Figueiró dos Vinhos, uma vila exemplar!
Não existem férias de Verão que acabem sem que eu queira ter riscado do mapa um lugar onde nunca estive.
Este ano, como na maior parte das vezes, decidi riscar um local em Portugal. Se não conhecemos o nosso próprio país, que bases temos para partir além-fronteiras? A escolha começou como qualquer pesquisa no século XXI: abrir o Google!
Comecei por pesquisar “Turismo Portugal”. Estava esperançosa que estas duas milagrosas palavras fossem suficientes para me resolver uma questão tão flagrante quanto esta. A lista de destino apareceu, infinita, como seria de esperar. Já tinha visitado grande parte dos locais indicados, como Porto, Lisboa, Sintra, Guimarães, Aveiro, Portimão e por aí além. Nesse momento descobri algo extremamente importante: queria algo que não aparecesse nos roteiros habituais de turismos, mas que me permitisse conhecer um pouco da essência do meu país enquanto aproveito o calor do Verão. Foi aí que me recordei de um colega meu.
Este meu colega cresceu numa pequena vila do centro do país. Desde que o conheci que vejo o seu orgulho em divulgar o noma da terra que o viu crescer. Não se cansava de dizer como era bonito, como a Câmara Municipal estava a fazer uma aposta clara no turismo e, claro, como gostava que eu lá fosse. Portanto, ele tinha um pequeno encanto em Portugal para me mostrar e eu tinha a vontade de conhecer algo assim. Perguntei-lhe se podia ir ter com ele nesse Verão. A resposta foi sim. Assim começou a minha viagem para Figueiró dos Vinhos.
A vila tem um aspeto extremamente pitoresco.
Os edifícios respiram uma historia antiga, alguns, coitados, não conseguem esconde-la através da sua degradação. É uma típica vila portuguesa. O café central. Os “Zé Maneis” e as “Tis Albertinas” a percorrerem as ruas. E, sobretudo, um encanto próprio. Figueiró dos Vinhos foi escolhido como lar para diversos artistas e, ao estar-se lá, percebe-se bem o porquê! O aspecto estético da vila é algo que salta à vista de qualquer visitante. Perguntei ao meu amigo por onde deveríamos começar a minha estadia. Ele, sabendo do meu encanto por apanhar sol, água e natureza, disse que o melhor seria começar pelas Fragas de São Simão. Já tinha ouvido falar desta Praia Fluvial, pois esteve nomeada para as sete maravilhas de Portugal, categoria Praias Fluviais, e, portanto, deixei-me levar pela sua sugestão!
Levou-me para lá no seu Toyota Yaris verde. O caminho é feito como eu queria que ele fosse: pela natureza. Entre árvores, paisagens de serra e, surpreendentemente, com uma estrada recentemente alcatroada. A vista do alto sobre as outras serras, em baixo, cria a ilusão de sermos maiores. Dá-nos a ideia de sermos gigantes. Passámos por muitos túneis formados por árvores que, separadas pela estrada, se decidiram abraçar. Por fim, após tanta descida, chegámos ao fundo. Pensei que seria aí, mas ele começou a subir por uma rua estreita. Perguntei-lhe para onde nos levava. Ele limitou-se a responder: “Espera e verás”. A resposta vaga que uma rapariga perdida no meio da serra necessita…
Ele tinha razão. Tenho que dar o braço a torcer. Esperei, vi e valeu bem a pena! Estacionou o carro num pequeno parque de estacionamento localizado na pequena aldeia do Casal de São Simão. O Casal de São Simão é uma Aldeia de Xisto, conhecida pelas suas casas de férias, por ter apenas uma rua e, claro, por ter uma belíssima ligação pedonal às Fragas de São Simão. A aldeia, que devia servir como parte do roteiro, foi ingrediente crucial para o meu encanto. As pequenas casinhas cuidadas, com portas de madeira renovadas, flores nos varandins e a casualidade de uma casa portuguesa eram tudo o que eu queria ver, mas não sabia que existia. Imaginei a comprar uma casa de férias ali, um dia mais tarde. Quão bonito seria ter um espaço daqueles para mim, onde pudesse trazer as pessoas que mais gosto para passarem uma temporada isoladas da azáfama da crueldade das cidades?
