Capítulo 12 - Sistema educacional

Publicado por flag-ch Stéfanie Teixeira — há 5 anos

Blogue: Diário de Bordo
Etiquetas: flag-se Blogue Erasmus Lund, Lund, Suécia

O sistema educacional é outra coisa que em Lund é diferente de Portugal e de como estamos habituados que seja um semestre de aulas.

Lund é uma cidade pequena, com cerca de 80 mil pessoas, o que comparativamente como Porto são mais de 120 mil pessoas de diferença. Apesar de pequena existe em grande parte pela existência da universidade e dos alunos externos que se propõe a ir para lá estudar.

Capítulo 12 - Sistema educacional

(Fonte: Google Earth)

Variadíssimas pessoas se propõem a fazer o estudo integral do mestrado em Lund devido ao facto de que na Suécia não se pagam propinas. É um país com um elevado nível de vida e consequentemente uma boa parte do salário dos trabalhadores vai para o estado e os filhos com isso têm os estudos pagos, como não há sistema de propinas para os suecos, não há também para aqueles que querem fazer lá o seu mestrado.

Estudantes de Erasmus é diferente uma vez que se mantêm a estudar na universidade do seu país de origem, com a variante de estarem a assistir a aulas equivalentes num outro país.

A universidade de Lund surgiu inicialmente com influência na igreja e desse modo instalou-se o chamado ‘quarto de hora académico’, que basicamente se resume a começar, efetivamente, a aula 15 minutos depois do estipulado no horário. Ou seja, se a aula no horário aparecia com início as nove da manhã, o professor estava lá às nove a abrir a sala e a iniciar tudo, mas não começa a aula sem que sejam nove e um quarto. Isto significa que chegar às nove e dez não é chegar atrasado porque o professor não tinha ainda começado.

Essa regra atualmente ainda se mantém, o que quer dizer que as aulas começam sempre um quarto de hora depois do agendado no horário. Desnecessário será dizer que muito poucos são os que se apresentam na aula à hora certa.

Além disso, outra coisa, e que para mim foi uma diferença gigante, mas muito benéfica, é o facto de se fazerem pausas nas aulas. Isto é, suponto que no horário a aula está marcada para duas horas, das nove às onze, a aula começa as nove e um quarto e quando são dez em ponto, o professor para e faz-se um intervalo de quinze minutos, até às dez e um quarto, que é quando a aula se retoma e se finaliza às onze. Isto acontece sempre, independentemente do tempo que a aula esteja para durar, podem ser duas ou três, também não há mais que isso a não ser que sejam sessões de laboratório, mas isso faz-se tudo seguido.

Isto para mim funcionou muito bem porque muitas são as vezes que temos uma aula de duas horas quando na realidade estamos na sala e estamos atentos a primeira meia hora e passado esse tempo, já estamos a conversar com o colega do lado ou no telemóvel. Deste modo incentiva-se o aluno a prestar atenção quarenta e cinco minutos e este sabe que depois desse tempo vai ter oportunidade de se levantar, ir tomar um café ou fazer o que bem lhe apetecer por quinze minutos.

Os professores são muito acessíveis e nunca falando em sueco, as aulas foram inteiramente dadas em inglês e sempre disponíveis nesses intervalos a tirar qualquer dúvida.

Das unidades curriculares que fui fazer, em todas elas sempre foi mais que um professor a dar as aulas, no sentido de terem pessoas convidadas, algumas vezes de empresas, a dar a aula e a explicarem o que fazem e como se processa tal matéria na vida real e na empresa deles.

Estive um semestre fora e estava inscrita em quatro unidades curriculares, apenas quatro porque em Lund todas elas valem sete créditos e meio e desse modo se perfazem os trinta ECTS que tem que se fazer por semestre.

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(Fonte: https://www.studeravidare.se/skolor/visa/lunds-tekniska-hogskola)

Outra coisa que se faz na Suécia é dar um semestre por quartis e não unidades curriculares semestrais, apesar de as haver são muito poucas. Deste modo eu fazendo inscrição em quatro cadeiras recomenda-se que sejam duas em cada período de modo a distribuir igualmente a carga de trabalho pelos dois períodos.

Pode um aluno inscrever-se a três no primeiro e apenas uma no segundo, mas é totalmente desaconselhado. Assim sendo, o aluno tem muito mais tempo para se dedicar às cadeiras que tem durante o período e focar-se nessas duas e então depois dos exames tem outras duas, diferentes, para estudar e trabalhar sobre elas.

O primeiro período foi do meio de agosto até ao final de outubro, onde tivemos a nossa primeira época de exames, das duas cadeiras do primeiro período, e o segundo período foi do final de outubro até as férias do natal.

Deste modo o horário é também mais leve, sendo que eles apostam muito em trabalhos de grupo e apresentações orais, dá tempo para que no tempo livre uma pessoa se junte e faça quer os relatórios quer a pesquisa, bem como preparar as apresentações. Não é de todo mal pensado e resulta muito bem para quem é focado porque este sistema de divisão coloca o aluno muito mais a par da matéria.

Obviamente há vantagens e desvantagens em tudo, mas deste modo não vamos para um exame a ter que lembrar matéria de há cinco meses atrás, está tudo muito mais fresco. O inconveniente pode ser o trabalho continuo, porque é tudo dado mais rápido que aqui, uma vez que o tempo é mais limitado para se explorar tudo o que se pode ensinar, daí também que os horários sejam menos pesados.

Esta experiência valeu também por isto, por estar noutra perspetiva e por ter que me habituar a um novo método de estudo e de trabalho.

Uma coisa que acho que em Portugal não seria totalmente bem era o funcionamento das aulas, primeiramente porque ninguém fala nas aulas e sendo só quarenta e cinco minutos os alunos não têm tendência a dispersar, depois porque maioria deles opta por tirar apontamentos no computador.

Numa das cadeiras que tive noventa por cento dos alunos tiravam os apontamentos no computador e obvio que uma pessoa conseguia ver para os computadores e não havia aquela coisa de a aula estar a secante e irem para as redes sociais, porque os professores não andam no meio do auditório a ver o que os alunos fazem no computador.

Na minha opinião, em Portugal a maioria tira apontamentos à mão e possivelmente se optassem pelo computador acabariam ainda mais facilmente por dispersar e fechar o word, ou bloco de notas, para abrir o Facebook outra coisa que fosse mais interessante. 

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