Villa Panza

Varese é uma pequena cidade a cerca de 40km de Milão, bm perto da zona dos lagos. É um pequeno borgo muito característico, recheado de pequenas maravilhas que merecem no mínimo uma manhã de visita num dia dedicado aos Lagos, por exemplo. 

Foi um local importante durante as várias conquistas e reconquistas devido ao seu posicionamento estratégico e já muito fronteiriço com as montanhas. No período de Mussolini ganhou alguma notoriedade e foi considerada capital de Comune. Hoje, no centro, ainda é possível ver a praça central, onde se reconhecem plenamente as características da Arquitectura Fascista.

Vista geral de Villa Panza - Março de 2017

No topo da cidade, num ponto já alto da colina, encontra-se Villa Panza, ou para ser mais concreta Menafoglio Litta Panza, uma villa setecentesca em forma de um, detentora de um jardim teatral, e que ainda hoje pertence a uma das famílias mais importantes do ponto de vista histórico e administrativo de Varese.

De que se trata? 

Actualmente, Villa Panza está sobre alçada do FAI - o Fondo Ambientale Italiano - uma organização non-profit que desde os anos 90 se dedica à preservação e restauro de muito património um pouco por todo o território italiano. 

É impossível falar de Villa Panza e do que ela e hoje sem falar de uma figura importante, Giuseppe Panza, marido da senhora Panza que ainda hoje habita o segundo piso desta villa. Giuseppe recebeu por herança familiar este espaço e sempre o estimou muito apesar de viver constantemente entre Milão e Varese. Era um homem bastante educado e interessado e cedo se começou a interessar pelas Artes. Daí até iniciar-se nos círculos do coleccionismo milanês foi um pequeno passo. 

Vista para o Jardim - Março de 2017

Giuseppe era um apaixonado por Arte do seu tempo, reflectora dos problemas sociais e dos assuntos que demoravam as pessoas. Durante a sua vida viajou muito, primeiro na Europa e depois nos Estados Unidos, onde foi sempre muito bem recebido, em busca de novas peças e novos artistas. Procurava acima de tudo talentos ainda pouco conhecidos e que de certa forma o impressionassem. Depois convidáva-os, sempre que possível, a visitá-lo em Varese ou a desenvolver uma parceria. 

Ao contrário da maior parte dos espaços museológicos do seu tempo, o coleccionador optou por integrar as obras que ia adquirindo nos ambientes da villa, fazendo das peças um novo elemento decorativo; vivendo a Arte. Mais tarde, devotou uma das alas da Villa - a Escudaria - apenas à sua colecção e passou a poder acolher obras de muito maior dimensão e a poder convidar artistas a intervir directamente no local - fazendo os chamados "Site Specific" - obras que só vivem no local em que foram feitas.

Depois da sua morte, em 2010, algumas das peças foram cedidas aos mais renomeados museus de arte contemporânea do mundo e alguns outros espaços de exposição em Itália. No entanto, bastantes peças permaneceram ainda na Villa. Sobre a condição de manter o segundo piso da Villa, a habitação familiar, a colecção que resta foi deixada sobre a alçada da FAI, que pouco tempo depois abriu este espaço ao público, que hoje pode ser visitado por todos os curiosos. 

O tratamento do Jardim - Março de 2017

Como chegar?

A partir de Milão, a melhor forma de chegar a Varese - e também a mais cómoda - é o comboio, já que no local existe pouco estacionamento e o que existe é pago. O comboio parte durante todo o dia, com uma periocidade mínima de 1h e custa cerca de 5,50€ - versão regional em Março de 2017. A viagem demora cerca de 50 minutos e pode ser iniciada nas estações de Milano Cadorna ou Milano Centrale com direcção a Varese. 

Uma vez em Varese, basta andar um pouco - existe alguma subida incluída mas nada de dramático - seguindo as indicações até à entrada na Villa. 

Quando visitar?

A Villa está aberta todos os dias, com excepção de Segunda-feira, entre as 10h e as 18h, fechando a bilheteira às 17h15. A melhor altura para visitar é durante a semana pois não só o local vai estar menos cheio como também se pode beneficiar de valores mais baixos nos bilhetes.  

