Um dia em Viseu

Um dia em Viseu é garantia de um dia bem passado.

(http://www.centerofportugal.com/pt/viseu/)

A cidade de Viriato, que é capital de distrito e fica no centro do país, mas a querer fugir para o Norte do mapa, tem muito para oferecer. Esta bonita cidade das beiras é conhecida pelas suas ligações a Viriato e aos heróis lusitanos que a defenderam a mantiveram impenetrável durante largos anos. Mesmo quando confrontados com o terror do poderia externo, eles mantiveram-se inalteravelmente heróis.

Se te estás a perguntar como podes chegar a Viseu, o que não falta são acessos. Autoestradas, IP’s e estradas nacionais atravessam o concelho. Há quase tantos acessos como rotundas. Sim, acreditem. Há imensas rotundas na cidade. Aquilo é um mar de rotundas non-stop. Quem tira a carta ali, deve ficar expert na circulação em círculos. Se não tens veículo próprio, tens sempre a possibilidade de apanhar um comboio. Ah, espera. Não podes, não! Viseu não tem estação ferroviária. Sim, uma parvoíce que vai ser corrigida em breve. Mas não desesperes, pois o que não falta para lá são autocarros! Podes comprar um bilhete em qualquer localidade em que te encontres. É menos confortável e demora mais tempo, concordo. Mas é o que há até estrearem a nova linha toda pipi.

(https://nit.pt/out-of-town/back-in-town/jardim-sensorial-descobrir-viseu)

Por outro lado, se a tua questão é saber como te podes movimentar dentro da própria cidade, creio que é Viseu que tem a resposta perfeita para ti. Para além do serviço de transportes públicos da cidade, que te pode transportar rapidamente para qualquer lado. E por rapidamente quero dizer, rapidamente para um autocarro público. Para o caso de quereres uma opção mais saudável, podes sempre alugar uma bicicleta – ou levar a tua - e fazer-te à estrada. A câmara municipal está a apostar numa rede de ciclovias para fomentar a mobilidade verde, ou amiga do ambiente!

Para vos dar um enquadramento do que vão encontrar, posso confidenciar-vos que vão achar uma cidade com uma região antiga e centro histórico muito tipicamente português. A cidade tem cem mil habitantes. Este valor, para a região do país que estamos a falar – e que leva grande tendência para a desertificação -, é um número bastante respeitável. Creio que se enquadra como uma das maiores cidades da sua região e, claramente, da região centro – retirando a Área Metropolitana de Lisboa. Pelo que pude averiguar no ponto de turismo da cidade, o concelho está dividido em vinte e cinco freguesias e tem como principais municípios vizinhos nomes como Tondela – com uma equipa de futebol no principal escalão e que atrai muita gente para a região e cidade -, Mangualde ou Castro Daire, entre outros. Tem, a par de Braga, sido destacada como uma das melhores cidades para se viver. Como podem imaginar, esta é uma característica que muito aprecio e que, obviamente, me fez aguçar o interesse em conhecê-la um pouco melhor.

Fascinada pela sua história, pedi algumas informações. Querendo sempre saber mais, acabei por ter uma verdadeira aula. Resumindo a coisa, por assim dizer, é preciso começar pelas origens, que vem lá dos anos anteriores ao império romano. Depois, com o erguer desse império, a cidade acabou por ganhar importância pois muitas trocas comerciais e estradas passavam por aquela zona. Como já disse, o homem da resistência chamado Viriato, nasceu por aquelas bandas e por isso é motivo mais que suficiente para se ter tornado um exemplo, símbolo e estandarte daquela localidade. A cidade acabou por ter grande reboliço, tendo sido elevada a diocese, invadida e ocupada por muçulmanos e a batatada entre eles e os cristãos, como não seria de esperar outra coisa, era constante. Dizem que aquilo esteve quase desértico, até que um Conde de Coimbra com nome estranho – Hermenegildo ou qualquer coisa que o valha -, decidiu que Viseu era um excelente sítio para repovoar. Muita coisa se passou por lá entretanto, entre reis fugidios e símbolos de resistência que nem Viriato 2.0. Contudo, passemos ao que importa que não só de factos históricos se faz um turista.

Uns belos locais para visitar, segundo me disseram, podem ser algumas das serras envolventes, pois o terreno que rodeia a cidade é bastante montanhoso. As serras, só para ires ao google ver do que estou a falar, chamam-se Lapa, Arada, Caramulo, Lousã, Estrela, Leomil, Montemuro e Lapa. Claro que algumas não são em Viseu, mas nunca terás que andar muito com o carro para lá chegar. E isto é coisa para umas subidas valentes e uma caminhada árdua, pelo que o melhor é mesmo levares umas boas sapatilhas. Um detalhe interessante que o senhor do turismo partilhou comigo foi que Viseu é uma cidade com microclimas, neste caso mais especifico, feito de extremos. Ou temos invernos muito rigorosos ou verões em que grelhamos apenas por sair de casa. Qualquer coisa, o melhor é mesmo tentar encontrar uma fonte e refrescar a corpinho. Até porque o concelho é banhado por três rios, por isso o que não falta por Viseu é água. São eles o Vouga, Dão e Pavia.

