5 Vantagens de viver numa casa internacional

Publicado por flag-pt Ana Carolina Helena — há 2 anos

Blogue: Dolce Milano
Etiquetas: Conselhos Erasmus

Durante o primeiro semestre, vivi com outros três colegas portugueses. Agora, na troca dos semestres, um vai regressar a Lisboa e à cerca de duas semanas que iniciámos a procura por uma nova companheira de casa!

Quando falámos entre nós sobre esta situação, uma das primeiras condições que acordámos entre nós era que o melhor seria receber uma colega não portuguesa, pois seria um bom e novo desafio ter de falar outra língua que não o português à volta da casa.

Inicialmente a nossa ideia até seria encontrar uma colega de casa italiana de modo a sermos forçadas a usar a língua todos os dias, mas infelizmente o nosso senhorio não foi flexível o suficiente para aceitar esta opção.

Colocámos um anúncio em vários grupos do Facebook, um anúncio escrito por nós onde descrevemos bem o quarto partilhado e as características da casa que alugámos.

Recebemos algumas respostas e acabámos por partilhar casa com uma rapariga belga, que está a terminar a licenciatura no mesmo curso que nós: Arquitectura. (Nesta questão assumo que tivemos alguma preferência, visto que nem sempre é fácil entender o nosso estranho estilo de vida).

A moça chegou apenas há alguns dias mas tem sido divertido e desafiante comunicar constantemente numa língua que não é a minha língua materna. Eis algumas das vantagens com que me deparei - talvez no futuro encontre tantas outras.

1. Um óptimo exercício para aprender línguas

Apesar do italiano já ser a minha quarta língua (o português língua materna, o inglês a um nível bastante fluente e o francês intermediário), nunca tinha sido colocada, até hoje, numa situação, em que tivesse que utilizar essas línguas num contexto informal, isto é, em casa, sem ser num contexto escolar ou profissional.

Sinto que será um excelente exercício e me ajudará a manter-me bastante agilizada pelo menos no inglês. A nossa colega também fala algum francês, já que apesar de ser filha de pais da zona nerlandesa, vive numa pequena cidade próxima da fronteira.

Fruto da minha experiência na Universidade, sei que será um tanto cansativo ao fim do dia, que em certo dias não me apetecerá de todo fazê-lo, mas esse confronto será essencial caso no futuro, por exemplo, queira voltar a Lisboa e partilhar casa com estudantes Erasmus, fazer um estágio internacional ou viver no estrangeiro depois de terminar o curso.

Se quiserem aprender uma língua nova, também podem explorar os cursos oferecidos pela Erasmusu Education!

2. Conhecer novas culturas e hábitos diários

Estou muito habituada à minha rotina. Mesmo quando em Lisboa partilhei casa foi com duas outras estudantes portuguesas e apesar de algumas particularidades pessoais tínhamos as três um ritmo muito semelhante quanto à hora de deitar, à hora das refeições, ao tipo de pratos que fazíamos para o almoço e para o jantar...

Viver com uma pessoa de outro país é, sem sombra de dúvida, redescobrir todos esses pequenos pormenores diários que já fazemos tão automaticamente e sem dar conta. Por exemplo, a minha nova colega de casa janta impreterivelmente entre as 18h e as 19h, o que para mim é um lanche tardio, já que começo a pensar em jantar lá para as 20h30.

Também já notei que nos deitamos a horas muito diferenetes e que apesar de ela não gostar muito de cozinhar, a nossa alimentação também não tem uma matriz nada comum.

Ir descobrindo todos estes pormenores é um deleite diário e uma excelente forma de iniciar conversas sobre particularidades culturais que enriqueçam o nosso conhecimento sobre o mundo e os habitantes das suas diversas nações e regiões.

3. Aprender a gerir diferenças culturais

Nem tudo são maravilhas, claro, apesar de eu acreditar que será possível compatibilizar estilos de vida diferentes. No entanto, requer que ambos os lados sejam flexíveis e entendam em que pontos é que o lado oposto não se pode comprometer ou flexibilizar.

