O melhor de Viena (Pt3)
“Innere Stadt” (continuação)
O anel interior de Viena é na verdade enorme e, para além do casco histórico que apresentei na parte 2, compreende ainda outras referências monumentais e locais de interesse muito valorizados pelos turistas.
Olhando para o mapa da cidade, é fácil localizar-nos, dado que Viena é uma cidade muito ordenada. A ordem de destaques que tenho estado a apresentar segue o fio lógico do roteiro pelas zonas pedonais do eixo central.
As coisas ficam todas relativamente perto umas das outras, o que significa que dá para passear calmamente pelas ruas e ficar a conhecer o que a cidade de melhor tem para oferecer. A questão, contudo, é precisamente essa: Viena tem muito, mesmo muito para ver e visitar!
É impossível fazer tudo o que se refere ao “Innere Stadt” no mesmo dia, mais ainda se quisermos visitar os monumentos e edifícios por dentro, mas dividindo por secções, um pouco como tenciono apresentar neste artigo, conseguimos organizar manhãs/tardes muito ricas, divertidas e diversificadas. Ainda assim, tanto que fica de fora… Sítios que talvez só quem vive na cidade, nomeadamente em Erasmus, poderá explorar na totalidade!
Regressando então à intersecção que tinha mencionado em último lugar, chegamos a uma das mais importantes zonas da cidade - o complexo Hofburg.
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Michaelerplatz – Joseplatz
Detalhes na Michaelerplatz
Vindo da rua Kohlmarkt, o grande chamativo da Michaelerplatz é o facto de ser uma das entradas para o Palácio Imperial de Hofburg. Com o significado de “Castelo da Corte”, este era a antiga residência oficial da Casa de Habsburgo, soberanos por de mais de seis séculos não só do Império Austríaco, mas também do Sacro Império Romano-Germânico.
Trata-se na realidade de um enorme complexo, conectado por grandiosas alas (tendo sido ampliado ao longo dos séculos), o qual até 1918 constituiu o centro do poder político monárquico.
Fazem parte diversas residências, capelas, museus, a Biblioteca Nacional austríaca (“Hofbibliothek”), o Tesouro Imperial (“Schatzkammer”), a Escola Espanhola de Equitação (“Hofreitschule”), os Estábulos Imperiais (“Stallburg” e “Hofstallungen”) e o Teatro Imperial (“Burgtheater”), num espaço de cerca de 20 hectares marcado essencialmente pelo carácter luxuoso dos edifícios, ilustrando o imenso poder da Casa d’Áustria.
Fachada da Ala de Miguel, “Michaelertrakt”, vista da Michaelerplatz
Fachada da Ala da Chancelaria Imperial, “Reichskanzleitrakt”, vista do pátio interior
Em termos de visitas ao interno do palácio, o bilhete de estudante custa 14€ e inclui admissão aos Apartamentos Imperiais (“Kaiserappartements”), ao Museu Sisi e ainda à colecção de prata (“Silberkammer”) do Hofburg.
O acesso à Câmara do Tesouro, onde se encontram as insígnias imperiais austríacas, entre outras relíquias de arte sacra e jóias do Sacro Império Romano-Germânico, tem o custo de 9€ para estudante.
A Escola Espanhola de Equitação, centro de treino de jóqueis e dos seus cavalos Lipizzan - a raça de cavalo mais antiga da Europa, de herança espanhola – pode igualmente ser visitada, assim como também se podem assistir às apresentações na Escola de Equitação de Inverno (“Winterreitschule”). Para mais informações sobre horários e preços, podem consultar o sítio oficial.
Ainda que eu me tenha ficado pelo exterior do Hofburg, estes são conteúdos que merecem claramente realce. A questão maior do palácio é que é tão grande e tem tantos pormenores em relação aos seus edifícios que se torna complicado ver todos na mesma altura. É efectivamente necessário ter a planta na mão para nos orientarmos!
Seguindo pela Augustinerstraße, rua que nos guia de novo até ao teatro da ópera (no qual comecei este trajecto no centro histórico), outra praça relevante que surge é a Josephplatz. Destaca-se aqui a fachada da grande “Biblioteca da Corte”, onde se encontram importantes colecções de livros e modelos artísticos. É curioso que o edifício quase tenha colapsado no século XVIII devido ao peso dos livros…
No seguimento da rua, ergue-se a Augustinerkirsche, igreja paroquial do Hofburg com particular importância pelos concertos de música sacra. O museu Albertina, já no final da rua, notório do ponto de vista aritectónico, detém grandes colecções de arte que pertenciam à família real, assim como exposições especialmente dedicadas aos grandes maestros da pintura, sendo um dos museus mais procurados pelos amantes de arte e cultura. Tem o custo de entrada de 11€ para jovens com menos de 26 anos.
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Burgsgarten – Heldenplatz - Volksgarten
Com as guerras napoleónicas do início do século XIX e a necessidade (ou capricho) dos nobres em construir os seus palacetes dentro da cidade, foram erguidas novas muralhas em Viena no lugar da actual Ringstraße, que circunda o distrito 1, isto é, o centro antigo que tenho estado a reportar.
A Ringstraße é uma das maiores referências de Viena, principalmente pela edificação em estilo histórico eclético – “Ringstraßenstil” – que se faz notar usando elementos neo- do clássico, gótico, renascentista e barroco. São alguns destes edifícios bastante significativos que mencionarei doravante neste texto sobre a capital austríaca, mas em primeiro lugar, falemos dos três enormes jardins organizados no interior da circunvalação, agregados ao complexo Hofburg.
O Burggarten, um enorme espaço verde, era o jardim privado do castelo, situado do outro lado da Augustinerstraße. É um local muito agradável e sossegado, onde se pode relaxar e fazer piqueniques à sombra das árvores. No terraço do restaurante Palmenhaus desfrutam-se de belas vistas para todo o parque.
