Funchal

Publicado por flag-pt Susana Campino — há 9 anos

Blogue: O Cantinho da Susy
Etiquetas: flag-pt Blogue Erasmus Funchal, Funchal, Portugal

Funchal uma cidade com sabor a açúcar e vinho.

Com o passar do tempo após a descoberta da Madeira, esta viu a sua evolução associada essencialmente a dois grandes ciclos, o do açúcar e o do vinho, sendo que um precedeu o outro por razões de escassez e subsistência. Como resultado destes fenómenos, o Funchal é testemunha da contribuição destes marcos históricos, a nível cultural e arquitetónico, que moldou o povo, os costumes e a própria cidade.

Pontos a visitar

  • Jardim de Santa Luzia 

Neste belo jardim, com uma arquitetura contemporânea integrada na cultura e paisagem madeirense, encontram-se rastos da designada “era do ouro branco” pois assenta nos terrenos antigos do engenho do Torreão.

Na margem da ribeira de Santa Luzia foi mandado construir por Diogo Teive em 1452 o primeiro engenho de açúcar erguido na ilha. Este era um engenho de água devido ao acesso dos recursos hídricos era movido a água no inverno e a vapor no verão. Alguns anos depois foi edificado na margem esquerda da ribeira uma pequena capela dedicada a Santa Luzia, já existente em 1471, que daria o seu nome àquele curso de água.

Depois, em função da ribeira de Santa Luzia dispor de caudal superior às outras duas ribeiras ali existentes, foram erguidos diversos engenhos de açúcar espalhados ao longo das suas margens.

No século XV foi criada uma levada a partir de da ribeira de Santa Luzia, uma das mais antigas da ilha, que regava os canaviais ali existentes.

No século XIX, William Hinton mandou ali edificar um grandioso engenho de açúcar. Neste período o ciclo do açúcar renasce com o intuito de substituir a indústria do vinho que tinha sido dizimado por doenças originadas nos vinhedos. Desta forma, a designada Fábrica do Torreão tornou-se no maior complexo industrial da ilha, das quais estão preservados, atualmente nos jardins de Santa Luzia, a chaminé da antiga fábrica e maquinaria.

Estes vestígios relembram a influência que estas estruturas tiveram no passado da indústria sacarina da Madeira. Esta maquinaria era utilizada para a moenda da cana, e ainda hoje em dia podemos observar a sua atividade em engenhos como o do Porto da Cruz. Para este processo eram utilizadas várias técnicas provenientes do mediterrâneo, no entanto, a disponibilidade dos recursos hídricos geraram um aperfeiçoamento significativo com a criação do primeiro engenho de água. Porém este método resultou nas zonas onde era possível dispor da força matriz da água, onde recorriam ao uso da força animal ou humana, estes eram chamados de trapiches ou almanjarras. A localidade de Trapiche existente nos arredores do Funchal, deve este nome ao tipo de engenhos lá usados outrora para moer cana. 

  • Museu de arte Sacra

Este Museu é composto por coleções de pintura, escultura, paramentaria e ourivesaria, cronologicamente datada entre os séculos XV e XIX.

Ali se destacam a pintura flamenga, que se distingue pelas suas grandes dimensões e qualidades, pertencentes aos séculos XV e XVI, a chamada época áurea do açúcar.

Com o auge da época canavial madeirense, D. Manuel I, no século XV, foi responsável pelo seu comércio e fama pelos países estrangeiros, uma das medidas mais famosas foi a instituição de uma lei que facilitava a fixação dos ingleses, franceses, flamengos e italianos na Madeira com o principal intuito de aumentar e auxiliar o seu fluxo. Na época este produto era conhecido como o “ouro branco”, pois era considerado uma moeda de troca. Os estrangeiros adquiriam o açúcar e em troca deixavam os seus artefactos, tal como foi o caso das obras flamengas, o que fez com que a cultura e arquitetura insular se desenvolvesse.

  • Catedral da Sé

No final do século XV, D. Manuel I ordenou que fosse construída uma igreja de grandes dimensões, sob um chão de cana-de-açúcar, com o intuito de engrandecer o funchal.

Em 1502 os trabalhos foram acelerados, ano em que foi instituído um aumento de impostos sobre as produções vinícolas e açucareiras. Para o desenvolvimento das obras foi atribuído um subsídio por D. Manuel I para a construção da cabeceira da igreja. Mais tarde, quando o Funchal foi elevado a cidade, em 1508, já ali eram celebradas missas.