O meu colega levou-me para um trilho. Notei nas marcas vermelhas e amarelas numa paredes, indicativos que o trilho está assinalado, verificado e que é seguro. Isso acalmou-me bastante. É sempre melhor quando sabemos que nos estamos a meter num sítio em que alguém já foi pago para percorrer. Se havia alguém para partir pernas ali, foi pago e saiu ileso! O percurso pelo meio das árvores faz-se bem. É a descer, mas o trilho é seguro. Não há perigo real de escorregar. Isto, claro, se os visitantes não andarem por lá aos pinotes. Aquilo está verificado, mas uma coisa é ter sido visto como seguro, outro é não ter senso comum… O meu colega precaveu a situação dizendo-me que preferia que fossemos devagar pois, não só assegurava que eu podia aproveitar a vista, como iria prevenir eventuais acidentes.
Estávamos a percorrer o trilho havia uns cinco minutos, começámos a ouvir a água da ribeira. Isto, para mim, é um favor de aliciamento enorme. Adoro o som da água. Tentei acelerar o passo.
Ao chegar às Fragas de São Simão, a vista é deslumbrante. A ribeira tem um pequeno dique, que serve como “zona mergulhável” da praia fluvial. Tem um pequeno bar numa esquina. Uma bonita ponte metálica que liga as duas margens. E, o ponto de atracção maior, uma bela flora circundada por enormes rochedos. As pedras servem de lugar de descanso para os banhistas mais tardios. Era o meu caso. Pensei que iria ser demasiado desconfortável, mas assim que estendi a toalha e me deitei que pude constatar o inverso. Até era algo confortável. Não a pedra, claro. Mas o facto de estar deitada numa pedra, com o som da água de fundo, o sol quente na pele e a sensação plena de repouso. Ao falar com o meu colega, descobri ainda que as Fragas possuem uma zona mais selvagem, um pouco mais recatada dos olhares atentos dos turistas. Uma zona plana, rodeada de árvores e onde o rio ainda corre bravo. Decidi ir espreitar antes de tirar as sapatilhas e mostrar o meu biquíni ao mundo. A zona tinha uns baloiços de madeira antigos, espaço plano para grupos poderem estar confortavelmente instalados e o secretismo que eu desejava. Disse-lhe que devíamos por as toalhas ali e que, quando quiséssemos dar um mergulho, iriamos para a outra parte. Ele, que queria fazer-me as vontades, anuiu.
O primeiro mergulho foi lento. A água estava fria e o meu corpo demasiado quente. Aos poucos, entrei e, de súbito, ganhei coragem e mandei um mergulho. Existe pé na maior parte da praia, ou mesmo em toda se a pessoa for grande. Nadei um pouco, apreciando o belo “dolce far niente” que depois iria aprender ser uma tradição em Itália. Convenci-o a sair da água quando o meu estomago rosnou. Fomos ao bar, pedimos umas sandes, umas bebidas frescas e um gelado. O pedido foi aceite e resolvido com prontidão.
Passei o resto do dia na tranquilidade que o local me oferecia.
Aproveitei para tirar fotos, ler e fazer alguns jogos com o meu colega. No final do dia, arrumei as trouxas e segui para o carro pelo mesmo trilho que tínhamos descido à pouco. Subir foi uma tarefa um apouco mais complicada, mas nada de mais. Até gostei, muito honestamente. Quando chegámos ao topo, o meu colega confidenciou-me que podíamos ter ido directamente de carro até à praia fluvial. Tivesse eu não gostado de percorrer o trilho e teria proferido impropérios no momento.
Fui para casa dele ao final do dia. O sol ainda tinha algumas horas para brilhar, mas eu já tinha decido que naquele dia queria era ver a lua. Ia apenas sair durante quando fizesse noite.
Sei que, por certo, iria encontrar outros encantos naquela pequena vila portuguesa...
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Comentários (1 comentários)
Joaquim Pinto há 6 anos
Boa tarde
Obrigado pelas referências à minha terra, que são reais e verdadeiras.
Dizem que Mestre Malhoa chamou de "Sintra do Norte" ao meu Concelho.
Sou Figueiroense de gema e deixo aqui o link para a minha página do Facebook sobre Figueiró dos Vinhos - -"Figueiró dos Vinhos, uma vila exemplar!"
-"A vila tem um aspeto extremamente pitoresco."
-"Passei o resto do dia na tranquilidade que o local me oferecia."
-"Sei que, por certo, iria encontrar outros encantos naquela pequena vila portuguesa..."
Confira aqui em como todos estes Adjectivos que são reais:
https://www.facebook.com/Sintradonorte/
Sucesso
Joaquim Pinto