Café Turco
Esta amiga inesperada da Turquia foi solicitada uma vez pela professora para trazer café Turco para a aula. Achei que fosse preciso ter grande lata por parte da professora para lhe café para 12 pessoas.
Mas foi graças ao impudico pedido que eu fiz a primeira amiga em Eramus.
No fim de todos termos bebido o café e devorado uns biscoitos, assisti, atónita, à leitura da sina da professora através das borras do café. Pareceu-me ser algo mesmo característico da Turquia porque todos os que estavam presentes que vieram de lá estavam a ajudar à narrativa futurística da professora. Claro que fiquei curiosa e depois de agradecer o café pedi um segundo encontro com direito a leitura da borra.
Com a emoção do pedido bati contra uma mesa e parti nada mais, nada menos, do que o cartão do quarto da residência. Continua a funcionar e vai ter de disfarçar até ir embora.
Dois dias depois fomos com a Gok (nome que adotei visto que Gokçe Gonka era difícil de lembrar) à sua residência para mais uma mostra de cafés. Ficámos no quarto do Gabriel, um italiano que fala inglês, está há 7 anos em Perugia e tem talvez o quarto para rapaz mais bonito que vira até aquele dia. As paredes estavam adornadas de fotos dele, dos amigos e da namorada. Tinha uma mesa com uma fila enorme de livros e mais alguns espalhados pelo quarto. Ao fundo da parede esquerda tinha uma espécie de pano gigante com um desenho que aparentava ser um dragão e na parede ao lado tinha um poster dos Led Zepplin. Das coisas que mais me surpreendeu foi o móvel pequeno com quatro plantas e uma delas estava na gaveta aberta. Nunca tinha conhecido um rapaz que gostasse tanto de plantas. O quarto cheirava a incenso e estava incrivelmente limpo e arrumado para um rapaz naquela idade.
Serviu-nos café italiano que era maravilhosamente forte e saboroso e conversámos sobre a ida a Veneza no Carnaval.
Algum tempo depois a Gok serviu-nos o seu café Turco, mais fraco, mas igualmente bom e, no fim, virei a chávena para baixo, em cima de um pires. O António e o Gabriel também alinharam nisso. Havia uma aplicação que a Gok tinha no telemóvel que perguntava a data de nascimento e se estávamos em algum relacionamento e tínhamos de enviar fotos da forma da borra na chávena e no pires. Passado alguns minutos, chegou, em turco, algo do género:
- Dificuldades e sofrimento das pessoas ao seu redor vai aumentar, você pode ficar chateada. Alguém que sabe o que quer da vida e caminhando com o objetivo de assegurar os passos corretos.
- Vai começar a compreender melhor as pessoas ao seu redor.
- Tem de começar a ter cuidado com o que come.
- Espera uma boa notícia, finalmente, dias felizes estão esperando por você.
Honestamente sempre achei que este tipo de coisas diziam o que as pessoas queriam ouvir mas a verdade é que me identifiquei em quase tosos os pontos.
Tanto eu como o António ouvimos atentamente o nosso futuro e apesar de ambos admitirmos que não acreditávamos, ficámos na esperança que se concretizasse.
E, assim do nada, no meio de uma conversa qualquer sobre tudo e sobre nada, a Gok tira dois pequenos pingentes da carteira, um para mim e outro para o António. Era uma pequena pregadeira que segurava um olho da sorte turco e uma lua cor-de-rosa. Significava qualquer coisa como proteção. Não estava muito atenta porque petrifiquei com aquele gesto.
Descobri, naquele instante, que eram este tipo de recordações que eu estava a espera de levar de Itália, para sempre.
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