Nasce assim a Igreja de Santa Maria, também designada de Igreja Grande, que com a criação da diocese do Funchal em 1514, por bula passada pelo Papa Leão X, foi elevada á condição de Sé Catedral.

O coruchéu da torre sineira e mais alguns elementos só foram finalizados em 1517-1518.

Na cantaria central da fachada, fazendo contraste com a brancura dos panos laterais caiados, rasga-se um portal gótico composto por arquivoltas assentes em colunelos, sobrepujado pelas armas do Rei da época. O andar superior encontra-se marcado por uma rosácea gótica terminado por empena triangular com remate de pequena Cruz de Cristo. Na cabeceira destaca-se uma alta torre sineira, construída a partir de arcos plenos e rodeada de ameias. A torre é terminada em pináculo com a forma de pirâmide quadrangular, revestida de azulejos que formam uma composição de xadrez pouco usual, este facto deve-se à utilização de azulejos lisos de quatro cores. O interior é formado por três naves, sendo a central a mais alta, divididas em arcos quebrados que repousam em pilares com colunas adossadas. O corpo da igreja é marcado pela proeminência do transepto e seu elevado arco de cruzeiro. A cobertura de madeira do corpo apresenta notável trabalho nos seus tetos de alfarge, de influência mudéjar quinhentista, combinando nos seus desenhos geométricos a pintura da madeira dourada com incrustações de marfim.

Na capela-mor encontra-se o majestoso cadeiral marcado por um elegante dossel rendilhado, tendo esculpido nos espaldares figuras sagradas com relevo, de grande qualidade. Esta peça do gótico final foi atribuída ao flamengo Olivier de Gand, possível resultado das trocas de açúcar. O retábulo-mor mostra um elegante dossel de fino rendilhado cobrindo as tábuas pintada com ilustrações do Antigo e Novo Testamento, cujo autor foi o Mestre da Lourinhã. Esta igreja tem também uma cruz processional oferecida por D. Manuel I, juntamente com outras vinte peças, das quais sobraram quatro, resultado dos assaltos que ali sucederam.

  • Mercado dos lavradores

Este edifício foi construído na década de 30 do século XX, no núcleo histórico de Santa Maria na cidade do Funchal. O mercado apresenta uma combinação de arte Deco e modernismo e é um dos principais marcos turísticos da cidade do Funchal.

Este tem uma área coberta de 9600 m2 e foi criado na época com o intuito de abastecer uma população de 250000 habitantes.

Este local oferece o melhor da Madeira a quem o visita e é o sítio onde os aromas, as cores e a tradição se reúnem para brindar e maravilhar todos os visitantes que o procuram.

Na entrada principal e no interior podemos encontrar painéis de azulejos produzidos na Fábrica de loiça de Sacavém. Estas obras foram pintadas por João Rodrigues com temas regionais tais como as viloas com o seu famoso traje.

Ali podemos encontrar artigos regionais e inovadores, nomeadamente, desde carne, peixe, legumes, frutas desidratadas e frutas frescas, ervas, doçaria e bebidas típicas. Entre estes produtos encontramos o vinho madeira, a cana-de-açúcar, quando está na sua época, e os derivados da cana sacarina, designadamente, rebuçados, bolo de mel, broas, poncha e sumo de cana, a mais recente inovação.

  • Madeira Film Experience

Este empreendimento situado no Marina Shopping consiste num documentário de 30 minutos que relata os 600 anos da história e cultura da ilha da Madeira.

É uma produção audiovisual onde se mostra a vida de um povo que enfrentou guerras, fomes, revoluções, isolamento e ainda assim conseguiu prosperar.

O Madeira Film Experience é apresentado em sessões contínuas, todos os dias do ano, fechando apenas no dia de Natal e no primeiro dia de cada ano civil. A sala está equipada com um sistema de tradução simultânea para cinco línguas (português, holandês, inglês, alemão e francês).

  • Adegas da Madeira Wine Company

A Madeira Wine Company é responsável pela exportação de 50% do vinho madeira. Este edifício pertence à Blandy desde 1840, anteriormente era o convento de S. francisco que foi deitado abaixo no século XIX, e também já foi hospital. Em 1925, a família Blandy juntou-se a 3 outras famílias: Leacocks, Miles e Cossack Gordon. Em 1989 a Madeira Wine faz parceria com a família Seemington que tinha 51% da companhia com o intuito de obter a distribuição internacional. Atualmente a Seemington tem 10%.

