de mim considerar tal sítio como local para tomar banhos de sol ou mesmo mergulhar no mar. Não faltam os chapéu-de-sol na zona concessionada…
Do outro lado do mar, a Spiagetta del Sole, praticamente em frente à estação ferroviária, é um terraço ajardinado com vista panorâmica, sendo outra zona também muito apreciada para estender a toalha.
“À falta de areia…”
Efectivamente, a Ligúria não é conhecida por extensos areais nem coisa que se lhe pareça, por isso mais vale mesmo não ir com ideias de fazer praia aqui, porque para quem tem praias como as nossas de Portugal é simplesmente um atentado.
Continuando o caminho pelo paredão, entramos na zona da marina. Tal como Rapallo, Santa Margherita possui um serviço de transporte marítimo alargado, com rotas para diferentes pontos da região.
Passeando no Lungomare
Ao longo da estrada vão surgindo uma infinidade de “trattorie” e geladarias, e como já apertava a forme para o almoço, tratámos de procurar um restaurante onde se comesse bem e, acima de tudo, se estivesse bem, de modo a desfrutar descontraidamente da vista.
Vista para a marina do Lungomare
A nossa escolha recaiu sobre o restaurante Skipper, que dispõe de uma zona exterior flutuante sobre as águas paradas, muito convidativa, onde nos sentámos. O menu oferece cozinha mediterrânica, com pratos de peixe e carne de grande qualidade. Lembro-me perfeitamente de ter pedido um risotto de frutos do mar, que estava delicioso.
“Almoçámos divinamente!”
Vista para a marina do terraço flutuante do “Skipper”
Do outro lado do pontão da marina tem-se um alinhamento consideravelmente longo de estabelecimentos balneares, seccionando diversas “praias”, apoiado por vários hotéis que se localizam nas imediações. O turismo é, deste modo, a grande fonte de rendimento económico da vila. Nem quero imaginar a sobrelotação destes locais no pingo do Verão…
Depois de um belo almoço, regressámos à zona central de Santa Margherita e, ainda antes de partir para Milão, enfiámos por algumas das ruelas comerciais, onde se encontram diversas lojas de artesanato local, nomeadamente de bordados e macramé, e objectos de motivos marítimos.
Não chegámos a ir a Portofino, com muita pena minha, pois chegámos à conclusão que de carro seria impossível, assim como de autocarro, já que estava um trânsito descomunal na estrada que liga as duas vilas, e não há alternativa.
Foi assim este meio dia passado na Ligúria, que juntou mais um sítio à minha colecção de “cromos” em Itália. Não posso dizer que tenha ficado maravilhada, mas também não desgostei.
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