Jornadas Milanesas #10.Abril
Último dia: Segunda-feira! Dia de regressar a Milão para mais uma semana de aulas mas não sem antes passar por uma das mais belas e mais recheada de história cidade da Romagna: a magnífica Ravenna.
Acordei relativamente cedo, pois antes de apanhar o comboio, ainda queria ir visitar em dia de aulas o edifício da Faculdade de Arquitectura em Cesena. Estava mesmo com bastante curiosidade pois cidades diferentes, geram escolas diferentes, que geram alunos e métodos de estudo diferentes. O meu colega já nos tinha dito que era uma experiência diametralmente oposta à de Milão mas também não parecida com Lisboa; que era muito caseiro. No entanto, tive de ir ver com os meus próprios olhos como tudo funcionava (já quando fui a Bucareste fiz questão de entrar no edifício da Faculdade de Arquitectura para ver como tudo era lá dentro e como é que os estudantes trabalhavam - tenho um verdadeiro fascínio!).
A Faculdade de Arquitectura em Cesena é umadas três universidades na cidade pertencentes ao Alma Mater Studiorum - a famosa e antiga Universidade de Bologna. Apesar de um pouco isolados, acho altamente estratégicos que dispersem os pólos das faculdades um pouco por toda a região de modo a dinamizar cidades mais pequenas. Já em Rimini quando tinha visitadono dia anterior tinha notado que havia um Pólo Universitário da Universidade "mãe" em Bologna.
O pólo de Arquitectura está dividido em 3 edifícios diferentes, correspondendo cada piso a um ano diferente (julgo que os anos se cruzam pouco). Como existe apenas uma única turma por ano - cerca de 60 alunos - toda a gente se conhece bastante bem e o ambiente é descontraído. O edifício onde o 3º e o 4º ano têm aulas podia ser, sem problema, um edifício residencial. Já chegámos à Universidade cerca de 10 minutos atrasados para a aula que começava às 9 e ainda só alguns gatos pingados estavam na sala. 20 minutos de pois mais alguns alunos e a assistente mas nada do professor principal e a aula continuava sem começar. É mesmo um ritmo muito diferente do do Politécnico. Tive ainda a possibilidade de ver a biblioteca que me pareceu amistosa e completa apesar de ser no piso enterrado.
Às 10h apanhei o comboio para Faenza (àquela hora não havia comboio mais directo). A paisagem do comboio é mesmo avassaladoramente bonita. Contudo, estive praticamente a manhã toda em viagem de comboio já que é preciso trocar de linha. Aproveitei para estudar um pouco de economia, pensar na vida e fazer um balanço do meu Erasmus até agora. Em Faenza ainda dei uma voltinha pela cidade mas em Castel Bolognese fiquei-me pelo apeadeiro.
A chegada a Ravenna ocorreu por volta das 13h. O dia continuava fabuloso; um verdadeiro dia de Verão. Na estação, fui logo ver as horas de regresso e comprar o bilhete para ficar logo com a questão logística tratada e me poder dedicar ao que me tinha levado ali: os famosos mosaicos paleo-cristãos. A cidade tinha muito boas indicações e não foi difícil encontrar o posto de turismo. Lá, encontrei mapas da cidade e toda a informação de que necessitava (já mencionei que o turismo está muito bem organizado nesta região?).
Praças e o Teatro de Ravenna - Abril de 2017
Antes de partir à aventuras das várias Basílicas, decidi que deveria comer qualquer coisa - comer de forma regular e saudável é tão difícil em viagem - e felizmente encontrei uma padaria vegetariana onde comprei uma Foccacia de Tomate Seco e Azeitonas! Dirigi-me, então, lentamente para a bilheteira e para visitar os dois primeiros locais e também os mais conhecidos: a Basílica di San Vitale e o Mausoléu Galla Placidia.
Ravenna teve uma importante função durante o período paleo-cristão e o início da Era Cristã pois era um pouco de comunicação entre a parte Ocidental e a parte Oriental do Império Romano. Era um local muito bem posicionado geograficamente e em diveras ocasiões foi escolhido como local de refúgio de intelectuais e políticos.
Para visitar os vários espaços compra-se um bilhete cumulativo que custa 11,50€. Bem sei que pode soar a muito mas vale muito a pena por aquil oque se pode ver no interior dos espaços a que este bilhete dá acesso. (Para estudantes, o disconto é de 1€, mas é preciso pedir e apresentar o cartão da Faculdade).
Estava um calor desgraçado, mas dentro dos complexos está sempre fresco. Comecei pelo Mausoléu di Galla Placidia. Galla foi um apersonagem importante na história do Império Romano; uma mulher muito influente; mãe, filha, irmã e esposa de Imperadores. Mandou construir um pequeno edifício para os seus restos mortais em Ravenna que do exterior não revela o aparato artístico do seu interior. Os tectos abobadados estão repletos de minúsculos mosaicos coloridos que representam cenas da Bíblia. Para além dos seus restos mortais, existem ainda outras duas tombas talhadas em pedra. Ainda me perdi um pouco no interior a admirar e a contemplar o trabalho "de chinês".
Logo ao lado, está S. Vitale, considerado o edifício de Arquitectura Bizântina mais importante na Europa. Este sim, já de outras dimensões, apresenta uma trabalhada forma de aparelhar os tijolos na fachada que faz advinhar mas nunca retirar o encanto ao que se encontra no interior. No interior, o espçao surpreende. São feitas uma multiplicidades de jogos de luz e todos os pequenos pormenores nos chamam à atenção. A Basílica remonta ao século VI e é uma obra de elevada qualidade arquitectónica (protegida pela UNESCO assim como outros 7 lugares na cidade).
