A relativamente poucos metros da cidade podemos apreciar e passear no Muelle del rio Tinto (em português molhe). Esta maravilhosa obra de engenharia é umas das marcas históricas do legado inglês que podemos encontrar aqui, em Huelva. Foi construído em 1874 e fechou em 1975.
Ao longo deste século de trabalho foi um importante meio de transporte e de carga/descarga de mineirais desde o norte da província de Huelva, particularmente desde a serra, de onde eram extraídos os minerais até à cidade, mais concretamente até este molhe, onde estavam os barcos atracados, que se preservou até aos dias de hoje.
Este transporte era, então, possível através do caminho de ferro, uma vez que as estradas desde a serra até à cidade eram pequenos caminhos feitos por animais como burros, por exemplo.
O que acho mais incrível e interessante sobre esta obra é a forma como funcionava.Este molhe de carga funcionava através de um chamado sistema de carga por gravidade.
De uma forma muito simples, este molhe tem várias vias de entrada e saída de vagões, em que as vias de entrada são ascendentes relativamente às vias de saída, isto é, as vias de entrada sobem até chegarem a um determinado ponto, e uma vez atingido esse tal pico descem até ao final da plataforma.
Despois, através de uma troca de carris (ou linhas, não sei muito bem qual é o termo técnico mais correcto, mas espero que percebam o que quero dizer) os vagões voltam, a descer, por umas vias laterais. Ou seja, os vagões eram impulsionados e movidos através da gravidade, sem nenhum sistema mecânico. Não é espetacular?
Em 2007 este molhe sofreu uma reabilitação que nos possibilita e nos dá a oportunidade imperdível de nos perdermos a ver o rio Odiel e os seus extensos pântanos (marismas em espanhol, e conhecidas como Las marismas del Río Odiel), ou a passer pelas plataformas do molhe (tem duas plataformas unidas numa só: uma inferior, mais sombria e onde costumam percar, e outra superior, mais soalheira).
É ainda um ótimo sítio para uma boa caminhada, para um aquecimento antes ou alongamentos depois de uma corrida, ou até mesmo para descansar ao sol, relaxar, ler ou conversar.
Seja para o que for, uma coisa é certa: o entardecer visto do molhe é indescritível. Lindo, lindo, lindo. O sol, o calor, o rio, as salinas, as folhas de junco, a paisagem de uma forma geral, as cores com que fica o céu - azul, rocho, amarelo e cor de rosa - e principalmente a tranquilidade característica deste lugar fazem com que o pôr do sol seja viciante, diria eu, não encontrando outra palavra para o definir.