A adaptação.

Publicado por flag-pt Patricia Golightly — há 11 anos

Blogue: Naz Dravie!
Etiquetas: Geral

As adaptações nem sempre são fáceis e, apesar de não ter vindo parar ao outro lado do mundo, os costumes têm nada ou muito pouco em comum com os portugueses.

As gentes: No geral, as pessoas não são simpáticas, sobretudo quando se apercebem de que estão a falar com um estrangeiro. O mais comum é desatarem aos berros, com olhares perturbadores e gestos ameaçadores. É raro encontrar alguém que saiba falar inglês, seja em restaurantes, cafés, ou até na estação de comboios (local onde seria de esperar alguém mais internacional, já que Kosice integra a linha dos comboios EuroNight, sendo um alvo turístico diariamente).

Quanto à pontualiadade, por incrível que pareça, atrasam-se mais do que os portugueses, o que tem o seu lado positivo: finalmente, não tenho de me preocupar em chegar a tempo às aulas. Relativamente à organização de tarefas, são também mais descuidados do que nós. Deixam sempre tudo 'para amanhã', seja lá o que for, adiando inúmeras vezes 'para a semana'.

As ruas: As ruas são extremamente asseadas, apesar de estranhamente carecerem de caixotes do lixo, pormenor relevante todas as manhãs em que vou tomando o pequeno-almoço a caminho da faculdade. No entanto, o pormenor mais importante depreende-se mesmo com o perigo de atravessar as estradas. Cá, nenhum carro, sem excepção, pára numa passadeira. Se um peão estiver a atravessá-la, eles limitam-se a contorná-lo, ou a buzinar e gesticular se tal for impossível. Já fui apanhando uns valentes sustos e será certamente uma surpresa se chegar a Julho sem ter sido 'passada a ferro'.

Os horários: Esta é, sem dúvida, a adaptação mais difícil. Estou cá há dois meses e continuo sem me conseguir ajustar. Os horários das refeições até é uma questão facilmente contornável, basta adiantá-los uma ou duas horas. Contudo, os horários das lojas, dos cafés, do cinema, das discotecas são demasiado irreais quando comparados com os portugueses. O único motivo justificável para tal é bem visível aos olhos: esta gente não gosta de trabalhar. Aos domingos, não se vê uma loja aberta, nem as típicas lojas de souvenirs. Durante a semana, as lojas abrem por voltas das dez (antes dessa hora não se vê vivalma nas ruas) e às seis já têm as portas fechadas. Ao fim de semana, um dos maiores super-mercados encerra às 06:30 da tarde. Não há sessão nocturna no cinema e, com isto, refiro-me à das nove. E ainda hoje descobri que até os dentistas têm um horário muito peculiar: fecham às 3:30 da tarde, alguns dias; noutros, são ainda mais relaxados e abandonam as clínicas às 12:30. A partir das nove da noite, são raros os restaurantes que ainda servem refeições.

Ida às compras: Ainda hoje a ida às compras é um permanente desafio. Os vegetais e as frutas têm uma variedade imensa e óptimo aspecto. Não é possível encontrar sal grosso. É também complicado comprar agua mineral. Geralmente, a engarrafa é gaseificada e com sabor. Os super-mercados têm tantos chocolates como os nossos em tempos de páscoa. As barritas energéticas não vêm em packs, podendo apenas ser adquiridas individualmente.

Restaurantes: Salvo raras excepções, são todos pizzarias, pelo menos os do centro, que nunca me aventurei pelos subúrbios (excepto uma vez que me perdi num tram e andei mais de uma hora por umas terras de fim de mundo). As refeições não são acompanhadas por pão e a bebida de acompanhamento é frequentemente café. Nos cardápios, têm a estranha mania de integrar pratos com presunto ou fiambre na lista dos pratos vegetarianos.


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