Deitando-me eu sempre por volta da 1h/2h da manhã e a minha nova colega por volta das 22h, às vezes aquele duche que ficava já tomado na noite anterior, é adiado para a manhã seguinte de modo a não fazer barulho e a incomodar, já que preciso sempre de secar o cabelo e nem os sonos mais pesados sobrevivem à zoada de um secador de cabelo.

Eu não estou a partilhar quarto com ela - mantenho-me a partilhar quarto com outra portuguesa - mas a minha outra colega sim. É extremamente sui generis pois quem ficou emparelhado foram os extremos opostos: a minha colega portuguesa é muito noctívaga; gosta de trabalhar à noite e deitar-se quase quando inicia a alvorada enquanto que a outra moça se deita com as galinhas.

Para evitar complicações e fazer o menor barulho possível, a minha colega portuguesa deixa logo o pijama fora do quarto para que quando se queira ir deitar seja só ir à casa de banho e entrar com "pézinhos de lã" no quarto.

Para amenizar estilos de vida mesmo muito díspares e evitar confusões, uma estratégia que adoptei e coloquei logo em prática ontem, é a de criar hábitos comuns. Assim que nos mudámos para esta casa, tentei criar a Terça-feira do Cinema, uma noite por semana em que nos reunímos todos na sala depois do jantar para ver um filme que é escolhido por todos.

Ontem, como foi Terça-feira, expliquei à nossa nova colega esta tradição e vimos todos um filme juntos, chamado "The Lobster", que apesar de todo o non-sense, é um filme divertido e que nos mantém alerta durante todo o tempo.

4. Provar cozinha do mundo

Esta depende do colega que nos calha! Há quem goste mais de cozinhar, há quem goste menos. Há quem já estivesse habituado a fazê-lo no seu lar, há quem não.

A nossa colega não parece ser a cozinheira mais prendada mas pode ser que com jeitinho nos faça algum petisco belga. Apesar desta ser a primeira vez que partilho casa com alguém de outro país como já disse, aprecio muito jantares internacionais.

Desde que estou em Milão que já participei nuns quantos e foi com muito gosto que organizei o meu primeiro jantar português à cerca de uma semana. Convidei alguns colegas de outras países que conheci ao longo do semestre aqui em Milão e algumas horas antes comecei a montar a ementa. Fiz sopa, prato principal e sobremesa. Comecei com o tradicional caldo verde, sopa que é muito característica da cozinha portuguesa. Como prato principal, fiz Bacalhau à Gomes de Sá - um prato de bacalhau nunca pode faltar - e um outro prato mais em jeito de petisco, muito ao jeito português - Peixinhos da Horta com Arroz de Tomate. Para terminar, Arroz Doce - que finalmente consegui deixar no ponto - e Bolo de Bolacha.

O Erasmus também me tem motivado para aprender e melhorar as minhas abilidades na cozinha portuguesa. Várias foram já as vezes que me pus na cozinha com a minha avó no Skype para ir recebendo conselhos em tempo real. Neste momento, já sou capaz de pôr de pé uma refeição bastante satisfatória e representante da culinária do meu país e isso deixa-me bastante satisfeita.

5. Sair da nossa zona de conforto

Há muita gente que faz Erasmus sem o fazer! É fácil ficar protegido no nosso grupinho incial ou numa micro-esfera onde só existem outros estudantes da mesma nacionalidade que a nossa, que só falam a mesma língua e têm os mesmos hábitos.

Erasmus é o período ideal para pôr em causa e "abanar" a nossa maneira de ver a vida, conhecendo outras maneiras de a afrontar. Contactar com outras culturas é enriquecer o pedacinho que conhecemos do mundo. É, também, uma maneira de ganhar competências de gestão de conflitos e mediação, valores fundamentais no mercado de trabalho e na vida adulta.

Porque não começar por partilhar a casa com alguém de outro país? Se todos fossemos mais abertos a essa possibilidade, talvez mais estudantes pudessem ter uma experiência de Erasmus mais completa.

Preparem as malas e comecem a vossa experiência Erasmus!


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