Milão – Uma Cidade para o Mundo
Um dos pontos que tenho vindo a referir com grande persistência nas minhas publicações, é a necessidade de viajar para crescer. É ao conhecer outros mundos que se engrandece o nosso. E que melhor oportunidade querem para o fazer que estar a viver num país estrangeiro? Viver em Verona é uma oportunidade incrível para conhecer as imensas cidades vizinhas. O norte de Itália, então, é quase uma obrigação. Claro que podem perfeitamente passar todo o tempo na bonita cidade de Verona, mas sejamos honestos: vão querer passar ao lado de Milão por causa de vinte euros? Pois bem, foi precisamente a metropolitana cidade de Milão que eu visitei no fim-de-semana passado.
Quando estava a planear o meu retorno da Web Summit 2017, realizada em Lisboa, notei que o melhor voo para o Aeroporto de Orio al Serio (Bergamo) chegaria pela meia-noite. Não só não encarei isto como um problema, como uma oportunidade. Comprando este bilhete mais vantajoso, teria que pagar estadia em Bergamo e só depois ir para Verona. Porquê? Porque o horário dos comboios para a Verona não está disponível tão tarde. Mas ter que lá dormir passou a ser uma vantagem quando encarei a seguinte questão: E se, ao invés de dormir em Bergamo, dormisse em Milão? As cidades ficam separadas por quarenta e cinco quilómetros, mas há diversosshuttlesque te deixam mesmo em frente à Estação Central da cidade pela módica quantia de cinco euros. Ou seja: dormir em Bergamo e ir para Verona ou dormir em Milão e aproveitar a cidade antes de voltar? A resposta surgiu com toda a naturalidade.
Reservei um quarto numa GuestHouse bem localizada – a cerca de quatrocentos e cinquenta metros da Stazione Centrale di Milano – e com um preço bastante em conta e em tudo semelhante àqueles que são praticados em Portugal. Sim, paguei tanto para dormir no centro de Milão como pagaria para dormir, por exemplo, os arredores de Águeda. Não desfazendo as inúmeras qualidades de Águeda, mas… vá, tenhamos uma dose de realismo. Milão > cem vezes Águeda. Ao reservar o espaço notei ainda que o local dispunha de um rececionista durante vinte e quatro horas por dia. Esta informação é de especial importância para pessoas que, como eu, pretendem fazer o check-in bastante tarde (no meu caso, à uma da manhã).
O espaço estava identificado como normalmente estão em Itália: uma pequena placa sobre a campainha geral do prédio. Tocámos e a porta envidraça abriu. Fomos recebidos por um bonito hall de mármore e uma passadeira vermelha. O prédio era novo. A GuestHouse estava totalmente renovada. O rececionista indicou-nos um sítio típico com ambiente agradável e boa música onde pude jantar à uma da manhã. Que mais podia querer? Ainda tive direito um modesto pequeno-almoço no quarto e a indicações turísticas. Resumindo: a experiência foi boa. Mas faltava o melhor: conhecer Milão.
Para ser mais fácil a leitura da minha experiência e conseguirem ir diretamente aos pontos que vos interessam, vamos lá esquematizar isto por pontos:
- Meio de Locomoção:
- Aqui não há surpresas: o melhor meio de locomoção dentro da cidade de Milão é mesmo o Metro. O metro de Milão está servido de quatro linhas: vermelha, verde, amarela e roxa. Curiosamente as linhas chamam-se, respetivamente, M1, M2, M3 e M5. O que aconteceu à M4? Não sei. Recordei-me logo do caricato que existe no Japão, onde saltam o número 3 para dar sorte. Embora, muito provavelmente, tenha uma história menos interessante, não deixa de ter a sua piada. Os bilhetes podem ser adquiridos nas estações de metro. Existem máquinas especificas, curiosamente chamadas de “ATM”, ou os revendedores oficiais. O preço, em ambos os locais, é exatamente o mesmo. As propostas que te poderão agradar mais são as do bilhete por noventa minutos por 1€50cent ou um passe para o dia todo por 4€50cent. O horário não é preocupação. Há imensos comboios a chegar e a sair. Basta-te ir para o metro quando quiseres ver outras paragens. Não há tempos de espera, nem tens que planear o tempo de chegada. Basta-te aparecer, entrar e seguir caminho. Quanto a paragens, não tens que te preocupar. Há paragens localizadas bem pertinho de todos os locais que queres ver. Desde o desejado Duomo, à Stazione Centrale ou até ao Estádio Giuseppe Meazza. Há paragens para todos os gostos. Melhor que isto, só mesmo dares uma olhadela pelo mapa e tirares as tuas próprias notas (vê a imagem). Qualquer coisa, podes vir ao site https://www.atm.it/en/Pages/default.aspx e tirar todas as tuas dúvidas.
