Capítulo 22 - En midsommarnattsdröm
Na sessão onde seguimos o gigante K amarelo e verde, depois de recebermos as t-shirts tão características do nome do nosso grupo, foi-nos então mostrado o campus pelos mentores.
Não consegui não reparar no que tinham vestido, um macacão amarelo em que, numa das pernas ou em ambas, tinha faixas de outras cores cosidas e vários emblemas espalhados.
Achei imensa graça aquilo, ficava, primeiro, super giro e depois estava personalizado segundo o gosto de cada um.
Há sempre alguém que faz o tipo de pergunta: nós também vamos ter um? como se faz para ter? onde se compram os emblemas?
Depois de ouvir as perguntas, esperei pelas respostas e basicamente nós também iriamos poder comprar o macacão e os emblemas dependiam dos eventos a que fossemos, alguns compravam-se e outros eles vendiam na compra do bilhete ou à porta do evento. Disseram ainda que as faixas era outra coisa, havia uma festa especial para isso.
Assim foi, na semana seguinte, tiraram uma tarde para irmos experimentar e comprar os macacões. Tínhamos logo emblemas que podíamos comprar, ou então se não fosse naquele dia haveriam mais oportunidades.
Achei o conceito muito interessante e não consegui não comprar, ia ser a minha melhor memória, pensei que se eu ia usar aquilo nos eventos, ia ter muita história associada aquilo. Tenho hoje a dizer-vos que não me enganei.
Juntamente, no pack veio um woodie preto com o K atrás. Fiquei logo convencida que tinha que fazer inteiramente parte daquilo.
Uns dias após isso dizem-nos que estão à venda as pulseiras para a festa onde ocorre a troca das faixas com os dos outros cursos, que têm macacões de cor diferente do nosso.
A festa dava-se pelo nome de ‘En midsommarnattsdröm’ que traduzido quer dizer o sonho de uma noite de verão.
O truque é levar já, as partes que queremos trocar do nosso, em tiras para que assim ao chegarmos à festa é só encontrar alguém e trocar imediatamente.
Eu já tinha uma faixa branca guardada pelo meu amigo do sittning, tinha combinado com a Bia que trocava com ela, por isso o vermelho escuro também estava guardado.
Restava-me então todas as outras para trocar na festa. Assim foi, mal chegamos a festa comecei a trocar com todos aqueles que via e que ainda não tinha. Os mais difíceis de arranjar eram os verdes escuros e aqueles com quem era impossível trocar eram os pretos, já que sempre insistem que não cortam parte nenhuma do macacão.
O meu verde escuro foi mesmo de difícil conquista, por engano tinha trocado com duas pessoas que vestem laranja, e para ter uma faixa verde tive que dar uma amarela, a minha, e a laranja que tinha extra e deram-me uma faixa mesmo fininha. Ainda houve ali negociação, mas era mesmo o melhor que era possível arranjar porque eles são mesmo escassos.
Consegui todas as cores e no final a tarefa era saber como coser tudo. A minha ideia inicial era colocar tudo numa só perna, mas dessa maneira ia ficar muito comprida. Optei então por colocar a vermelha e a verde escura do lado direito que juntamente com o amarelo do meu, formam as cores da bandeira portuguesa e do outro todas as outras.
Adorei o resultado final. O processo de costura foi também organizado pela guild que no Gallien disponibilizou uma tarde com algumas maquinas de costura e nos proporcionaram assim que os nossos macacões ficassem prontos.
Consegui fazer uma das pernas completamente, mas aquela que tinha intenções de ser as cores da bandeira portuguesa, ainda que na horizontal, só deu para fazer um cravado muito rápido, ficando assim incompleto.
Ficou meia cansada e de longe não tão bonita, mas está tudo onde devia estar. Até o facto de estar assim tão improvisada deu para rir, mas ainda que agora consiga terminar isso, tenho tudo lá, os emblemas, as faixas e a história de algumas das melhores festas e eventos a que fui.
Sempre que olho para ele, sei o trabalho que deu para estar assim, mas mais que isso é que sei cada coisa que aconteceu com ele, e em que ele estava comigo. No dia em que o comprei tinha a ideia que era um guardador de memórias, e não errei, é uma coisa para vida e da minha vida na Suécia.
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