6 Meses ou 1 Ano? #ErasmusMilano101

Publicado por flag-pt Ana Carolina Helena — há 7 anos

Blogue: Dolce Milano
Etiquetas: flag-it Blogue Erasmus Milão, Milão, Itália

Há praticamente um ano, quando me inscrevi nesta grande aventura de Erasmus, estava plenamente convencida de que 6 meses seriam mais do que suficientes para me ambientar e viver esta experiência ao máximo. 

Poucas semanas depois das aulas terem começado, fiz o pedido para ficar um ano. O que me fez mudar de ideias? O que é que eu não tinha visto à partida?

1 - Milão é uma grande cidade 

Milão é uma cidade gigantesca, de perder de vista. É impossível distinguir de qualquer ponto da cidade - ainda há poucos dias subi a um dos arranha-céus mais altos da cidade - perceber onde termina a cidade e onde começam os subúrbios ou as pequenas cidades que a intornam. 

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Vista aérea da cidade do Palazzo Lombardia - Fevereiro de 2017

É uma cidade muito substimada, para a qual muitos turistas reservam apenas 1 dia, mas que pelo menos para estudantes de Arquitectura tem muito que ver e observar demoradamente. Para além do centro onde se localiza o icónico Duomo e a Galleria Vittorio Emanuelle, existem muitos outros pequenos bairros cda um com a sua especificidade. Pense-se por exemplo na onda artística do Navigli ou da vida nocturna de Isola. 

Tanto para explorar não se faz de todo só em seis meses, já que pelo menos na faculdade onde estou a estudar - o Politecnico di Milano - a carga horária e a quantidade de trabalho não é pouca. Agora, finalmente entre semestres terei uns dias para visitar tudo aquilo que não pude durante estes primeiros seis meses por requerer algum trabalho e tempo. Milão tem uma oferta cultural gigantesca e diversificada, feita de uma panóplia de museus, fundações e associações que valem a pena visitar. 

Caso tivesse de me ir embora agora e apesar de todo o meu esforço para encontrar buraquinhos para visitar alguns sítios durante os períodos de maior trabalho - alguns museus ficam abertos até mais tarde , a verdade é que iria sem ver grande parte das coisas que gostaria de ver na cidade. 

Para quem está interessado em descobrir a cidade um pouco mais a fundo, seis meses é pouco! Quem fica contente com os marcos principais, seis meses talvez cheguem!

2 - Milão é uma cidade um tanto caótica

Por aqui, parece que as pessoas não andam, correm. A multidão anda sempre azafamada seja Segunda-feira, seja Domingo. Do ponto de vista populacional, Milão nem é uma cidade muito maior do que Lisboa, mas tendo em conta que as cidades em redor também são muito habitadas, gravitam para o centro da cidade todos os dias imensas pessoas entre estudantes e trabalhadores. 

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Tráfico na cidade - Fonte 

Apesar de já viver há dois anos em Lisboa antes de vir de Erasmus, cresci numa vila a cerca de 30km da capital, bem mais calma e próxima de zonas verdes. Muitas vezes sinto falta de ter o Tejo por perto para ficar a observar a água e as correntes ou de um espaço verde de perder de vista, apesar de em último caso haver sempre o Sempione. 

Milão é cosmopolita e tem tudo o que de bom uma grande cidade tem. Contudo, também tem os maus. Durante este primeiro semestre, ainda bem que consegui encontrar um equilíbrio entre o trabalho e as viagens, o que me permitiu por vezes escapar, maioritariamente ao fim-de-semana, para outras cidades com menos buliço nas imediações. Visitei, por exemplo, Turim, Veneza, Pavia, Bolonha, entre outras. 

Assim não fosse e teria ficado um pouco neurótica. Talvez isto não suceda com todos - a minha colega de quarto, por exemplo, suporta bem a "grande cidade" - mas pode ser um factor que influencie o prolongamento ou não do período de Erasmus!

3 - Milão é uma cidade informal 

Numa cidade grande, onde há a posibilidade de conhecer uma tonelada de pessoas novas todos os dias, a maneira como se pensam as relações interpessoais funcionam de uma maneira um pouco diferente, mais fria talvez. 

Quando cheguei a Milão, achei - fruto da minha experiência em Lisboa - julguei que o o relacionamento com os colegas e o meu círculo de relações seria algo totalemnte diferente daquilo que se verificou ser. 

Em Milão, não sei se fruto de alguma influência do Norte da Europa, não senti uma recepção muito calorosa por parte dos nosso colegas italianos. Mais tarde, percebi que há alguma timidez associada e uma certa formalidade, mas a verdade é que foi um pequeno balde de água fria no início. 

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Cidadãos no café do Castello Sforzesco - Fonte 

Mais tarde, com tempo, começámos a falar mais e toda a gente, no geral, foi bastante simpática comigo, mas a amior parte deles tem os seus grupos de amigos fora da faculdade - muitos ainda do Ensino Secundário - com quem combinam a maior parte das coisas. 

