Jornadas Milanesas #31.Dezembro

Publicado por flag-pt Ana Carolina Helena — há 7 anos

Blogue: Dolce Milano
Etiquetas: flag-it Blogue Erasmus Milão, Milão, Itália

Este ano, estando eu de Erasmus, decidi, que apesar de ir passar o Natal a casa com a família e os amigos, passaria a Passagem de Ano em Milão. Não que eu dê muita importância ao dia, muito menos que eu tivesse planos fabulosos para a última noite do ano. No entanto, achei ideal uma semana em Portugal - nem de mais, nem de menos - e tinha curiosidade, muita curiosidade, em saber como é que os milaneses viviam este dia. 

Passar o Ano em Milão 

Avisada já com antecipação pelos colegas do Politecnico que já cá estão há mais de ano, de que no centro da cidade as comemorações não eram nada de mais, comparando com a perfiferia, decidi que não me iria meter em planos magalómenos. Milão é claramente uma cidade de trabalho, muitos são os autóctones que rumam a outras cidades ou aos Lagos para passar este dia e festejar à séria. 

A Comune de Milão andava, contudo,a apostar fortemente na publicidade para o Concerto no Duomo. Nenhum artista me dizia nada em particular, mas tinha grandes recordações da Passagem de Ano, aqui há dois anos em que fui fazer a contagem decrescente com amigos à Praça do Comércio e fiquei a ver o belo fogo-de-artifício sobre o Tejo. 

Jantar internacional em casa

Decidi, então, organizar um jantar cá em casa, internacional. Convidámos alguns colegas colombianos e as nossa vizinhas polacas. Cada um trouxe algo para o jantar partilhado. Os colombianos trouxeram uns rolinhos de carne e as polacas queijo e algumas bebidas. A minha colega de casa fez uma playlist no Spotify para criar um ambiente divertido e para também podermos dançar. Correu tudo bastante bem, dentro do esperado. Eu e os restantes colegas cá de casa ainda passámos algumas horas da tarde a organizar tudo, para que ficásse bonito e agradável. Queriamos ser bons anfitriões. 

Utilizei o meu único vestido, de malha preta e com uma transparência no decote e maquilhei-me - coisa que já não fazia há imensos dias, tal tinha sido a confusão do Natal. Apanhei o meu cabelo num rabo de cavalo desorganizado, deixando umas ganipas para a frente. Calcei as minhas botas pretas acima do joelho mas em vez dos habituais collants, que teria usado em Lisboa, usei uns leggings que me mantivessem um pouco mais quente quando saísse de casa. 

Estivemos a ouvir música e a falar, enquanto terminávamos todos os acepipes presentes na mesa, até às 23h. Alguns estavam cansados e adoentados e decidiram ir para casa, os restantes rumaram ao metro com destino à Piazza Duomo. 

Contagem decrescente no Duomo 

A volta de transportes até nem foi complicada. O metro estava a funicionar sem complicações e a passar com a frequência necessária para que não se andásse em sardinha em lata. Levámos connosco uma garrafinha de espumante para fazer o brinde em plena paraça, espumante esse comprado no Lidl e bem baratinho, mas nacional, se bem me recordo. 

Saímos uma estação, em Cordusio, antes do Duomo, pois essa estava fechada devido à presença de polícia e de milhares de pessoas na praça central. Caminhámos um pouco, começámos a ouvir música e deparámo-nos com uma grande multidão. Era difícil movermo-nos e chegámos à conclusão que para entrar dentro do recinto da praças seria necessário prescindir da nossa garrafa de vidro, já que os polícias revistavam todas as malas e a única coisa permita era a garrafa de plástico. Optámos, então, por ficar nas laterais e aproveitar as luzes e a animação. 

Com muito trabalho lá arranjámos onde ficar, apesar de a massa de gente não estar sempre em moveimento, à procura do melhor sítio para ficar. A visibilidade para o palco não era muito mas contentámo-nos com o lugar que arranjámos. Dois minutos antes inciámos os preparativos: distribuímos os copos de plástico por todos e a quem quis, dei uns amendoins para fazer a vez das passas já que não as escontrei no Lidl quando fui às compras - espero que funcione na mesma!

Abrimos o espumante, colocámos um pouco no copo de cada um, para estarmos prontos para fazer um brinde assim que soásse a meia-noite. De repente, a música parou e consultámos o telemóvel: faltava apenas um minuto. A seguir, seguiu-se um iato em que não percebemos o que se estava a passar para de um segundo para o outro estar tudo a celebrar. Quase não pude acreditar que não tinham feito a contagem ao microfone! Não faz mal, pedi os meus desejos na mesma com os amendoins, brindei e fiz novamente uma contagem com os restantes colegas, que quem estava ao lando achou no mínimo sui generis. 