Em meados do século XVII, a produção e expansão comercial do vinho madeira desenvolve-se paralelamente ao declínio do açúcar tornando-se uma base à economia do povo madeirense. Este produto, desde então, evoluiu para um vinho generoso da sofisticada produção, na medida em que são acrescidas medidas precisas de aguardente que estimulam o seu envelhecimento em boas condições de conservação.

Anteriormente já ocorriam as exportações do vinho para as principais metrópoles europeias da época. A sua submissão a um estágio de dois a três meses a temperaturas constantes de 45º C, fez com que nos finais do século XVII e inícios do século XVIII, fosse um dos vinhos generosos mais apreciados e famosos do mundo ocidental, a par do “Porto” do “ Xerez”.

O ciclo económico vinícola atinge o seu auge em meados do século XIX e é subitamente interrompido com a propagação da Phyloxera Vastatrix, uma praga trazida para o velho Continente pelas castas americanas e que naturalmente destruiu quase a totalidade da produção vitivinícola insular. Porém a cura é conseguida com excertos entre as castas europeias infetadas e referidas como castas portadoras do vírus, mas a ele imunes.

Mais tarde foram retomadas a produção e comercialização internacional do vinho Madeira, contudo não conseguiram obter os mesmos valores de outrora, sendo ultrapassado pelos seus concorrentes que aproveitaram esta crise madeirense para recuperar o mercado.

Existem 4 tipos principais tipos de vinho madeira licorosos: malvasia, é o vinho doce, esta foi a primeira casta a ser introduzida na ilha, veio de Cândia de Creta, e foi introduzido pelos genoveses; Bual é um tipo de vinho meio doce e veio de frança; verdelho é o vinho meio seco; Sercial é o vinho seco.

Este vinho possui características exclusivas, como por exemplo, é o único que é guardado em pé e não deitado, não envelhece em garrafa, e tem prazo de um ano após abrir a garrafa para ser consumido. Estas particularidades devem-se a esta bebida ser colocada numa pipa de madeira porosa que permite que vinho respire.

O Madeira Wine tem capacidade de 700000 litros de vinho, o resto do vinho é depositado nas outras adegas e na cruz vermelha.

Para finalizar a visita a estas adegas é oferecida a oportunidade do visitante tem fazer uma prova de vinho na sala Max Römen que é uma sala que tem uma pintura mural deste autor.

Monte, um jardim no céu

O clima ameno, o solo fértil e a distribuição turística fizeram com que a Madeira desde os tempos ancestrais acolhesse uma vasta diversidade de fauna. Este evento contribuiu para que nos meados do século XVIII nascessem as quintas, os parques e os jardins. Os comerciantes ingleses ricos escolheram as freguesias do Monte, da Camacha, Santo da Serra e Jardim da Serra para construir as suas quintas devido ao clima mais fresco e húmido que o litoral, mais próximo das condições atmosféricas de Inglaterra, o que permitia a melhor adaptação de plantas britânicas. A esta jornada mais tarde se juntaram os madeirenses mais abastados.

Para acréscimo o Monte foi também um sítio de paragem de personagens ilustres, tais como, o Imperador Carlos de Áustria, o que o torna um ponto de interesse não só de cariz botânico, mas também, histórico.

Pontos a visitar

  • Jardim Botânico 

Este já foi uma antiga propriedade da família Reid’s e atualmente é dos jardins mais famosos do Funchal. O Jardim Botânico do Funchal é um centro pedagógico, um polo de divulgação científica e um centro de conservação, tendo, na sua coleção de plantas vivas, espécies que se encontram extintas ou em vias de extinção nos seus países de origem.

O Jardim possui uma área de 35000 m2 e situa-se numa altitude que varia entre os 200 e 350 metros, oferecendo uma vista deslumbrando a quem o visita. Em acréscimo a este facto, e como não há jardim sem flores, este contém mais de 2500 plantas exóticas, originárias de todos os continentes, que com as suas inúmeras cores compõe um mosaico colorido.

Este divide-se em cinco áreas principais: Plantas Indígenas e Endémicas; Plantas oriundas dos Himalaias das Regiões Tropicais; Plantas originárias, essencialmente, da América do Sul; Tropicais/ Cultivares/ Aromáticas/ Medicinais; Loiro Parque.

Em setembro de 2005 adquiriu uma nova atracão turística, um teleférico que faz ligação entre o Jardim Botânico e o Monte. Este oferece um excelente acesso às levadas dos Tornos, Bom Sucesso e ao Curral dos Romeiros, que são polos de atracão turística muito visitados.

