Bairro Santo Antônio Além do Carmo
O Santo Antônio Além do Carmo é um bairro pequeno que faz parte do Centro Histórico de Salvador e fica bem pertinho de um dos pontos mais visitados da cidade, o Pelourinho. Porém, ao invés de uma experiência muito turística e comercial como no Pelourinho, no Santo Antônio você passeia por um bairro de residências, onde moram alguns nativos da cidade, entre artistas, pessoas idosas, também alguns estrangeiros e outras figuras interessantes.
Escolhi começar por este bairro porque criei uma relação de afeto com ele desde 2011, quando escrevi sobre ele para um trabalho da faculdade, a partir de então não parei mais de frequentar! :)
Aqui vão alguns bons motivos para justificar uma caminhada por lá.
Conhecer gente
Tem gente que gosta tanto do bairro que decide morar por lá. E sempre que vou encontro gente nova. Já fiz amigos frequentando o brechó, já tomei chá com um colombiano que encontrei num bar, já conversei com artistas que estavam pintando na porta de casa. Tudo isso neste movimento de andanças livres. Por isso digo que é um lugar que vale a pena ser mais extrovertido e puxar conversa. Cada pessoa que conhecer vai indicando novos rumos.
Visite o brechó do Cabral Descobertas para olhar os achados do colecionador João Cabral, entre máquinas, discos, retratos antigos e fotografias da cidade. Quando vou lá aproveito para tomar um cafezinho e trocar ideia com Vivi, que trabalha na recepção, e outros andantes que aparecerem por lá.
Caminhar e fotografar
Um ambiente muito inspirador para quem, assim como eu, acredita que o melhor jeito de se conhecer um lugar é caminhar e fazer registros das cenas cotidianas, pessoas circulando, observar os tipos, modos de vestir e comportamento. A arquitetura também é linda e as janelas têm um charme especial; é muito comum ver os moradores mais antigos espiando o movimento.
Vistas de pôr-do-sol
Por ser um bairro com vista para o mar, diversos estabelecimentos contam com um visual lindo para a Baía de Todos os Santos, de onde se assiste o mais bonito final de tarde de Salvador, na minha opinião. Entre as minhas paradas preferidas está o Cafélier, um café super charmosa, toque retrô, intimista e, claro, café. É uma portinha com duas janelinhas e quando você entra vê logo os gatos do dono na sala da frente.
Só chegar no bairro e perguntar, todo mundo sabe dizer onde fica. Eis uma foto da entrada, tirei quando passei por lá numa quarta-feira, que é fechado, mas abre de seg a sáb, das 14h às 21h30; dom das 15h às 20h. Apesar do café ser o mais tradicional, acho Salvador muito quente o ano todo e sempre prefiro uma opção mais gelada, como uma salada de fruta com sorvete. Nhami.
Se você caminhar nesta mesma rua até o final vai chegar no largo do Santo Antônio. Uma praça onde fica o Forte da Capoeira (também uma parada interessante, mais tradicional) e uma igreja onde acontecem sambas (falo adiante). O muro que cerca a praça tem a mesma vista para a baía. Também um bom lugar para encostar e ver a tarde cair. Geralmente ficam umas crianças brincando no parque e moradores circulando (só não dê muita bobeira se estiver vazio).
Samba na Igreja
Toda última sexta-feira do mês a igreja que fica no largo conta com um samba de roda super alto astral. Costumo frequentar com uns amigos e é um lugar legal para dançar, curtir o som do grupo Botequim – você pode até entrar na roda, se souber improvisar no pandeiro ou na cuíca - bacana também para conhecer um galera legal e paquerar.
Lá dentro tem bebidas mais populares (água, refri, cerveja) e acarajé/abará, geralmente. E sempre tem o esquenta do lado de fora, na entrada, com os vendedores ambulantes que levam cervejas, refrigerantes, roskas, espetos de churrasco e uma variedade de petiscos para quem quer entrar mais preparado.
Apesar de ser no fundo da igreja não tem nenhuma ligação religiosa, tá? É samba mesmo, música brasileira e de qualidade. :)
Noites de cultura alternativa
Além do samba, o bairro tem uns espaços legais para conhecer a cena cultural alternativa da cidade. Quem sempre bate ponto por lá é a galera ligada às artes e comunicação – músicos, artistas visuais, atores, jornalistas, produtores culturais, arquitetos, designers, entre outros. Quem quer conhecer uma cena fora do mainstream e ver muita gente da nova geração pode aparecer por lá. Estudantes geralmente curtem muito o ambiente. Quando estiver por aqui fica ligado nas agendas alternativas e no site el cabong, são meus guias principais pra essas áreas.
