9/10/17
Cheguei da minha viagem a Bucareste de madrugada, deparei-me com a minha cama remexida, assim como os meus pertences fora do sítio. Como seria de esperar, fiquei à beira de um ataque de histerismo, pois pensei que tinham dormido na minha cama e mesmo que só se tivessem sentado nela, eu sou uma pessoa bastante territorial, sinto-me atacada quando mexem nas minhas coisas sem permissão. Decidi ir dormir e quando acordasse falaria com a minha colega de quarto.
Neste mesmo dia teria que acordar às 5:30h, pois umas raparigas iriam estar à porta do meu dormitório às 6:15h para me indicarem o caminho para a aula de SPA, na altura em que me disseram as horas, achei bastante estranho ser tão cedo, calculei que se devesse ao facto de terem aulas às 8 horas e era para termos tempo de ir e vir a pé ao local, o final desta parte não foi o esperado, mais à frente explico.
Eram 4:30h quando começam a bater à porta do meu quarto, a Carolina, a minha outra companheira de quarto, acordou logo, eu tenho o sono mais pesado, apenas acordei devido ao ruído constante, a única pessoa que não acordava era a Glutina (nome fictício da minha outra colega de quarto). Entretanto, a Carolina ouve-me a remexer na cama e começa a chamar-me, o meu primeiro instinto foi mandá-la parar de bater no guarda-fato, ela disse-me que não era ela, era outra pessoa a bater à porta e com o barulho das nossas vozes a Glutina lá acorda e vai ver quem é, porque, obviamente, não estavam a bater à porta a chamar por mim ou pela Carolina, nesse momento faltava meia hora para o despertador tocar, já de nada adiantava voltar a tentar adormecer.
Assim que a Glutina volta ao quarto, levou com tudo o que me estava entalado na garganta. Perguntei-lhe se tinham dormido na minha cama e na da Carolina, ela disse que só tinham visto um filme, o que é um pouco estranho, visto que nós temos um beliche e não entendo como é que conseguiram ver nas duas camas, partindo do princípio que usaram um computador, pois não há nenhuma televisão no quarto. Ficou esclarecido naquele momento que nós não queríamos que tal ocorresse novamente, que vejam o filme na cama dela.
O tempo passou e lá fui eu às 6:15h ter com as raparigas para me mostrarem o caminho. Fiquei incrédula quando soube que estávamos ali àquela hora, porque a aula era às 7 horas e noutra semana seria às 8 horas, alternava assim, ainda teríamos que apanhar autocarro e o autocarro demorou mais de 20 minutos a chegar ao destino, disse-lhes logo que aquilo não era para mim, não vim de Erasmus para andar a acordar às 5 da manhã para ir a uma aula, o que eu não entendi foi o facto do incompetente do meu coordenador não ter avisado acerca disso.
A aula de SPA foi cortada, teria que escolher outra. O dia ia no início e não parava de melhorar, decidi nem sair do autocarro, ficaria até ele voltar para trás e chegar a casa, o que sucedeu foi que os autocarros não dão a volta, seguem um caminho e quando chegam ao fim param, por isso tive que voltar a gastar mais dinheiro num novo bilhete, eles não são muito caros, mas grão a grão enche a galinha o papo.
Na chegada a casa deparei-me com a Luna (nome fictício de uma colega de residência), aquela que esteve a bater à minha porta na madrugada, pediu-me desculpa a mim e à Carolina, todavia disse "mas" e eu já sei que sempre que pedem desculpa e adicionam o "mas", é porque acham que estão corretos, na cabeça deles não houve problema, eu é que estava a exagerar. A justificação dela foi de que estava com uns "stresses" e que estavamos numa residência, estas coisas eram normais e tínhamos que compreender, era o que faltava! Ela é que tem que compreender que lá porque isto é uma residência, não significa que seja a balbúrdia na quinta, ela dorme o dia inteiro se quiser, eu tenho que ir às aulas, para a próxima também lhe vou bater à porta sem parar durante a madrugada para ver se é compreensível.
A Glutina teve de ir fazer queixinhas à Luna, porque ela também me veio dizer que não precisávamos de ficar assim com a Glutina, porque só tinham ido para lá ver um filme, ainda bem que a Luna está a tirar um curso que não é Direito, pois daria uma péssima advogada de defesa com os argumentos dela. Disse que no quarto dela faziam o mesmo e que ela não se importava, mas é que pouco me importa o quarto dela, até lá pode fazer um festival, no meu quarto eu não quero que vão para a minha cama, quero ter o meu espaço.
Depois de todos estes acontecimentos trágicos, parti em busca de um ginásio, não obtive sucesso. Em Portugal há um ginásio em cada esquina, aqui há funerárias e são non-stop, ruas e ruas cheias de funerárias abertas 24 horas por dia.
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