É uma visita ainda demorada, cerca de 3 horas, por isso dedicar uma tare ou manhã especificamente a este local, de modo a conseguir ver a Villa, a zona de Exposições (Escudaria), as instalações e os magníficos jardins.

Jardim - Março de 2017

Quanto custa?

O bilhete base para adultos custa 13€ (10€ às Terças e Quartas). Os estudantes até aos 25 anos pagam 10€ (8€ se em dia de semana). Mais descontos só com o Pacote família, sendo associado da FAI ou mediante apresentação do bilhete Trenord utilizado nesse dia para chegar ao local. 

Impressões Finais 

Levei praticamente todo a tarde a visitar este local, aquando de uma visita a Varese, a propósito de um trabalho para a Faculdade aqui em Milão. 

Iniciei a minha visita, guiada por uma das minhas professoras, na zona das Escuderias onde se encontram as peças de Arte Ambiental - trocado por miúdos, peças de Arte que visam modificar a percepção que temos de um espaço, fazendo-nos perder a noção de equilíbrio, a nossa posição no espaço ou a que altura está o tecto. Um dos artistas mais representados nesta zona é Dan Flavin, um artista norte-americano, morto precocemente no dim da década de 90, e que era apaixonado por néons. 

Outras obras que merecem visita nesta ala são as de Turrell, um artista californiano que vivia e vive no deserto e que é fascinado com os pontos de vistas sobre os quais podemos admirar o céu e Irwin, que através das suas peças de tela muito subtis obriga o visitante a esforçar-se po encontrar a saída ou para descobrir o que é que é parede e o que não. 

É um espaço bastante divertido, é Arte Contemporânea dinâmica, mas que não deixa de chamar a atenção para questões que foram centrais no século passado - como é o caso da Guerra do Vietname -, por exemplo. 

Uma das peças de Robert Wilson - Março de 2017 

O corredor deste espaço é um lugar fabuloso que vai mudando de cor consoante os néons a que estamos expostos durante a passagem pelas várias salas.

De seguida, visitei a Villa e alguns dos espaços convencionais de uma casa - salões, salotos e até uma casa-de-banho. Tudo está decorado com uma série de mobiliário do seu tempo e peças de arte monocromática, formando uma mistura muito curiosa. De momento, (Março de 2017), encontra-se uma exposição do artista Robert Wilson chamada "Tales" e que consiste numa série de quadros animados (em versão multimédia), com cenas características ou reproduções de obras famosas. Para tal foram convidados personagens bastante conhecidos, como é o caso de Lady Gaga e Brad Pitt, para encarnar estas cenas. 

O jardim exterior não está isento de arte, as maiores peças encontram-se dispersas neste local. Uma das obras que mais me impressionou foi um pequeno casinhoto desenhado especificamente para o local - em memória de Giuseppe Panza - por um dos artistas que foi por si protegido durante toda a vida. É um espaço que se transforma num pequeno parque de diversões, até para os adultos. 

Os jardins estão repletos de árvores e banquinhos e abeirando-se da vedação é possível observar toda a cidade de Varese do alto, o que é um quadro muito bonito, mesmo nos dias enublados, como foi o caso do dia em que vsiitei este local. 

Outra peça de Robert Wilson - Março de 2017

Para um lanche ou uma refeição, existe no local um café-restaurante com esplanada, chamado Luce. Paralela à zona das bilheiteiras, encontra-se uma pequena livraria onde se pode comprar livros sobre a Villa ou sobre alguns dos artista lá representados. 

É um bom programa para um tarde para todos aqueles que gostam de Arte Contemporânea, estão de passagem pelos Lagos ou têm simplesmente curioisdade. Não achei que fosse nada demasiado conceptual que não possa agradar ao público em geral menos entendido na matéria. P.S. Na bilheteira, existem uns folhetos com o mapa do local e algumas explicações sobre as peças que pode ajudar a melhor entender os vários espaços. 

Recomendo!

Uma das peças de arte no Jardim - Março de 2017