Capítulo 2 - Roomie
Para todos aqueles que não sabem, para quem não a conhece e não faz ideia de como ela é, cá vai, hoje conto-vos algo sobre a minha companheira, aquela que viveu tudo comigo.
Apresento-vos a Filipa Miranda.
Quando digo tudo eu digo-vos que partilhamos coisas instantâneas, aquelas que aconteciam no quotidiano da faculdade durante o dia mas haviam dias em que alguma amargura emergia.
Tal como vocês eu não a conhecia, sabia da sua existência pela faculdade mas nunca tinhamos trocado algum tipo de conversa ou cruzado caminhos que nos suscitassem interesse uma na outra.
Comecemos pelo facto de que ela foi parar a Lund por um equívoco, teve que ser e digo-vos que há coisas que têm mesmo que ser assim, parece que algo se alinha para que as coisas fluam da maneira certa. Num dia estava para ir sozinha, no próximo ela manda-me mensagem acerca do meu plano de estudos porque ia comigo.
Assim se deu o nó, por assim dizer, entre duas pessoas que à partida tinham tudo para fazer com que as coisas resultassem. Já alguém que nos conhecia a ambas dizia que se iamos juntas só se estragava uma casa, vá tenho que admitir que não errou muito.
Começamos muito banalmente a falar porque tinhamos desesperadamente que arranjar casa e não é um processo fácil, que mais adiante hei-de explicar, e além disso pouco mais que as nossas expectativas iamos partilhando.
Encontramo-nos em Londres, embarcamos lado a lado rumo a Copenhaga, atravessamos pela primeira vez a ponte e nem sabíamos o que estava para vir, eram meras ideias porque na verdade mesmo que não fossemos gostar uma da outra esperava-nos uma jornada de 5 meses juntas.
Não foi preciso muito, se eu sou uma pessoa 'especial' ela também tem as suas coisas, mas quem não as tem?
Consegui melhorar-lhe a cultura musical, vamos ouvir a Naive e nunca vai haver volta a dar, vamos sempre lembrar-nos de uma serenata na varanda de nossa casa, ou de mim a cantar com ele lá em casa. 'I know, she knows'.
A música eletrónica ganhou um sentido brutal na nossa vida, nunca pensamos que chegariamos agora a dizer que podemos vir a ter saudades do que os suecos decidem passar numa noite. Noites sem fim era o que poderíamos dizer se não estivessemos em casa às 3 da manhã.
Desde o primeiro jantar no Mc às dez da noite, à primeira noite de lavandaria em casa, desde a primeira ida ao supermercado, à primeira volta de bicicleta, desde a primeira aula à última fomos as companheiras de uma aventura, fomos o apoio uma da outra sem que uma única vez desistissemos de nos proporcionar o que de melhor tinhamos.
Não fosse uma experiência de Erasmus aquela que tem tudo, fomos a festas juntas fazendo à vez de apoio uma da outra, ficamos sentadas dias a fio, nas mesmas cadeiras, a estudar, mergulhamos juntas a meio da noite no lago da faculdade e no fim ainda nos demos ao luxo de ir para a sauna! Deliramos de tanta farra mas também desesperamos quando o trabalho aparecia, e adivinhem só, fizemo-lo juntas.
Não dúvido que cada pessoa que tem um companheiro goste dele e viva com ele coisas incríveis, claro que vive e que gosta, mas eu não podia pedir, de facto, alguém melhor que ela. Não se enganem quando acharem que tudo correu às mil maravilhas, temos as nossas diferenças e não vá ela pensar de novo que se eu não falo ao pequeno almoço estou chateada com ela, não, é como sou.
Não é quando tudo corre bem que as relações se evidenciam, é quando se fecha a porta e se fica a olhar, quando se está por um fio a dizer adeus e a única pessoa que nos entende, a única que pára ao nosso lado com a ponta de amargura é aquela pessoa que sabe tudo o que vimos e vivemos.
Dos 151 dias desta experiência eu vou guardar de facto imensa coisa mas ninguém vai saber nunca entender o que sinto como a Pipa e por isso só tenho que lhe dizer muito obrigada.
Não voltaremos a ter um Sensation Red, um Final Metro ou um Baltic Queen, e sabem o que lhe digo acerca disso? Ainda bem que os tivemos pelo menos uma vez na vida, ainda bem que fomos, ainda bem que fomos juntas!
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