Burggarten, destacando-se as esplanadas do Palmenhaus e lá atrás o campanário da igreja de Santo Agostinho.
No canto superior do jardim situa-se a “Casa Imperial de Borboletas” (“Schmetterlinghaus”), um museu único e excitante que mostra um ambiente exótico onde centenas de borboletas coloridas voam livremente. Com um preço de 5.5€ para jovens com menos de 26 anos, é uma forte recomendação minha para um programa diferente em Viena.
Do lado oposto, sendo efectivamente a entrada principal no Burgring para o parque, encontramos o monumento de homenagem ao inigualável compositor austríaco Mozart. É uma área muito bonita, não só pela estátua em mármore branco de Laas, mas também pelo desenho florido de uma clave-de-sol que decora o relvado em frente, local de eleição para fotografias.
“Mozartdenkmal” no Burggarten
O flanco esquerdo do Burggarten é dominado pela ala sudoeste do Hofburg – “Neue Burg” (“Novo Castelo”), que actualmente aloja numerosos museus (como o Museu Ephesus, a Colecção de Armas e Armadras, a Colecção de Antigos Instrumentos Musicais e o Museu de Etnologia), assim como salas de leitura da Biblioteca Nacional e o renomado Centro de Conferências Internacionais.
Fachada do Neue Burg, vista do Burggarten
A fachada contraposta serve a Heldenplatz (“Praça dos Hérois”), um amplo espaço a descoberto onde teria sido construída simetricamente outra grandiosa ala, como parte do plano do arquitecto Semper para o designado “Fórum Imperial” a pedido do emperador Francisco José I, que não chegou a ser completado.
Fachada do “Neue Burg”, vista da Heldenplatz. Note-se a estátua equestre do príncipe Eugénio de Saboia.
Heldenplatz, realçando a estátua equestre do arquiduque Carlos
Um dos eventos mais memoráveis que teve lugar nesta praça foi o discurso de Hitler da varanda do Neue Burg, proclamando a união da Áustria (“Anschluß”) ao Terceiro Reich nazi.
Atravessando a todo o comprimento a Heldenplatz, entramos no Volksgarten, o “Jardim do Povo”. É também este um parque muito aprazível, até mais bonito que o Burggarten, com os seus belos canteiros floridos que ornamentam uma extensa avenida interior, óptima para passear ou andar de bicicleta. No centro, ergue-se o Templo de Teseus (“Theseustempel”), projectado em estilo neo-dórico, decalque do Templo de Hefesto em Atenas.
De outro modo, saindo desta praça pelo colossal portão remanescente do antigo castelo – “Äußeres Burgtor”, entramos na outra zona do dito “Fórum”, esta efectivamente concretizada.
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Maria-Theresian-Platz
É uma das praças mais bonitas de toda a cidade, flanqueada pelos museus gémeos de História da Arte (“Kunsthistorisches Museum”) e de História Natural (“Naturhistorisches Museum”). Como não podia deixar de ser, são visita obrigatória para qualquer turista, com preços de 12€ e 7€, respectivamente, para estudantes. Para mais informações sobre horários e bilhetes combinados, inclusive com outros dos destaques que já apresentei, podem consultar os sítios oficiais.
Os edifícios, construídos em estilo renascentista italiano no final do século XIX, são autênticos palácios, coroados com uma cúpula octogonal muito distinta.
“Kunsthistorisches Museum”
No meio da praça ajardinada aparece o célebre monumento dedicado à imperatriz austríaca Maria Teresa d’Áustria, última regente da casa de Habsburgo. Responsável por grandes reformas financeiras e educacionais, promoveu o comércio e desenvolveu a agricultura, além de reorganizar o exército austríaco, tendo sido uma das soberanas europeias mais poderosas.
“Maria-Theresian-Denkmal” e “Naturhistorisches Museum”
A Maria-Theresian-Platz é mais um exemplo da diferenciação histórico-cultural de Viena, nomeadamente em relação a outras cidades europeias, prezando por uma ilustre ostentação, símbolo do imenso poderio da família Habsburgo. No fundo, toda a cidade é monumental.
O carácter museológico desta parte do complexo Hofburg deu o mote para a criação do chamado “Quarteirão dos Museus”, na fronteira do Innere Stadt com o distrito Neubau.
É por si só um complexo bastante grande – oitava maior área cultural do mundo - do qual se destacam o MUMOK e o Leopold Museum, que albergam as maiores obras de arte moderna e contemporânea do país, dispondo de diversas visitas guiadas pelas instalações e espaços de exibição.
Fachada central da entrada, vista da Museumplatz
O MQ é uma verdadeira montra cultural moderna, lar de vários centros artísticos e estúdios de comunicação social, onde decorrem frequentemente apresentações de dança e música, sessões cinematográficas e de moda, assim como actividades de lazer para famílias e crianças. Muitos eventos culturais, e sobretudos festivais internacionais, têm aqui lugar. Existem também toda uma zona “shopping”, com várias lojas, não só associadas aos museus, mas também de roupa vintage, música, electrónica, arte cómica, etc.
O pátio interior é super acolhedor, onde podemos “abancar” nas esplanadas e desfrutar de um final de tarde, com uma bebida na mão, por exemplo o mítico Spritz, sendo por isso um ponto de encontro na capital.
Com isto, termino mais uma secção “do melhor de Viena”. É, de facto, uma cidade incrivelmente rica e decorativa, claramente marcada por um passado histórico que dá a transparecer, de forma evidente na arquitectura e oferta cultural, luxo e grandiosidade. E muito mais está para ser descrito, pois ainda não falei nada dos grandes palácios ex-libris de Viena…
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