Fiquei todas suja de espumante, já que com os festejos toda a gente começou a saltar e claro houve acidente com copos. O fogo-de-artifício anunciado desiludiu já que durou dois ou três segundo - foi mesmo só para dizer que houve. 

Depois inicámos a difícil missão de debandar para ver se ainda conseguíamos apanhar o metro. Muita gente bêbada nas ruas e grupinhos de adolescentes tonto a lançar foguetes - algo que achei bastante perigoso e não sei sequer como permitem e vendem tão livremente pelo menos aqui por Milão. Caminhámos em direcção do metro dalinha verde, passando pelo Castelo, que estava bem iluminado e muito bonito, o que salvou a caminhada e os foguetes chatos. 

Ainda apanhámos o metro sem qualquer tipo de problema. Em Milão, é tudo muito eficaz. Mesmo no dia de passagem de ano, os transportes estavam a funcionar de forma bem organizada e pontual. Chegámos a casa ainda nem era uma da manhã - faltavam alguns minutos. Aproveitámos para descansar uns minutos e partilhar as nossas impressões sobre a contagem no Duomo - a maioria negativas - apesar de já avisados do que iria ser. 

Beer Pong e Adivinha depois da meia-noite 

Em casa, organizámos três equipas e fizemos um mini-torneio de Beer Pong. Como as nossas colegas polacas tinham ido para uma discoteca eramos apenas seis. Comemos o que restava do jantar em cima da mesa e preparámos a outra para dar início ao jogo aguardado. Um dos meus colegas portugueses fez um cartão, que fixámos na parede com fita-cola de papel - sempre útil ter material de Arquitectura em casa nestas ocasiões. Fizemos equipas de dois entre os dois colombianos e os quatro portugueses. Já aos pares, escolhemos nomes para as equipas e fizemos um calendário de jogos. Tirou-se à sorte as duas primeiras equipas a jogar e assim se iniciou a competição. Foi muito animado: a equipa que estava de fora fazia de rádio e devia relatar tudo o que se estava a passar "em campo", o que frequentemente terminou em risota. Talvez tenhamos feita um pouco mais de barulho para os vizinhos do que devíamos - ups! Uma vez apurados os vencedores - e com todo o mérito, já que não perderam um único jogo - passámos ao jogo do Adivinha. Cada um tinha uma personagem escrita num papel e colada na testa, relacionada com o tema que era escolhido para a ronda. Depois era só fazer questões de sim ou não até descobrir de quem se tratava. Foi uma bela forma de terminar o dia, ou melhor dizendo, a noite. No fim, estávamos todos bastante cansados, mas divertidos, já que a nossa sessão de jogos pós-meia noite tinha salvado a festa frouxa do Duomo. Fui dormir tardíssimo, já por volta das seis da manhã, aproveitando para esticar até ao meio-dia, altura em que acordei e tive de pôr pés ao caminho e iniciar uma limpeza profunda à sala e à cozinha, devido à festa da noite anterior. 

Considerações Finais 

A noite de passagem de ano em Milão foi divertida mas devido ao nosso programa caseiro, não tanto aos festejos do Duomo. Eu estava ciente do que seria, por isso, não fiquei muito desapontada mas, sem dúvida, que não se compara à alegria e espírito que se vive em Lisboa, durante a contagem decrescente. 

Milão é claramente uma cidade dedicada ao trabalho e inclusivamenete "esvazia" durante estes dias, já que as pessoas perferem ir passar esta festa às suas terras de origem ou a outros cantinhos de Itália onde a festa é muito mais "rija". Quem fica opta por restaurantes e discotecas que têm o seu próprio programa mas que se fazem pagar: os preços por pessoa rondam, no mínimo, os 40/50€. 

Eu como não aprecio muito grandes festas em lugares sempre fechados e como em Milão, as temperaturas nesta altura do ano não estão muito convidativas a planos totalmente exteriores optei por um meio-meio.

Quem queira vir a Milão passar a passagem de ano, especificamente, faça-o só no caso de gostar muito de festas em discotecas ou espaços fechados porque a festa gratuita na rua tenderá a desiludir. 

Para todos os efeitos o ano passou, já estamos em 2017, que espero que seja um ano de mais descobertas e muitas aventuras. 2016 não me desiludiu! Espero que o Politecnico me deixe ficar mais uns mesinhos em Itália - continuo sem saber se o meu pedido para ficar o 2º. semestre foi aprovado ou não - e que possa continuar a usufruir desta experiência de Erasmus fabulosa, agora de uma maneira mais madura e mais conhecedora. Viva ao novo ano!


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