  • Igreja da Nossa Senhora do Monte

A igreja foi construída no século XVIII, sobre os alicerces da primitiva ermida do século XV que havia sido destruída por um terramoto em 1748, e apresenta uma arquitetura setecentista e oitocentista.

No altar-mor está a imagem de Nossa Senhora do Monte, que era venerada pelo povo madeirense desde os primórdios do povoamento da ilha. No interior da igreja é possível vislumbrar peças de ourivesaria lavradas dos séculos XVII e XVIII.

Na capela lateral está o túmulo do famoso Imperador da Áustria, da Hungria e da Boémia, Carlos Habsburgo, que foi exilado na Madeira 1921. 

  • Os Jardins Tropicais

 Os Jardins Tropicais estão abertos ao público desde 1991 e foram concedidos por José Berardo. Ali destacam-se uma das mais importantes coleções de azulejos de Portugal, este encontram-se expostos no meio da vegetação tropical, simbolizam as diversas eras históricas e são provenientes de palácios, igrejas, capelas e casas privadas de todas as partes de Portugal. A maioria deles descreve acontecimentos culturais, sociais e religiosos. É de salientar os quarenta painéis de azulejos que relatam a história de Portugal, iniciando-se com o reinado de D. Afonso Henriques e acabando com um painel dedicado à 3ª República. Outra peça de destaque é uma porta do século XVIII, emoldurada por uma frontaria pertencente de uma capela, composta com duas figuras laterais que seguram os dez mandamentos e uma espada.

Nos Jardins Tropicais existem dois jardins orientais e um painel designado “A Aventura dos Portugueses no Japão”. A sua existência deve-se ao facto de, numa viagem ao Japão e á China, José Berardo ter ficado deslumbrado com o mundo oriental e com a influência do Portugueses sobre ele. Entre os diversos elementos chineses e japoneses estão dois cães Fó em mármore, estes são animais mitológicos guardiões colocados na entrada dos Templos, várias esculturas budistas, um dragão cercado de crianças que simboliza a fertilidade e, inúmeras lanternas em pedra que são usadas no Japão para iluminar para iluminar o caminho até à casa de chá.

Outra atração oriental são os peixes Koi, uma espécie proveniente da Ásia de Leste.

 Fora da temática do oriente, porém do reino animal, podemos ali observar os cisnes no lago central, os melros e os pavões.

  • Largo da Fonte

Este largo situado no Monte, sob a sombra de plátanos, detém um coreto, construído em 1890, e por uma fonte feita em mármore e cantaria em 1897, após o anterior fontanário ter sido danificado pela queda de um castanheiro 1896. A fonte possui um nicho com a imagem de Nossa Senhora do Monte, uma figura de grande devoção dos madeirenses.

Ali também podemos observar duas esculturas de bronze: uma com o busto do Padre José Marques Jardim e a outra é um baixo-relevo em tributo aos “Carreiros”, os homens que transportam os turistas desde o Monte até o Funchal nos carros de cestos.

Entre a Igreja de Nossa Senhora do Monte e o Largo da Fonte existe uma pequena lagoa que possui no centro o mapa da ilha da Madeira em pedra.

  • Carro de cesto 

Os carros de cesto do Monte têm origem em meados do século XIX, nesta época os cestos eram usados pelos habitantes por ser um meio de transporte de alta velocidade entre o Monte e o Funchal. Nesta fase o Monte era uma dos locais escolhidos pela nobreza, comerciantes ricos e pela comunidade britânica.

O cesto é composto por uma cadeira de vimes com o assento e as costas estofadas, com espaço para dois ou três passageiros. Este é controlado por dois homens, os Carreiros, vestidos com o típico traje branco, chapéu de palha e botas, sendo estas usadas com travões. Antes da viagem as plataformas onde assentam os cestos dão engraxados com sebo para que os cestos consigam atingir uma certa rapidez. Esta é uma das mais antigas profissões da região.

Atualmente os Carreiros são uma atração turística exclusiva da ilha da Madeira. Todos os anos milhares de turistas querem fazer a emocionante experiência do passeio pelas estreitas e inclinadas ruas que ligam o Monte ao Livramento. A partida encontra-se perto das escadas que conduzem à igreja de Nossa Senhora do Monte e tem um percurso total de 1,4 km com uma duração de 6 a 7 minutos.


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