Exterior de uma das Basílicas protegidas pela UNESCO - Abril de 2017
Tive a sorte de apanhar uma visita escolar e uma guia, da qual qme aproveitei e que me permitiu saber um pouco mais sobre a história da cidade e ouvir algumas explicações sobre as cenas representadas nos vários mosaicos. Na ábside, onde se encontram os trabalhos mais notável podem-se ler algumas pistas que depois tenham inspirado Dante a escrever o seu famoso livro "A DIvina Comédia". Para além disso, nos mosaicos também é possível reconhecer outras cenas bíblicas e a representação do imperador Giustiniano e da sua mulher Teodora, os grandes financiadores e incentivadores do Projecto.
De seguida, e como era perto, fui ver a Domus dos Tapetes de Mosaicos. Esta casa romana foi encontrada recentemente - já no século XX - durante umas escavações e uma vez conservado o tapete de mosaicos, está agora aberta aos visitantes. Passei por lá mas o ingresso não era gratuito e não estava incluído nos bilhete que comprei, por isso, dei só uma volta pelo jardim e continuei o meu caminho até aos próximos três marcos a visitar: o Museo Nazionale onde se encontra um capela também de mosaicos - a Capella Arcivescovil, o Baptisterio Neoniano e a Basilica di Sant'Appolinaire Nuovo.
No museu, ainda perdi algum tempo, pois foram dois pisos. Nunca me chatearam por andar com a mala de campismo às costas, o que é raro. Pelo contrário, até foram bastante simpáticos tendo em conta que se ofereceram para a guardar enquanto andava entretida a explorar o Museo. Para além de informação útil sobre os restantes monumentos - algumas peças estão enclusivamente expostas lá - foi feito um esforço para relacionar a história da cidade com a história do Império Romano e da religião Católica.
No Baptistério ainda é possível ver a pia utilizada para o baptismo de imersão como era muito comum nos primeiros tempos. Os mosaicos são muito similares apesar de cad um ter o seu colorido diferente. Como ainda tinha um bocadinho para passear antes do comboio das 18h pensei ainda ir à zona da Fortaleza e à Darsena, que não ficavam muito longe da estação.
A Fortaleza ainda está muito bem conservada e de momento funciona como um parque público, onde há um café e se pode relaxar e descansar. Existem várias placas ao longo percurso que explicam muito bem a estrutura e que dão uma ideia geral de como no passado eram aquelas zonas próximas do porto. De seguida, segui pelo passeio paralelo à via de circunvalação e dei um último passeio junto à Darsena. A Darsena é uma área aberta de água lindíssima, que servia como ligação entre a cidade e o porto um pouco mais à frente. Hoje já não se vêm barcos mas nas laterais colocaram fotografias a preto e branco muito bonitas que ainda permitem reconstruir a vida agitada que a Darsena teve em tempos. Um pormenor engraçado que notei é que os bancos para quem passeava eram verdadeiras obras de arte, feitas muito provavelmente por artistas locais, inspirados na tradição dos mosaicos locais.
Os fabulosos mosaicos do interior - Abril de 2017
Ainda esperei cerca de 15 minutos, mas logo depois apanhei um comboio directo para Bolonha. Mandei uma mensagem à M. e combinámos encontrar-nos na estação cerca de uma hora depois (eu já tinha tido a aoportunidade de visitar Bologna em Outubro mas a M. guardou o dia todo para isso já que era a sua primeira vez).
A Darsena de Ravenna - Abril de 2017
Ainda havia um sítio a que queria muito ir e não tinha tido a possibilidade de o fazer da outra vez: o Canalle delle Moline. Tal como outras cidades do Norte de Itália, Bologna esatava coberta de canais que foram sendo cobertos com a densificação da cidade. No entanto, até la chegar demorámos-nos um pedacinho nas arcadas magníficas da cidade que àquela hora estavam encantadoras. Para ver os canais ainda existentes é preciso encontrar uma pequena janelinha na parede, mas vale muito a pena. A água hoje está a um nível muito mais baixo do que em tempo esteve mas ainda são visíveis os apoios em pedra encastrados na parede dos edifícios onde as lavadeiras faziam o seu trabalho sem se molhar e sem sair de casa. É um local muito engraçado, quase de conto de fada.
Para nos despedirmos deste fim-de-semana maravilhoso, propus à M. irmos comprar uma pizza e irmos jantar para as escadinhas de um belo parque que existe em Bologna - o Parque da Montagnola - e que há noite tem uma luz lindíssima. A M. aceitou e lá fomos nós à procura de um pequeno take-away que não levámosmuito tempo a encontrar. A pizza custou-nos 4,80€ e foi mais do que o suficiente para ambas. Trouxemos também um Chino - bebida italiana com base de laranja mas cujo sabor se assemelha à Coca-Cola - e sentámo-nos a conversar sobre as nossa magníficas viagens e aquelas que ainda gostariamos de fazer.
O famoso Canale delle Moline, em Bologna - Abril de 2017
Pouco antes do autocarro chegar dirigimo-nos à estação, que era mesmo ali ao lado mas ainda tivemos de esperar mais meia hora visto que a Flixbus se atrasou. O regresso a Milão fez-se já com muito sono e com uma viagem nocturna através da cidade bastante animada. Quando cheguei a casa ianda fiz um chá de limão mas pouco depois caí na cama de tão exausta que estava. No dia seguinte tinha aulas e convinha dormir um pouco!
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