Uma pequena aldeia em Portalegre

Ainda não estive em todo o lado, mas definitivamente está na minha lista. E que melhor maneira de começar por vos falar no meu sítio favorito de toda a lista de locais onde já estive? Bem, se há, vou ignorar completamente e falar-vos num sítio que é mais que um sítio para mim.

A maioria das pessoas da cidade vive num ritmo completamente acelerado. Estamos constantemente sujeitos a stress, barulho, poluição, demasiadas luzes e pouco céu e estrelas. E, falando por mim, isso não me incomoda - pelo menos não completamente. Talvez a ideia de viver num sítio mais sossegado até me agradasse, mas por outro lado também há muitas vantagens que aprecio em viver numa grande cidade, principalmente a nível de facilidades e proximidade um pouco com tudo. Mas quem disse que devemos ficar presos a locais assim? Não devemos. E no local de que vos vou falar, encontrei uma alternativa, um refúgio ao barulho, luzes e problemas que a "cidade" tantas vezes traz.

Uma pequena aldeia em Marvão, Portalegre, pleno Alentejo. Sempre adorei o Alentejo. Não sei dizer se pelo sossego ou pela paz, se pelas temperaturas quentes de verão, se pelo ambiente, se pelas paisagens, se pela comida, se... por tantas outras coisas que aprecio neste meu Alentejo. Mas sempre gostei. Sobre esta aldeia em particular, posso dizer que há alguns anos que lá passo férias. O que mais apreciava era a liberdade que na cidade não tinha e que ali parecia tão banal. Ruas sem carros, trânsito, sem stress. Com o tempo cresci e comecei a valorizar ainda mais os pequenos prazeres que aquele lugar me permitia viver. Com o tempo, acabou por se tornar num lar para mim, num local para onde a minha cabeça, coração e corpo queriam fugir quando a vida stressante de Lisboa me começava a chatear. E lá ia eu... E tudo estava em paz. Eu ficava em paz!

Esta aldeia chama-se Beirã. É uma aldeia pequena próxima a Marvão e não muito longe do centro de Portalegre

e, como em quase todas, não há muitos jovens. As pessoas conhecem-se todas, param à tarde nos banquinhos à sombra para conviver e falar de tudo - inclusive dos "intrusos" que lá entram 1 vez por ano no verão que "são meninos de Lisboa que cá vieram passar férias! Primos da Josefina, sobrinhos do Asdrubal e netos da Maria Antónia!" (que não faço ideia de quem sejam, mas os nomes serviram para o propósito). Tem mais cor e alegria no verão, quando para lá vão os netos, sobrinhos, primos e primas jovens, que vêm da cidade todos os verões para lá passar uns tempos com os familiares da zona. É uma zona muito quente no verão e muito friano inverno - não fosse uma zona do Alentejo... Tem um miradouro que sempre adorei, de onde conseguimos ver todas as casas da aldeia e temos ainda vista priveligiada para a Serra de São Mamede. 

Há também uma estação de comboios que atualmente se encontra inutilizada. Quer dizer, não passam lá comboios... Mas fizeram da estação uma estância turística muito engraçada para onde vão algumas pessoas: portugueses ou estrangeiros, de tudo um pouco. É um sítio excelente para fotografar. As linhas de comboio com um ar abandonado dão às fotografias um fundo fantástico. 

Há também um depósito grande de água para onde é possível subir e ter uma vista maravilhosa de toda a aldeia (como aqui podem ver) e novamente da Serra de São Mamede (no lado oposto). E de noite também é um sítio fantástico para se estar; as estrelas vistas dali são uma imagem que ninguém deve perder. 

Não sei explicar porque é que gosto tanto disto, mas gosto. Ali perto também há alguns locais que adoro, mas que deixarei para falar noutra altura.

"There are homes you run from and homes you run to" - Este é definitivamente um lar para o qual eu corro e correrei sempre!

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