Pontos de Interesse:
- Duomo di Milano
Este é o local. Aquele que todos querem ver. Onde todos querem tirar fotos. A face turística de Milão. O Duomo di Milano, ou a Catedral de Milão, fica situada na praça central da cidade e é absolutamente incrível. Apanhei o metro na Stazione Centrale e saí na paragem do Duomo. Melhor decisão de sempre, pois é possível apreciar o surgimento da arte aos bocadinhos. Ao subir os degraus do metro, ela desenrola-se à nossa frente. Desvenda-se sem pressas. Com gosto. E o nosso encanto cresce por cada centímetro que conseguimos ver. É muito provável que, como eu, ouças bastantes “wow” nas escadarias do metro. É uma agradável surpresa de Milão. Um presente da cidade para os seus visitantes. Ao ver a imponência da Catedral, irás questionar-te quanto à idade da obra. Pois bem, a sua construção foi iniciada no século XIX, mas com um estilo gótico. Ou seja, contra a corrente do que se fazia nesses dias por terras italianas. Apesar disso, só foi terminada no início do século XIX. Vais ter muito espaço para apreciar a obra, visto que a Praça do Duomo é enorme. Apesar do grande número de turistas, vais conseguir disfrutar da tua visita e conseguir a foto que sempre quiseste tirar. Se quiseres entrar para ver as naves da catedral ou subir ao terraço, do qual poderás ter uma vista panorâmica sobre a cidade, esta é a tua oportunidade. O preço não é caro, mas também não é muito acessível (cerca de quatro euros). Se sempre foi algo que quiseste fazer: arrisca-te. Valerá a pena.
Este é aquele momento em que tenho que te alertar para um fator de extrema importância. É muito provável que, enquanto estejas a tirar fotos com o Duomo, chegue algum sujeito – fingidamente simpático – a oferecer-te milho para dares às pombas ou a oferecer-se para tirar aquela fotografia que sempre sonhaste. Nunca – NUNCA -aceites nada. Nunca lhes passes o telemóvel ou a câmara para as mãos. Nunca dês conversa sequer. Acredita: eles vão querer que pagues a simpatia deles. E vão querer que pagues bem. Se disseres que não tens trocos, vão mostrar-te um molho de notas e dizerem que têm troco. Se lhes deres um monte de trocos eles vão ser brutos e dizer “Isso não é dinheiro” (eu estendi a mão a oferecer quarenta cêntimos por vinte grãos de milho – o que eu até penso ser um valor exagerado – e fui olhado de forma agressiva). Evitem confianças com desconhecidos simpáticos. Não simpáticos. São espertos que querem o teu dinheiro. Apenas e só.
- Galleria Vitorino Emanuelle II
Se fores ao Duomo, que vais, tens que ir à galeria Vitorino Emanuelle II. É impossível não se deixar seduzir pela sua grandiosidade. A sua entrada principal fica na Praça do Duomo e é, por si, um convite para uma visita. Sim, fica literalmente ao lado esquerdo da catedral, é não foi por um qualquer acaso, visto que só foi construída no século XIX. O mais antigo Shopping do mundo foi construído com o objetivo de ter a melhor localização possível para os seus clientes. É o melhor sítio para ir se quiseres fazer compras. Vais encontrar marcas como Prada, Versage, Louis Vuitton, Gucci, Georgio Armani, Ferrari, restaurantes de topo e um hotel cinco estrelas. Se queres opções low-cost, consegues encontrar Zara, Bershka ou Mango nas suas imediações. Se queres comer com vista para o interior da Galleria, mas não queres gastar um balúrdio, podes optar pelo Mc’Donalds. Os preços são os praticados em toda a Itália e tens uma vista privilegiada para a galeria – se tiveres a sorte de encontrar lugares disponíveis.
