Londres a meus pés
Adorei sentir Londres a meus pés.
O primeiro impacto que tive ao chegar à cidade foi da sua megalomania orgulhosa. Tudo era grande. Tudo gostava de ser grande. E, assim, eram poderosos. Confesso que me assustou um pouco. Chegava de Portugal, um país onde a sua maior cidade é pequena. E ali, Londres, uma das maiores e mais importantes cidades do mundo a receber de braços abertos. Porque a cidade parece ter sempre mais um lugar à espera de um novo visitante.
Contudo, Londres terá espaço para outros textos. Alguns dedicados apenas a si como um todo. Este, no entanto, é direção para algo em particular: os seus belíssimos. A minha viagem no London Eye.
Tive a oportunidade de subir ao London Eye num dia limpo de janeiro. Coisa rara. Eu sei, tive sorte. O frio não deixava de cortar a pele e isso, por muito que vos possa surpreender, foi coisa que me agradou. Pelo menos, desse modo, tive algum relance sobre o tempo londrino. A subida fez-me através de um pacote atrativo de turismo, que me permitiu subir ao London Eye e ir ao Museu de Cera Madame Tassauds por uma verdadeira bagatela.
Subi quando o Big Ben já precisava de ter as suas luzes acesas para poder ser observado. Um dos maiores marcos do mundo. Uma torre histórica da qual tinha memórias sem que nunca antes ali tivesse estado. Estava na fila a apreciar a vista quando comecei a sentir uma leve ansiedade. As outras pessoas a entrar nas cápsulas. A serem sugadas pela força da roda gigante. A noite já tinha caído e eles eram apenas uns pirilampos perdidos na paisagem. E, muito em breve, eu seria um deles. Um pontinho de luz nos céus de Londres a espreitar os segredos da cidade. Com toda esta antecipação, creio que podem imaginar o êxtase que senti ao colocar os pés a bordo. Uma sensação única.
O nosso casulo começou a ser elevado para os céus. E eu estava fixada na paisagem, como se ela tivesse uma magia. Como se todas aquelas luzes me fossem trazer as maravilhas que esperava. E a subida fez-se numa lentidão abençoada. Cada segundo apreciado com um toque eterno dos tempos. Lá em cima, a melhor paisagem da minha vida.
O Big Bem era rei nesta minha visão. Uma aparente ilusão que era tão real que me custava a acreditar. Todavia, não era tudo o que se via. Roubava a atenção, mas era impossível resgatá-la por completo. O The Shard, um dos maiores edifícios da europa, era uma paisagem formidável. E, claro está, é impossível fugir à zona financeira da cidade, onde os seus prédios envidraçados e coloridos iluminam o mundo. A minha curiosidade foi então conquistada pela beleza da ponte da rainha, uma das mais famosas pontes do mundo, ali à mercê dos meus olhos encantados.
Lá em cima, do pico do universo, senti-me poderosa. Um culminar de vida. Afinal, tinha Londres a meus pés. Literalmente. Toda a vida de uma das cidades mais importantes do mundo estava ali, a acontecer ao vivo, a escassos metros dos meus pés.
Quando a cápsula começou a descer, tive uma tristeza imensa. Estava a voltar à realidade onde seria uma das muitas formigas que percorrem este mundo. O que eu gostava de conseguir fazer com que aquele momento se tornasse eterno. Mas os meus pés estavam destinados a tocar no chão. Talvez, um dia, eles voltem a erguer-se.
E aí, por certo, terei Londres de vez.
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