Capítulo 21 - Primeiro sittning
À medida que o tempo ia passando os eventos iam chegando e pelos nomes nunca entendíamos muito bem ao que se referiam.
Foi-nos dito que teríamos um sittning com os nossos mentores, mais nada nos foi adiantado acerca disso, só disseram que tínhamos que aparecer relativamente bem vestidos. Segundo eles este era considerado o dress code exigido.
Depois de haver hora e local marcado nós, como não podia deixar de ser, fomos mediante todas as regras definidas por eles.
Tenho já à partida que dizer que andar de bicicleta de vestido curto não é de todo a coisa que mais gostei de fazer neste período em que vivi na Escandinávia. Ainda assim, acabou por acontecer mais vezes. Motivos de força maior.
Dirigimo-nos ao Gallien, o espaço de almoço, durante a época de aulas e onde a partir daí começamos a passar muito tempo. Isto porque uma pessoa almoçava e depois ficava para estudar, ou simplesmente estar.
Foi um sítio sem dúvida que me marcou e que ficou em mim pelo tempo que lá passei, pelo que lá vi e vivi neste tempo. É como o bar da vossa associação em que vocês passam e estão simplesmente porque é lá que as pessoas se juntam.
Várias atividades foram feitas lá, mas esta foi a primeira. Convidados pelos nossos mentores fomos com tudo, estávamos ainda sem conhecer ninguém e com tudo ainda muito em aberto e sem qualquer rumo. Acho que o sentimento era mesmo ir para conhecer e aceitar aquilo que tivesse que ser.
Então muito resumidamente aquilo foi um jantar organizado pelos nossos queridos de modo a promover o convívio de uma maneira diferente e mais pessoal e em contacto com o nosso grupo. Foi um jantar super divertido, não tivesse eu ficado ao lado do Gustav e em que todos aqueles brindes não fossem muito estranhos e com umas coreografias malucas.
Os suecos têm uma maneira muito peculiar de celebrar a felicidade e muito regularmente cantam para beber. Dizem eles que isso vem dos tempos dos Vikings quando eles cantavam naqueles jantares dele e que hoje, de uma maneira diferente e adaptada aos tempos, ainda há algumas coisas que se fazem.
Eu emitia uns sons quaisquer à medida que eles cantavam só para seguir a multidão, não que entendesse alguma coisa do que estava a dizer.
Viver fora e estar numa experiência com tempo limitado deixa-nos à margem de fazer o que quer que nos propunham, dentro dos parâmetros normais, para conhecer os costumes e as coisas que para eles são tão normais.
Daí que é normal que seja neste tipo de eventos que as melhores relações se criem e em que há oportunidade de surgirem as melhores lembranças.
Ainda estávamos todos muito estranhos, mas ainda assim foi bom para nos conhecermos, percebermos de onde era cada um de nós, se estavam de Erasmus ou se estavam para o mestrado, conversar sobre a escolha e tanto mais que daí nasceu.
Neste mesmo sittning foi quando eu passei a ser oficialmente a rapariga russa. Isto porque um amigo meu holandês uma vez me ouviu a falar ao telemóvel com o meu pai, e quando eu desligo a chamada ele me pergunta: estavas a falar português? E eu respondi que sim. Ele muito prontamente diz: parecia russo.
Daí fui intitulada de russa e quando estava a tirar uma foto me disseram que a descrição tinha que dizer Russian Girl.
Lembro-me que a comida não foi a coisa mais genial que provei, mas que também não era intragável. Os sittnings eram uma ótima maneira de conviver e de festa, mas ao mesmo tempo não eram a melhor coisa para comer. Foi a conclusão a que conseguimos chegar após alguns sittnings, ainda assim ninguém deixou de ir a nenhum só por causa da comida.
Neste primeiro, havia no final uma festa com o curso de eletrotécnica, no Lophtet, um anexo muito perto da faculdade onde se faziam algumas festas, mais tardias que o normal.
Não as típicas que acabam as duas, mas algumas que iam noite dentro.
Neste caso quando chegamos já lá estavam os outros. Foi uma festa um pouco estranha no sentido que conheci um rapaz à porta da casa de banho, e daí combinamos que nos veríamos na próxima festa.
Festa essa em que o objetivo era arranjar uma faixa de cada macacão dos outros cursos. Como eu iria querer arranjar uma faixa branca ele queria uma amarela, então ficou aí combinado.
Foi uma noite de estreias, no Gallien, quanto aos sittnings e no Lophtet. Acho que de repente me comecei a aperceber o quanto eles se esforçavam por nos proporcionar festas e eventos, para que a nossa estadia não se tornasse monótona.
Talvez hoje olho para trás e lhes tenha dado toda a atenção que tinha enquanto podia ter alargado mais os horizontes. Não fiz coisas fora da guild até que as semanas de introdução acabassem, tudo o que era evento, eu ia, e depois de isso já era necessário estudar para os primeiros exames.
Foi tudo muito rápido nessa transição, mas não é um arrependimento, porque hoje muitas memórias residem em tudo o que fiz com eles, e no quanto eles fizeram para me ajudar e integrar. Não deixei de conhecer, quem hoje muito prezo, apesar de lhes ter dito que não mais vezes do que devia uma vez que à guild não o disse.
Hoje estou feliz sempre que relembro alguma coisa que vivi, sempre que escrevo sobre uma experiência do meu Erasmus onde lembro cada coisa, cada pessoa e cada momento de coração cheio.
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