Inicialmente, com quem me dei mais, até foi com outros estudantes em Erasmus. Talvez Milão não seja o sítio ideal para quem procure um ambiente mais familiar e um grupo mais coeso e restrito. 

4 - Milão tem uma boa oferta formativa 

Pelo menos no meu caso, que estou a estudar no Politecnico de Milão, não tenho grandes razões de queixa. A escolha é para além de muita: os alunos têm a possibilidade de se formarem mais especificamente nas áreas que mais lhes interessam, através da escolha de cadeiras optativas. 

A faculdade tenta actualizar-se e investir mais nas competências que sabe serem necessárias no mercado de trabalho europeu. Não digo que em Lisboa, também não haja essa preocupação, mas acho que por aqui são muito mais sucedidos. Talvez porque estejam numa posição mais central na Europa, talvez porque tenham mais dinheiro para investir...não sei ao certo. 

Tudo istopara dizer que quem vem de Erasmus para Milão por causa do currículo e da suposta qualidade do ensino, tenderá a querer manter-se para o segundo semestre - o meu caso. Sinto que posso explorar de forma bastante mais aprofundada os conhecimentos técnicos adquiridos, pondo-os em prática - componente que por vezes falta em Lisboa. 

Outra coisa que por cá também é mais comum - claro que isto também vai variar muito de área para área - são os convites para projectos dos porfessores. Este semestre vou participar num pequeno projecto que um professor está a desenvolver para uma igreja em Portugal. Esta comunicação entre faculdade e mercado de trabalho é muito menos formal por aqui; os alunos são muito mais considerados como peças válidas no desenvolvimento de novas ideias.

Sei por exemplo que os alunos de algumas Engenharias, têm inclusivamente visitas regulares de empresas das suas áreas que acompanham os trabalhos desenvolvidos durante o semestre, promovem pequenas competições saudáveis e, em alguns dos casos, oferecem estágios de Verão. 

Quem quer vemeentemente estagiar e/ou aproveitar todas estas oportunidades académicas tenderá a querer ficar um ano!

5 - Milão é uma cidade acessível e com acessibilidades 

Milão é uma cidade europeia extremamente bem localizada, bem no coração do território. Seja de comboio, carro, autocarro, avião ou até bicicleta existem uma série de cidades bem próximas e acessíveis à distância de um bilhete barato. 

Quem vem de Erasmus com o intuito de também aproveitar o seu tempo para viajar, escolheu o destino certo. Para além de ser uma cidade com voos directos para Lisboa, o que facilita muito viagens de ida e volta à capital para breves visitas, existem voos para outros aeroportos europeus ao preço da chuva (bendita sejas Raynair).

Para nós, periféricos, esta é toda uma mudança na forma como vemos a Europa e do quão "perto" estamos dela. Por exemplo, o mês passado tive a possibilidade de ir a Bucareste (capital da Roménia) por menos de 10€ em passagem de ida e volta, um verdadeiro achado.

Os comboios também funcionam muito bem aqui na zona Norte de Itália e apesar de um pouco mais caros, pode sempre fazer-se a Carta Freccia (uma carta disponível para residentes em Itália com menos de 26 anos), que permite ter bons descontos em algumas viagens. Quando fui para Veneza, por exemplo, utilizei esta facilidade.

Outra maravilha que não temos em Portugal e que é a salvação de qualquer estudante com vontade de viajar mas com um orçamento apertado é a Flixbus, uma companhia de autocarros baratos que opera em toda a Europa e onde por vezes se encontram achados. Usei muito esta companhia durante o Verão, em Setembro, para viajar entre cidades próximas aqui em Itália e agora, mais recentemente, para ir a Florença no início do ano, ficando ida e volta a menos de 15€, se bem me lembro.

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Aeroporto (lowcost) de Orio al Serio em Bérgamo, a poucos quilómetros de Milão - Fonte

Milão mudou claramente a minha abordagem à forma como viajo. Sempre viajei de forma barata mas agora sinto que muito mais possibilidades estão ao meu alcance e dispôr. Se tal como eu gostas de viajar e vens de um sítio onde as ligações não saõ tão facilitadas ou económics, sentir-te-ás tentado a ficar um ano. 

Impressões Finais 

Tomei a decisão de, em vez de 6 meses, ficar um ano em Milão. Milão não é a cidade tirada do conto de fadas onde muitas vezes me imaginei a fazer Erasmus, no entanto, é uma cidade viva e cheia de oportunidades. 

Depois de seis meses descobri que estou disposta ao barulho, ao caos e à correria esefreada, em troca de todas as coisas boas que esta cidade me trouxe do ponto de vista académico e também do ponto de vista pessoal. 

Não estou nada arrependida de fazer o porlongamento, sinto que vou poder disfrutar da cidade de uma maneira muito diferente e com mais calma este segundo semestre, com a agravante de que agora o tempo vai voltar a melhorar e muito porovavelmente vou poder usufruir da zona dos lagos, por exemplo. Veremos o que o futuro nos reserva!


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