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Um mês estudando em Rabat

Publicado por flag-br Celia Daniele Moreira de Souza — há 4 anos

0 Etiquetas: flag-ma Experiências Erasmus Rabat, Rabat, Marrocos


Ganhei uma bolsa para estudar árabe por um mês na cidade de Rabat no instituto Qalam wa Lawh Center, que fica no bairro Souissi. Foi um mês muito produtivo, pois eu pude ter uma imersão incrível na língua árabe, com uma professora muito atenciosa chamada Wassima e incríveis colegas de curso, da Turquia, Alemanha, Usbequistão, Romênia e Inglaterra.

Enquanto estive estudando em Rabat, optei em morar na casa de uma família e fui colocada em um bairro do subúrbio chamado Diour Jamaa. A primeira vista eu achei que não tivesse dado muita sorte, pois meus colegas estavam em bairros muito bem localizados e com ótima infraestrutura, como Hassan e Agdal, mas eu soube aproveitar bem a experiência sobretudo com os habitantes locais e a com a proximidade da medina de Rabat. 

Uma das primeiras e mais incríveis experiências que pude adquirir morando por lá foi aprender a dança do ventre marroquina. Eu aprendi a dançar o estilo egípcio no Brasil e não tinha ideia de como era o chaabi (dança popular) marroquina, foi algo muito enriquecedor e mais ainda por ter ganhado a amizade da minha professora Salma, que é uma dançarina maravilhosa! A única coisa que me entristece desse fato é das mulheres só dançarem em família ou para mulheres, pois Salma é uma dançarina de primeira categoria e faria muito sucesso se dançasse no Brasil ou no exterior. Eu sequer pude tirar fotos dela nas aulas ou filmar o que aprendi por causa do risco dela "perder o noivo" ou "ficar mal falada" por a verem dançar. Nesse quesito, o machismo no Marrocos é notório, mas aqui mesmo no Brasil vemos como a dança do ventre é sexualizada, logo eu a compreendi totalmente.

Morar numa casa de família também me presenteou com o convívio e a vida cotidiana das pessoas em Rabat. Por exemplo, eu achava muito engraçado a minha tia marroquina (eu chamava os meus anfitriões de "tio" e "tia", em português mesmo) que ficava mais na casa dos vizinhos que na própria casa. Tia Hafida e tio Abid foram muito gentis comigo, e eu vou guardar sempre o sabor maravilhoso do café e do chá de hortelã tradicional do Marrocos que eles faziam. Por meio da tia Hafida, eu pude ir também numa festa de aniversário em que as mulheres todas dançaram, inclusive eu que estava fazendo aulas com Salma, a qual era uma das vizinhas dos meus tios marroquinos e tida como parte da família. Claro que eu não sabia dançar muito, mas graças ao meu conhecimento de axé music, estilo brasileiro de dança, eu pude enganar bastante que sabia o que estava fazendo.

Uma das coisas mais curiosas que aprendi a conviver no Marrocos são os táxis compartilhados. Como diz o comediante marroquino Gad Elmaleh: o Marrocos inventou o uber pool! No início ninguém me avisou que eu ia compartilhar um táxi de toda forma, então eu ficava penando para achar um táxi vazio e não entendi quando táxis que já estavam com passageiros paravam para mim. A dica de ouro que me deram foi só pegar táxis azuis! Apesar deles serem mais caros que os brancos, os brancos você tem direito na verdade à metade do banco, pois eles colocam o dobro da lotação ali dentro! Como eu estava bem gorda na época, isto estava fora de cogitação! Outra coisa me aconselharam foi nunca pegar ônibus por causa dos assédios, mas eu andei de VLT, que foi bem confortável, sobretudo para ir do curso à medina e à Kasba des Oudaias.

Por sinal, o melhor lugar é a kasba des oudaias. A vista para o mar, as casas azuis e sobretudo o jardim andalusino são um show à parte. Os pássaros cantam o tempo todo, e olha que eu estava no inverno, aguentando temperaturas que variavam de 8 a 12 graus celsius. Guardo no meu coração os momentos que caminhei sozinha e tranquila por lá, e fiz carinho nos gatos e sentei para tomar chá e comer doces marroquinos.

Uma das coisas mais legais do Marrocos é ser um país barato para se locomover e comer. Um restaurante chique que comi chamado Dar Naji, eu gastei 40 reais, e comi bastante! Melhor prato que já comi e sinto saudades é Shlad Nationale, ou a salada marroquina, com tomate, pepino e vinagrete, delícia demais!

Não precisei andar de véu, apesar que aproveitei porque acho muito fashion em alguns momentos e pude conhecer muito da cidade a pé! E a experiência mais antropológica sem dúvida que tive foi conhecer um hammam marroquino!

O Hammam era só de mulheres, na entrada já diz que não pode pegar um celular por nada, sob risco de ser presa! Antes de entrar no banho propriamente dito, as mulheres deixam suas bolsas em um armário ou nos bancos e tiram toda a roupa. Eu não consegui ficar completamente nua, fui de calcinha mesmo! Ao entrar parece uma sauna, e tem bicas onde você pega a água quente com um balde. Paguei 50 dirhams a uma senhora para ela me fazer o goumage marroquino, que é basicamente você ser esfolada com uma esponja para tirar a pele morta. Parece torturante, mas até que é bom, ainda que seja um pouco constrangedor uma pessoa te dar banho. Ela passa uma pasta que vende por lá especial para isso e a esponja de mão (que também vende lá, mas não lembro o preço) e passa em todo seu corpo com vigor. Minha amiga alemã ficou impressionada da minha pele sair branca e não caracas pretas, mas é porque eu sou neta de índio e tomo banho todo dia, mesmo com 6 graus celsius! Daí você sai de lá e se veste e parece que foi um dia no salão de beleza. Lembrando da minha experiência no Hammam, eu imagino aqueles quadros de Fabio Fabbi ou Dominique Ingres. Vale a pena!

Quanto ao óleo de argan que todo mundo deseja e quer comprar, fique atenta ao cheiro, textura e até o vasilhame do óleo. Comprei um achando que era puro por ter cheiro de amendoas e ter uma senhora de figurante moendo sementes de argan, mas na verdade a pele não o absorve totalmente, o que demonstra que é misturado. Um dado importante que eu não sabia sobre comprar óleo de argan é que ele esteja dentro de frascos de vidro e não de plástico. Eu voltando lá vou ficar muito atenta a isso!

No resto foi uma experiência maravilhosa, e aconselho a quem quiser conhecer o Marrocos,a passar em Rabat!


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