ERASMUS 101 – algumas sugestões
A experiência Erasmus é um daqueles momentos de vida que muitos estudantes planeiam, ansiando pela hora de partir...
Pelos mais variados motivos, um semestre no estrangeiro é sempre muito enriquecedor. Em linhas gerais – porque, na verdade, podemos dar inúmeros significados àquilo que representa o período Erasmus na nossa vida, ou encontrar mais do que uma motivação para embarcar nesta experiência, e, por isso, cada um de nós poderá atribuir-lhe uma importância diferente – os quatro principais aspectos que se veem interconectados são o académico/profissional, o cultural, o social e o pessoal.
Como nota introdutória deste texto, farei então um breve apanhado daquilo que tanto nos pode oferecer a vivência Erasmus.
Academicamente, trata-se de uma óptima oportunidade para contactar com outros métodos de ensino e modos de trabalho, e alargar o nosso currículo. Sem qualquer dúvida, poderá despertar em nós novas vontades e objectivos profissionais (nem que seja percebermos que desta ou daquela área não gostamos ou não queremos prosseguir), e inclusive abrir perspectivas futuras. Na minha óptica, Erasmus é uma porta aberta para o futuro, o futuro que quisermos construir.
A nível cultural, qualquer que seja o destino escolhido, o lema é ir à descoberta! Explorar outros países, culturas e modos de vida; conhecer outras realidades… É difícil não gostar de viajar, mais ainda quando somos jovens, e Erasmus dá azo a um mundo de possibilidades.
Mesmo que não tenhamos as melhores condições financeiras para sustentar grandes aventuras, o que não deixa de ser um factor relevante na própria contingência de fazer Erasmus - importante não esquecer e compreender - existe sempre qualquer maneira de pormos em prática os nossos sonhos, apenas temos de o encontrar.
Milão - a minha (única) escolha. (Foto tirada em Março de 2018)
A vertente social é por muitos a mais procurada. Muito devido a uma disseminação generalizada da ideia de que Erasmus é sinónimo de ramboia (por vezes desmedida) – e claro que não deixa de ser também – contudo, a meu ver, a sua verdadeira essência é a partilha de momentos, de histórias. Não só dentro da comunidade Erasmus, mas também com outros estudantes ou colegas de trabalho que conhecemos e, em muitos casos, travamos amizade.
Este é um tópico que, em particular, dá pano para mangas e sobre o qual se podem discutir tantos aspectos, porque nenhuma experiência Erasmus é igual! Mas penso que falo por todos os estudantes Erasmus quando digo que é, em muito, feita pelas pessoas com quem nos cruzamos.
Ainda assim, e como também refiro frequentemente, é o carácter pessoal que, acima de tudo, move o Erasmus. Porque no fundo, a experiência é feita por nós e para nós mesmos. É a nossa aprendizagem, a nossa expansão dos horizontes e a nossa busca por viver momentos felizes.
5 dicas para desfrutar ao máximo
1. Encarar a experiência com a mente aberta
Em Erasmus tudo é novo. Ir viver para outro país e ambientarmo-nos a uma cultura que pode ser muito diferente da nossa tem o seu grau de dificuldade. No entanto, torna-se mais fácil e agradável se tivermos uma atitude positiva e proactiva, e procurarmos (de um modo natural, claro) integrar-nos na comunidade que nos acolhe. Ser receptivo é muito importante!
Pequenos gestos fazem a diferença: procurar aprender a língua; ter interesse em conversar com as pessoas locais e em saber mais do seu quotidiano, gostos, crenças; demonstrar entusiasmo e gratidão pelos convívios e momentos partilhados; procurar também oferecer e dar a conhecer algo da nossa cultura... Este esforço é bastante apreciado, e certamente ficaremos mais satisfeitos se nos sentirmos bem-vindos e valorizados.
2. Gerir as expectativas de forma equilibrada
Tanto ouvimos contar de outras experiências Erasmus, e de quão divertido e fantástico é na maior parte dos casos, que inconscientemente acabamos por alimentar a ideia de que a nossa vivência terá de ser igual para que seja boa. Contrariamente, a regra número 1 de Erasmus é não criar demasiadas expectativas, porque facilmente poderemos sair desapontados se as coisas não correrem da forma que projectámos.
No meu caso, não foi propriamente a dita “vida de Erasmus” que a certo ponto me falhou, mas sim parte do contexto profissional futuro e de vida que eu vinha a delinear já de há alguns anos para mim em Milão... Muito mais que um destino Erasmus, este intercâmbio para desenvolver a tese de Mestrado representava para mim o primeiro passo de um sonho, uma rampa de lançamento para aquilo que era de há muito um grande desejo meu. Assim, grande parte das minhas expectativas (ainda que no geral tivesse tentado mantê-las reduzidas) estavam assentes nesta outra camada da experiência Erasmus, e a verdade é que algumas coisas não se deram do modo que eu tinha visionado, o que me deixou algo insatisfeita. Por outro lado, felizmente, essa situação ia sendo compensada precisamente com tudo o resto que Erasmus de tão bom nos pode dar, que, indiscutivelmente, permitiu que eu adorasse, no conto geral, esta estadia em Milão.