Ainda falando do tempo, que é sempre um tema importante para os turistas – não há nada mais desagradável que planear uma viagem à neve e só apanhar frio de rachar ou querer dar uns passeios pela cidade e estar no centro de uma tempestade tropical. A chuva cai, principalmente, entre Janeiro e Abril, inclusive. Também não esperes muito calor. No hemisfério norte é inverno, pelo que o frio é o prato do dia. Convém dizer que frio em Portugal são dez graus, ou seja, verão na Suécia. A primavera espera-se que seja amena e amiga de caminhadas. Tempo tranquilo sem chuva e o melhor para algumas corridas, passeios pela cidade ou pela montanha. Um piquenique também pode ser uma excelente ideia! O verão é carregado com o belo de um calorzinho que merece ser aproveitado, pois a cidade desfralda-se para o verão. Está preparada para ele e, como qualquer cidade portuguesa, é altura para a festa. Mas já lá vamos, seus curiosos…

Se és daqueles que gosta de ver que tipo de verdura existe por estes lados, recomendo que procures Soutos de castanheiros e carvalhos-negral de modo a evitar as aglomerações de eucaliptos, árvore que devia ser banido do país. Causa mais dano que o lucro que traz. Que plantem pinheiros, se querem fazer vida da madeira, que essa bugiganga dos eucaliptos são umas bombinhas espalhadas pela mata à espera da melhor ocasião para arder.

Quanto ao ambiente que se vive nas ruas da cidade, que está dividida em vinte e cinco freguesias – vinte e cinco! -, podemos dizer que é saudável. A maior parte dos seus habitantes encontra-se entre os vinte e sessenta anos de idade o que forma uma grande massa adulta a encher as ruas com vida, sonhos e anseios. De realçar também que, pelo menos quando eu lá fui, era quase tão frequente apanhar um carrinho de bebé como uma rotunda. Pelos vistos, não só se fazem rotundas em Viseu. Fazer bebés também se está a tornar num ofício muito requerido.

São muitos os pontos de interesse para visitar. E pode usar o Funicular para visitar a maior parte deles. A viagem de funicular atravessa o centro e promete ser um dos destaques da tua viagem. Vou colocar aqui uma lista resumida dos locais que me foram recomendados e indicados como essenciais:

• Castro de Santa Luzia, Estátua de Viriato, Sé de Viseu, Igreja da Misericórdia, Cava de Viriato, Teatro Viriato, Cine Clube de Viseu, Ponta do Soar, Muralha Romana, Basílica de Viseu, Convento de Néris, Casa Museu Almeida Moreira, Igreja do Carmo, Museu Grão Vasco, Solar dos Condes de Treixedo – o que significa uma ida ao montepio -, Paços do concelho, o Paço da Torre, Pavilhão Multiusos, Teatro Viriato, e o Palácio do Gelo, que se trata do Shopping da cidade.

(http://olhares.sapo.pt/viseu-foto6120151.html)

Se fores a Viseu à procura de cultura, prepara-te porque há muito por onde escolher. A cidade tem vindo a crescer culturalmente e são várias as iniciativas que vão neste sentido. A lista de recomendações que me fizeram incluía o Jardins Efémeros, que, segundo o que soube, é um evento que tem como objetivo de juntar o talento contemporâneo nacional em diversas áreas da cultura e coloca-los num jardim, a falar e a mostrar o seu trabalho. São também usados espaços históricos, não ficando limitado ao canteiro dos malmequeres… As áreas que “vão a jogo” são literatura, cinema, música artes plásticas e visuais, teatro, dança e arquitetura e as atividades comtemplam desde oficinas a conferências. Todavia, este é apenas um de muitos. Podes frequentar o Festival de Teatro. Levado a cabo pelo Teatro Viriato, juntam companhias teatrais de todo o país para exibição das mais determinadas peças que, com certeza, saciam todos os gostos. De realçar que o teatro sai para a cidade, pelo que é possível ver uma peça de teatro enquanto se come um gelado numa esplanada. E que bem que sabe! Para ouvir um pouco de música, o Festival de Jazz de Viseu poderá ser uma boa escolha, mas estou certo que se destacam a Feira de São Mateus e a Semana Académica do politécnico da cidade. Colocando as coisas mais ao pormenor, comecemos pela Feira de São Mateus. As suas origens são quase tão antigas quanto Portugal e o nome de Feira de São Mateus, mesmo letra a letra, já vem do tempo em que nem havia comboios! E se te lembras de ver comboios em filmes que representam séculos atrás, faz bem as contas do quão antiga esta feira é e do respeito que merece. Montada num campo com metro quadrados para dar e vender, há desde feira a exposição de artigos para muitos dos gostos dos fregueses. E gente é o que não falta por lá! Contudo, a maior parte vai pela música. Uma semana – ou mais até – onde os melhores artistas nacionais vão ocupando o palco principal e fazendo lucrar as barraquinhas de cerveja. Quanto à Semana Académica, já se sabe o que esperar. Estudantes embriagados abanam o corpo enquanto ouvem uma banda que souberam que existia assim que saiu o cartaz, tendo-se tornado nuns enormes fãs nas duas semanas que antecederam a Semana Académica. Fora de brincadeiras, verdade é que vem malta de todo o país para celebrar a vida académica em Viseu. Claro que as mais tradicionais são as de Coimbra e dos centros Porto e Lisboa, mas Viseu também tem algo a dizer nessa luta pela celebridade festivaleira.