A galeria foi um avanço incrível para os centros comerciais da sua época, visto que deu oportunidade para testar o envidraçamento de tetos noutra escala. Leste bem: o teto é envidraçado. Melhor: encaminha-te para o cruzamento dos seus quatro corredores, coloca-te bem no centro e olha para cima. Estarás mesmo sob uma cúpula de vidro. Assim, garanto-te, irás sentir-te parte de Milão e terás uma memória que irás levar contigo.
- Castelo Sforzesco
Se gostas de ver locais bonitos sem pagar, o Castelo Sforzesco é o teu local. Fica bem perto do Duomo – a distância faz-se muito bem a pé – e tem entrada gratuita. Não no castelo em si, mas nos seus jardins. Para entrar no Castelo, que agora está recheado dos mais diversos Museus, é necessário pagar entrada. O castelo é antigo (século XIV) e é uma autêntica fortaleza para Milão. É circundando por um impressionante fosso que protegia a cidade e agora serve de encanto para quem o observa, estimulando a imaginação a recriar os imensos cenários que ali se terão presenciado. Se gostam do Castelvecchio em Verona, este é de visita obrigatória. Mais que isso: se gostam de Natureza, então é mesmo crucial visitarem o Castelo Sforzesco. Porquê? Porque é através dele que se chega ao Parco Sempione.
- Parco Sempione
Esta foi, para mim, a maior surpresa da cidade de Milão. Não aparece muito referenciado nos guias turísticos, mas como eu gosto de natureza, e este parque ficava perto do Castelo de Sforzesco, decidi arriscar uma visita. O que encontrei deslumbrou-me. Um encontro com o natural. Um pequeno milagre no centro da metrópole. Já quando fui a Londres fiquei encantada com a dimensão dos parques e com a vida que ali existia. Ocorreu o mesmo em Milão. Muitas aves circundam o lago, as muitas árvores e os caminhos. Vais encontrar zonas tranquilas onde podes deitar-te na relva e recuperar energias para voltar à cidade. Observar os patos reais é quase impossível de evitar dada a sua beleza. Nota importante: O parque abre às seis e meia e fecha depois das nove. Por isso, se queres a minha sugestão para percorrer o parque é ir sem direções. Deixa-te perder. Podes encontrar locais escondidos. Segredos do Parque. Perde-te.
- Arco della Pace
Por muito que te percas no parque, o mais provável é que a certo ponto observes o Arco della Pace. O íman turístico será tão forte, que irás ter que o ver bem de perto. Se fores um amante de Paris, e do seu Arco do Triunfo, aqui podes relembrar um pouco da capital francesa. As dimensões são menores, o que não impede que te maravilhes com a imponência da estrutura. É um hino de pedra à paz entre as nações europeias após o Congresso de Viena. Eu tive a sorte de o poder apreciar ao som de uma banda de rua. Apreciar a arte com música, pessoas a dançar e alegria.
- Fresco da Última Ceia
Amante de Leonardo da Vinci? Milão será, muito provavelmente, um oásis para ti. Sabes aquele fresco que tanta gente tem em casa? Aquele que alguns satirizam e outros adoram? O da Última Ceia, esse mesmo! É aqui que o vais encontrar. O fresco desejado, O preço de entrada não é assim tão barato quanto isso – um mínimo de sete euros -, mas se a tua curiosidade é maior que isso: ataca. É uma história para contares.
- Pequenos Segredos
Há muitos locais que não visitei e que podem merecer uma visita. Entre eles estão claramente o Estádio de San Siro, a zona mais recente da cidade – perto do canal e da qual também existem imensas recomendações turísticas e o Teatro della Scala. A cidade está repleta de pequenos segredos. Desde às inúmeras estátuas no Duomo, às pinturas na parte superior da Galleria Vitorino Emanuelle II ou as suas ruas. Sim, as próprias ruas transpiram encantos. Parecem nascer por todos os cantos. Percorrer á cidade é, por si, uma fonte de admiração. Ser surpreendido pelo simples facto de existir ali, naquele momento, naquele lugar.
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