O Centro de História da Resistência e da Deportação está localizado no centro de Lyon, a poucos minutos das universidades. O seu intuito é prestar homenagem aos Resistentes e aos Deportados da Segunda Guerra Mundial, nesta cidade que albergou também o Quartel General da Gestapo. E precisamente, o CHRD encontra-se nos edifícios onde a Gestapo se localizava e onde Jean Moulin, braço direito do General de Gaulle em França, foi torturado, bem com outros, por Klaus Barbie, o «Carniceiro de Lyon».
Parece um pouco sombrio, admito. Mas garanto-vos que quando vemos o edifico hoje não é essa a impressão que nos dá, pois para além deste local de memória (situado à esquerda quando entramos), a estrutura alberga também o prédio da École Sciences Po Lyon e polos de outras universidades. O local é de fácil acesso uma vez que se encontra logo em frente da paragem de elétrico T2 «Centre Berthelot».
O CHRD é composto por 3 espaços distintos:
- Uma parte com as salas de exposição permanente (entrada gratuita para quem tem menos de 26 anos).
- Uma parte com as salas de exposição temporária (entrada a pagar: tarifa reduzida 3 euros).
- Uma sala de projecções (gratuita).
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A sala de exposição permanente aborda a Segunda Guerra Mundial ao concentrar-se mais nos Resistentes e Deportados da cidade de Lyon que foi o núcleo central da Resistência em França. Podemos ouvir os testemunhos e aprender várias informações sobre o assunto. Podemos ainda encontrar uma réplica de um «vagão de gado», estes vagões serviam para a deportação de judeus e outras populações que sofreram com o Holocausto (ciganos, homossexuais, entre outros).
A sala de exposição temporária é, como o nome indica, regularmente reestruturada para acolher exposições centradas em diferentes temas ou momentos precisos da Segunda Guerra Mundial. Por exemplo, neste momento, podem descobrir informações sobre o Desembarque. O ano passado quando visitei o espaço havia uma exposição intitulada « «Pour vous Mesdames! » La mode en temps de guerre! ». Era possível ver cartazes de filmes com mulheres vestidas à moda da época, numerosas réplicas de fatos e acessórios (uns contra outros a favor de Vichy), explicações sobre os materiais que as mulheres utilizavam para fabricar sapatos e roupas durante a penúria e o racionamento (o Système D (Sistema D), como se diz), revistas de moda da época (Marie-Claire, Elle... que ainda hoje podemos encontrar! ). A sala de exposição não era muito, muito grande mas era interessante e bem pensada, sobre um tema que permite abordar o assunto sobre um ângulo diferente.
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Na sala de projeções, vão poder descobrir um documentário inédito que de outra forma não poderiam ver. Trata.se de um documentário de 45 minutos sobre o processo de Klaus Barbie (11 maio - 4 julho 1987 em Lyon). É um registo importante porque é o primeiro processo em França a ser filmado e a julgar um homem por crimes contra a humanidade. Não tenham medo em relação à duração do documentário, achei-o de tal forma interessante que nem dei pelo tempo a passar. Evidentemente é comovente, vemos imensos testemunhos em que as vítimas de Barbie descrevem precisamente as atrocidades que este (e os seus lacaios) os fez sofrer. Para além desses momentos bastante chocantes, fiquei impressionada pela impassibilidade e a ausência de arrependimento de Barbie, ele mantêm um sorriso cínico do inicio ao fim, pede para não assistir ao julgamento e chega mesmo a troçar do júri ao fingir ser cidadão da Bolívia (para onde ele fugiu com a sua mulher) e ao falar em espanhol, depois alemão, e mesmo algumas palavras em francês no final.
Acho realmente que este documentário pode lançar umas luzes interessantes e intensas sobre a guerra e as suas consequências, recomendo-vos vivamente. É, para mim, indispensável se vêm ao CHRD.
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