Não obstante, no último mês e meio de Erasmus esse equilíbrio deixou de se verificar, arrasando completamente a minha motivação e vontade de continuar na cidade. Os amigos Erasmus com quem estabeleci os laços mais fortes já tinham regressado a casa e determinadas circunstâncias com uma outra pessoa igualmente importante ditaram um desfecho bastante triste em Milão - só queria regressar a Lisboa… E isto leva-me ao ponto 3.
3. Procurar conhecer pessoas, mas gerir o nosso grau de envolvimento
Uma das principais guias de Erasmus é conhecer pessoas! Tantas mais quanto possível porque é absolutamente essencial para a nossa sobrevivência durante este período. E torna-se muito fácil entre estudantes Erasmus porque estamos todos no mesmo barco: numa cidade nova, onde não conhecemos ninguém a priori e teremos de ir à procura de amizades. Não há que ter receio!
Claro que não vamos ser igualmente amigos de todas pessoas que conhecemos (nem tem sentido), sejam do mundo estudantil, da comunidade Erasmus, colegas de trabalho ou outras que surjam por associação. Algumas tornam-se mais próximas e passamos mais tempo com elas no dia-a-dia; com outras combinamos saídas de grupo ocasionalmente; e tantas ficam-se por conhecidas, mas com quem somos capazes de ter passado bons momentos, que é o que realmente conta para a experiência Erasmus.
Amigos Erasmus. (Foto tirada em Fevereiro de 2018)
Todavia, melhor ainda são aquelas verdadeiras amizades que continuam depois de regressarmos a casa, aquelas que preencheram o livro das melhores recordações de Erasmus, guardadas carinhosamente no coração. E que foram também a nossa base de apoio quando não nos sentíamos tão bem ou tínhamos alguma preocupação - porque isso vai acontecer, e dá jeito termos alguém de confiança com quem desabafar sem ser por telefone…
De qualquer forma, é muito importante atentarmos ao nível em que nos damos a envolver com as pessoas, especialmente quando ainda não as conhecemos assim tão bem. A última coisa que queremos em Erasmus são dramas que atrofiem a nossa experiência!
E a verdade é que, se nos virmos embrulhados em problemas pessoais de alguém de quem sabemos pouco (mas que por qualquer motivo nos procura para conforto), e pensamos estar a agir bem ao “dar a mão”, é meio caminho andado para desenvolver uma ligação tóxica que a dada altura nos irá queimar, porque a ajuda do lado de lá não virá. Com algo assim, a minha experiência em Milão tornou-se desnecessariamente dramática e, por acontecimentos subsequentes, traumática.
Por isso, para nosso próprio bem, porque não sabemos verdadeiramente as intenções das pessoas, deixo a dica fundamental de manter sempre um certo afastamento, até que se crie uma afinidade sustentada pelos alicerces certos – algo igualmente importante pela vida fora. Posso dizer que esta foi a minha grande lição de Erasmus.
4. Aderir a actividades organizadas pela Universidade ou pela ESN
Esta dica pode parecer das mais óbvias, mas é uma das mais relevantes! É através destas actividades que se conhecem a maior parte das pessoas em Erasmus e rapidamente se formam grupos de amigos. As actividades oferecidas tentam ser o mais divertidas e interessantes possível para a grande maioria – e são normalmente um sucesso - e mesmo que um dia algo não nos cative tanto, noutro dia qualquer estará programado algo que seja do nosso agrado.
Relembro tantas e tantas nas quais participei… Desde viagens a outras cidades italianas ou a explorar a própria cidade de Milão, dias desportivos, mil e um “aperitivo” incluindo noites Tandem, Karaoke, Quizz, idas a discotecas, etc. A lista é interminável!
CUS International Cup - voleibol. (Foto tirada em Março de 2018)
"Street Art tour" em Milão. (Foto tirada em Março de 2018)
Para estar ao corrente dos eventos é imperativo seguir as páginas nas redes sociais e aderir aos grupos Erasmus onde são promovidas diariamente as diferentes actividades, principalmente as nocturnas.
Sobre este tópico podem ler um outro texto meu intitulado “Party in Milano and my top 5 – Nightclubs”, onde exploro mais a fundo a enorme oferta de divertimento em Milão.
5. Planear programas sozinho
Ainda que a experiência Erasmus passe muito pelo convívio com as pessoas, é também importante controlarmos o ritmo a que andamos e não nos metermos em trinta mil actividades só porque os outros vão. Devemos fazer o que queremos e que nos apetece.
Além disso, querer fazer tudo, e todos os dias, nunca é uma boa atitude, pois nem tudo vai ser igualmente satisfatório e a certo ponto deixamos de nos sentir bem nas situações, já para não dizer exaustos, mais ainda quando temos uma grande carga horária de aulas ou trabalho.
Um óptimo escape é então fazer qualquer coisa sozinho: descansar, ir a qualquer passear sem pressão, cozinhar em casa, ir ao ginásio, ir para um café ler um livro, etc Todas as opções são válidas e uma maneira de “acalmar os ânimos” em Erasmus.
"Em casa." (Foto tirada em Junho de 2018)
E por agora fico-me por aqui!
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