Capítulo 1 - O ínicio

Isto marcou o ínicio, o ínicio do meu Erasmus, todas as dúvidas que foram surgindo, todas as perguntas que de dia para dia pediam resposta. Foi uma decisão em grande, é uma mudança radical e muita coisa tem que ser tratada antes do ínicio, contrato de estudos, alojamento, viagens, bagagem.

Será que ia ser fácil a integração? Será que íamos arranjar casa? Será que ia ser bem recebida? Será que ia criar boa relação com a minha companheira? Muitas perguntas que ao longo de 5 meses foram gradualmente respondidas e agora partilhadas com aqueles que podem querer um dia aventurar-se assim.

Tudo o que este íncrível programa é capaz de proporcionar e especialmente o que Lund, a tão acolhedora cidade que me teve, me deu.

Quando nos decidimos a embarcar numa aventura assim começamos por decidir o sítio, quis escolher um dos países na Europa e suficientemente diferente de Portugal para tirar o melhor partido da experiência.

A Suécia estava em alta, de duas escolhas e queria ficar numa delas, tal como fiquei. Seria um semestre em grande, com um clima bem diferente, uma língua muito peculiar e pessoas que à partida me diziam que poderiam ser mais frias e distantes, desde já aproveito para desmentir esse facto.

Saí de casa para um voo bem madrugador das 6:30 da manhã, dia 15 de agosto, rumo ao desconhecido. Não estava sozinha, de todo, tinha amigos à minha espera para o derradeiro adeus, para quase verem a lágrima cair, tinha alguém a meio do precurso à minha espera e tinha uma cidade aguardando a chegada.

Era um misto de emoções, excitação e ansiedade misturada com uma ponta de tristeza pelos que deixei. Estava uma desordem emocional instalada mas a vontade venceu e nada falhou.

Dito o último incentivo e dado o último abraço foi quase um dia de viagens até que finalmente saímos do avião por terras dinamarquesas para apanhar o comboio e atravessar a Öresund e por caminhos de ferro chegar a Lund.

Uma vez sendo do Porto a maneira mais fácil é sem duvida voar para a Dinamarca dado que Lund fica situado no Sul da Suécia e tem ligação direta ao Aeroporto de Copenhaga. Havendo voos low cost para Copenhaga fica em conta optar por estes dois meios de transporte.

Depois de receber o plano de estudos  e a carta de aceitação da LTH (Lunds Tekniska Högskola) houve toda uma pesquisa acerca do nível de vida, dos concursos para casas, do dia do check-in e para minha surpresa e alívio há um programa, providenciado pela universidade, de integração.

Nesse programa, estudantes de Lund, de t-shirt azul clara, tiram o seu dia para nos esperar quer no aeroporto quer na estação de comboios para nos levarem à reitoria onde devemos iniciar o nosso percurso e fazer o check-in.

Designam-no de Arrival Day e aconselham-se todos os estudantes a chegar nesse dia para que tudo funcione ao mesmo ritmo e ninguém fique em atraso com nada.

Depois de todo este processo e de colocar toda a conversa em dia com a Filipa, de modo a iniciar uma tão peculiar amizade mais tarde, chegou a altura de mandar mensagem ao tão simpático e amistoso Daniel, o magnífico filho da senhoria, para entrarmos pela primeira vez em casa e conhecer aquele que ia ser o nosso maior companheiro, o Hugo, o gato gordo!

Este querido amigo fazia parte do contrato da casa, foi-nos imposto que cuidassemos dele, ainda que ao príncipio soasse estranho, tornou-se sem dúvida o nosso amigo de quatro patas.

Uma calorosa, ainda que nórdica, receção num dia de verão numa casa nova com alguém novo, num local nunca antes visto e ainda às dez da noite sem jantar.

Obviamente o único sítio aberto na Suécia a essa hora era o Mc Donalds.

O nosso primeiro jantar foi lá, onde encontramos uma rapariga com quem tinhamos falado na fila do check-in e um muito atencioso rapaz, chamado Esbjorn, de quem ainda vão ouvir falar adiante e que sem dúvida marcou o nosso primeiro dia comprando apenas dois pacotes de batatas fritas e uma bebida grande.

Não podia desejar naquela hora nada mais que uma cama, no dia seguinte tinhamos pela manhã uma palestra de apresentação onde devagar começam a surgir as pessoas e as histórias, como neste dia.

Que primeiro dia! Foi sem dúvida um dia em cheio, viagens sem fim, mentores super atenciosos e uma casa acolhedora à nossa espera, depois de tanta procura. Ainda que derrotadas pelo cansaço, acabamos a rir e cheias de vontade de mais... e veio muito mais.

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