Entre os espaços está o D’Venetta. Um lugar pequeno, é tipo um porão, não tem nada escrito na fachada então vale perguntar para achar também, mas tudo perto. Ó a foto aí embaixo.
Em um final de semana ou outro acontece a discotecagem do Coletivo Nosmoskada, 100% com vinis antigos de música brasileira: Jorge Ben Jor, Nação Zumbi, Gilberto Gil, Caetano etc. Aliás, música brasileira é um dos nossos melhores patrimônios, qualquer oportunidade de apreciar é proveitoso. E tem as cachaças quentes que são boas pedidas também. Se não estiver na vibe musical pode ficar só para uma comidinha, lá eles servem a maniçoba, prato típico do recôncavo baiano.
Melhor cachorro-quente da cidade
Na Travessa dos Perdões, há uns 5min a pé do D'Venetta, tem uma lanchonete chamada Travessa's Lanches. Seria um ponto de lanches básicos que se encontra em todo canto se não fosse pelo cachorro-quente. Já comi e atesto que é um cachorro-quente delicioso, de fato o melhor que já comi na rua. Até o pão é feito na casa pela dona, que já fez curso de panificação. Quando fui da última vez era cerca de R$1 – R$1,50. Bom e barato. Como fica num lugar mais escondido, aconselharia ir com mais um amigo, só para não ter surpresas.
Ponto alto no Carnaval
Apesar de nascida em Salvador, não sou muito chegada à euforia carnavalesca durante todo o período, então fico de olhos nos circuitos alternativos. É menos cansativo, mais suave, menos apertado. O que mais gosto são os blocos que tocam marchas de carnavais antigos. Tem o Rodante, que é um bloco criado pelos moradores do bairro do St Antônio e todo ano faz uma festa muito alto astral, vai até criança de colo! Eles circulam pelas ruas, becos e vielas do bairro com uma banda na frente e a galera cantando e dançando atrás. Lindo de viver. Da última vez que fui saí quase 2 da manhã e ainda fiquei para o concurso de fantasia no final. Estava de abacaxi, mas não ganhei. :(
(na caminhada do bloco Rodante, carnaval 2016)
Outra opção bacana no Carnaval é o bloco DeHojea8 (o termo é também uma expressão para quando se quer dizer que algo é daqui a uma semana). Eles também tocam no pátio da igreja, o mesmo que falei do samba lá em cima. O legal é que tanto o Rodante quanto o Dehojea8 fazem ensaios pré-carnavalescos e festas de ressaca pós-carnaval, ou seja, são alguns bons dias de festa para aproveitar. Fui no ensaio deste último ano (2017) e foi divertidíssimo, tava tão eufórica que não guardei foto, então peguei esta no face deles para ter ideia de como é. Então, se vier para cá em fevereiro fica ligado na programação de Carnaval.
Hora de Matar a Fome
Como dei ideias para gastar um bom tempo no bairro, aqui vai mais uma dica para paradas estratégicas na hora da fome. Entre opções de barzinho e almoço, as que eu conheço melhor são o bar da Cruz do Pascoal (também conhecido como bar do Porfírio, fica em frente a um santuário azul no meio da rua), o Bistrô e o bar do Ulysses (o bar é conhecidos nos concursos de boteco).
O bar da Cruz do Pascoal é um lugar simples para quem não tem frescuras. Mesas e cadeiras de plástico, bebidas geladas, petiscos e vista para mar no fundo. Aconselho o pirão de aipim com carne do sol (R$16) e a caipirinha com cachaça mineira (R$10). Fui no meu aniversário em março/2017 e foi só alegria.
(essa foto retirei no site oficial deles)
Já o bistrô é ainda mais simples e tem um almoço gostoso e com preços acessíveis, minhas escolhas geralmente são também o pirão de aipim ou arrumadinho.
Como Chegar
Não tem muitos ônibus que entrem na rua principal, então a minha dica é ir pelos bairros vizinhos. Por exemplo, pelo Pelourinho você sobe a ladeira do Carmo que dá no convento; pelo Aquidabã você sobe a ladeira do Aquidabã; pelo Barbalho, em frente ao Instituto Federal da Bahia (IFBA) tem uma ruazinha que entra direto ou pelo Comércio, pode subir a ladeira da Água Brusca, que fica na altura do Mercado do Peixe, e depois a Ladeira do Baluarte - já da no largo.
Enfim, o bairro é um amor! Um lugar vivo que permite coenhecer bem a cidade. :}
Galeria de fotos
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