Thesy: fotocópias e uma surpresa

Se há algo que faz parte da vida de um estudante, são as fotocópias.

O quarto do estudante é composto por fotocópias. Os amigos do estudante são fotocópias. E, quiçá num futuro próximo, o estudante não venha a comer fotocópias. Por enquanto, fiquemos pelas massas com atum…

Fotocopiar deve ser um dos verbos mais conjugados pelo estudante. Aliás, é um dos temas de conversa mais populares. Todos querem ter todas as fotocópias disponíveis, mesmo que depois não venham a ler nem metade… só para não eliminar a hipótese de aprendizagem pro osmose logo à partida. Sendo algo tão dramático na vida de um estudante universitário, tinha alguma curiosidade para que ver este ponto seria encarado num país estrangeiro. No meu caso específico, Itália.

O primeiro ponto que me chamou a atenção foram as fotocopiadoras omnipresentes. Espalharam-se por os cantos da faculdade, como uma praga que queremos alimentar para que elas se reproduzam ainda mais. Já sabemos: fotocopiadoras nunca são de mais. O que mais me surpreendeu neste facto foi o estigma ser muito mais reduzido. No meu país Natal, reproduzir um livro é considerado crime, pelo que somos aconselhados a reservá-lo na biblioteca ao invés de o levar para casa. Isto leva sempre a situações de sobrevivência, pois existem apenas dez manuais para servir uma turma de cem pessoas.

A coisa transforma-se numa espécie de Hunger Games

... versão biblioteca, onde os tributos mais bem preparados para escapar da arena são os nerds com encantos eficazes sobre a velhota da receção.

Se tirares fotocópias, tens que as esconder dos professores com medo de ser incriminada, tal e qual membro de um gangue criminoso que em vez de estar virado para o banditismo decidiu que livros académicos é que era negócio de futuro!

Em Verona, pelo contrário, na biblioteca existe apenas um manual disponível de cada livro e não é possível requisitá-lo. És, inclusivamente, aliciada para criar uma “tessera” – um cartão onde colocas dinheiro para tirar fotocópias. Consigo imaginá-los a dizer: Vá lá, menina, fotocopie esse livro. Se for preciso, chamamos o escritor para a ajudar a escrever os capítulos.

Portanto, quando decidi ir tirar fotocópias a uns documentos importantes, segui o caminho todo de cabeça erguida. Dirigi-me para uma Thesy presente no fim da minha rua. Existem duas na zona da faculdade, que ficam mais perto da zona onde eu vivo. No entanto, já tinha ouvido falar daquela e queria ir examinar a qualidade do espaço com os meus próprios sentidos.  

Ao chegar fui surpreendida por um belo espaço envidraçado. Decorado em tons de madeira, o espaço estava preparado para acolher os estudantes como uma segunda casa. Não só tinham fotocopiadoras capazes de colocar um brilho dos olhos de um estudante em plena fase de exames, como também possui um dos bares mais bonitos que vi desde que cheguei a Verona.

Tirei as minhas fotocópias, mas, confesso, o meu olhar tinha recaído sobre as bebidas que iam sendo servidas nas mesas.

Como soube desde que entrei, ia sentar-me numa cadeira, fazer o meu pedido e ter todo o prazer em provar um daqueles sumos servidos em copo brilhantes.

Pedi uma “Spremuta”, que é o mesmo que dizer um sumo de laranja natural, e um “espresso”, que nem sequer preciso de dizer o que é.

Quando o pedido chegou à mesa, prometi a mim própria que iria aproveitar bem a bebida. Fazer algum tempo ali e tirar o melhor que aquela experiencia tinha para dar. Acabei por beber o sumo em três goles. Penso que isto é sinal da qualidade do serviço! 

Outro ponto positivo:existem tomadas nas mesas, para podermos recarregar a bateria dos nossos aparelhos eletrónicos e assim podermos estudar ou terminar um trabalho, por exemplo. É verdadeiramente um café com ambiente estudantil, o que é sempre bom.

Ao sair com as fotocópias debaixo do braço e o sabor doce na boca, estava convencida que aquele seria um sítio que me iria ver novamente...

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