O paladar adora-me, a carteira... nem por isso
O que mais tenho comido desde que cheguei a Verona são hambúrgueres, todos os tipos de massas que possam imaginar e pizza.
São os ingredientes mais baratos nos supermercados italianos. O meu paladar estava já um pouco saturado, para dizer a verdade. Decidi dar-lhe uma nova experiência. Um conjunto novo de sabores.
Quando convidei uma amiga para ir comigo ao restaurante La Canonica, sabia que ia ter uma experiência diferente.
(http://www.verona.net/lacanonica)
O restaurante (“Ristorante”, se quiseres ser mais típica) La Canonica fica localizado na Via Valerio Catullo. É um pequeno espaço que, se estiveres desatenta, pode até passar-te despercebido. Eu encontrei-o por acaso. Gosto de percorrer as pequenas ruas das cidades, porque são as que guardam os melhores segredos, e acabei por me deparar com um pequeno restaurante de excelente apresentação. O seu lema agradou-me: La cucina è vita, passione, poesia. Ou, em português, “A cozinha é vida, paixão, poesia”. Parecia ter os ingredientes ideais!
O espaço está decorado com madeiras claras. A temperatura é amena. A luminosidade é boa, mas longe de ser ofuscante. Tem um ambiente perfeito para passar um bom bocado. Ao chegar, sentámo-nos numa mesa para duas pessoas. Um senhor, com um largo sorriso, ofereceu-se para guardar os nossos casacos num armário privado. Aceitei com todo o gosto.
(http://www.verona.net/lacanonica)
Para começar a refeição, pedimos um “pré-prato”. Algo que não é uma entrada, mas também não é bem parta da refeição. No meu caso, chegou-me à mesa uma papa de tomate com azeitonas, temperada com especiarias. Para acompanhar, o senhor entregou-nos uns grissini com curry. Basicamente, são uns pedaços compridos de pão crocante. Recomendo vivamente.
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Uma parte curiosa deste restaurante é que, após servirem os pratos, os empregados esperavam que se fizesse silêncio na mesa e anunciavam os detalhes de cada prato. Não consegui não considerar o momento algo cómico.
(http://www.panedivino.it/la-canonica-a-verona-un-ristorante-di-eccellenza/)
Acabado o “pré-prato”, poderia jurar que comendo apenas a sobremesa ficaria satisfeita. No entanto, sabia que era o meu estomago a pregar-me partidas. Por isso, e seguindo a tradição italiana, seguimos para uma longa jornada de pratos. Sim, porque a tradição aqui é comer o primo piatto, o secondo piatto e por aí adiante.
(https://www.tripadvisor.com/LocationPhotoDirectLink-g187871-d8673096-i223228694-La_Canonica-Verona_Province_of_Verona_Veneto.html)
O primo piatto que pedíamos foi um risotto com bacon, salpicado com azeite balsâmico. Os pratos, apesar de parecerem “comida para lingrinhas”, enchem bastante. O sabor dos ingredientes estava particularmente acentuado. Aveludado. Notava-se que quem quer que fosse o cozinheiro, sabia muito bem o que estava a fazer. Dito isto, pedimos o secondo piatto.
Para o segundo prato, pedimos bochechas de vitelo, acompanhadas de tomate cherry e molho de brócolos. A carne era macia, cuidadosamente preparada e temperada. Era, de facto, uma refeição divinal. Aquele parto, por si só, podia ser o meu jantar que nada teria a dizer. Mas sentia que estava num dia de festa e, por isso, era dia de comer avantajadamente! Terminado o secondo piatto, decidimos que estava na altura de fechar as hostilidades e passar para a sobremesa.
Como está claro, tivemos direito a um sorbet de limão para limpar o paladar. Isto tem como objetivo partirmos para a sobremesa sem que a mesma nos saiba aos pratos que tivemos anteriormente. O sorbet de limão vinha acompanhado com migalhas de bolacha de chocolate. A sobremesa propriamente dita chegou em estilo. A sua cor, apresentação e cheiro eram a sua melhor carta de recomendação. O que era? Mousse de pistachio acompanhada com amêndoas e pedaços de bolacha. Acabou por ser muito melhor que o esperado! Doce, rica e a textura… A textura “morbida” fazia a boca sonhar com outros patamares.
O ambiente era acolhedor. A barriga estava cheia. A conversa animada. Tudo isto serviu para que nos deixássemos estar nuns últimos quinze minutos de conversa. Ao sair, paguei a conta (quanto ao preço… prefiro não dizer para não o ter a agoniar as minhas memórias!) e saí certa de querer voltar.
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