Se gostas de cinema, acalma-te que também há coisas para ti. Eu destacava o CNC, que consiste na passagem de filmes numa praça da cidade, o 47 ShortMedia, onde passam curtas-metragens e o Shortcutz Xpress Viseu, que insere a cidade numa rede internacional de festivais e concursos de curtas-metragens, sendo, portanto, um evento onde grande parte das películas exibidas são nacionais.

Se a tua onda de passeios passa por visitar os Shoppings das cidades por onde passas, Viseu tem que ser um dos teus targets! Na cidade não há um, não há dois, mas sim três superfícies comerciais desejosas de dar aso às tuas aspirações consumistas capitalistas. O mais central é o Fórum Viseu, isto apesar de não ser o mais bem composto. É composto por mais de oitenta lojas, mas, sejamos honestos, não são lá grande coisa. Não é um shopping que encha o olha ou que dê variedade na hora de comer. Por isso mesmo o melhor mesmo é mudar de ares e ir ao Palácio do Gelo Shopping! Este possui mais do dobro das lojas que o Fórum e todas elas metem bastante respeito. Senão vejamos: tem a maior Rádio Popular de Portugal, a segundo maior FNAC (LOUCURA!!!) e sala de Cinema Lusomundo com capacidade para passar vídeos em três dimensões! E, como é óbvio, todas as lojas âncora que estás habituada a ver: Zara, Natura, Bershka e por aí adiante. Já sabes o resto da lengalenga. O hipermercado que explora o espaço é o Jumbo. Sei que preferiam o continente, mas é o que há. Um caso curioso e que vale a pena visitar é o Bar de Gelo. Sim, é literalmente um bar feito de gelo. Mesmo que seja verão, vais ter que entrar com o casaquinho bem apertado para beber uma bebida, claro está, fresquinha. O terceiro centro comercial da lista é o Retail Park, que não foge ao comum dos Retail Parks…

Procuras um ambiente cultural? A Biblioteca Municipal de Viseu é a resposta para os teus anseios! Situada na Rua Aquilino Ribeiro, está à tua espera com diversas secções e uma belíssima coleção de livros e, claro, com os jornais do dia! Inaugurada em 2002, é um espaço que ainda pode ser considerado recente. Modernismo numa cidade cheia de locais históricos.

(https://www.viajaremfamilia.com/viseu-em-familia-passeios-visitas/)

Estando por Viseu, o que não pode faltar é a bela da paparoca. O que comer em terras de Viriato? Bem, o recomendo passa muito pelo belo Rancho à moda de Viseu ou por um cabritinho assado ou vitela assada, com um arrozinho de forno. Se preferes comer peixinho, Viseu também tem pratos para o teu paladar. Destacam-se o bacalhau na brasa, bacalhau à lagareiro e as trutas de escabeche. Para acompanhar um belo vinho do Dão. Fechar a refeição em beleza é necessário, pelo que o melhor é comer algum dos inúmeros doces típicos de Viseu. Talvez umas castanhas de ovos de Viseu ou, se fores de outros gostos, um arroz doce que tem tradição na zona. Curiosamente, Viriato é não só o nome do herói da terra com de uma sobremesa.

Um ponto turístico que, depois da comidinha, não podes saltar é o Parque do Fontelo. Os dez hectares da antiga mata, agora transformada em parque para ser aproveitado pelos habitantes e visitantes de Viseu, fazem desse espaço um belíssimo centro de atração para conjugar um interesse pela Natureza, pelo sightseeing e simplesmente por respirar algum ar puro num mundo cada vez mais contaminado com os ventos empestados da cidade. Não só poderão ver animais na zona, como é o sítio ideal para levarem o vosso.

Viseu é uma cidade histórica. É uma cidade para diversão. Diverte-te a descobrir o centro norte do país!

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