20 km até Bragança!

Publicado por flag-pt Cristiana * — há 6 anos

Blogue: Uma portuguesa em Verona.
Etiquetas: flag-pt Blogue Erasmus Bragança, Bragança, Portugal

Hoje estive em Bragança.

Demorou cerca de três horas e meia a partir de Braga, sempre no mesmo autocarro, com paragens em Guimarães e Vila Real. Adormeci algumas vezes durante o caminho. O que fez com que me esquecesse de trocar de veículo em Vila Real. Ou seja, segui caminho. Quando abri os olhos, graças a um forte solavanco que me acordei, reparei que faltavam vinte quilómetros para chegar a Bragança. Nada contra os brigantinos, mas não estava a contar com esta visita hoje. Assustei-me quando vi essa placa, com a indicação em baixo dos quilómetros até Espanha (em letra maiúscula, ainda por cima). Fui confirmar ao GoogleMaps onde ficava Bragança. Maldita a hora que o fiz... É que o safado mostrou-me uma área vermelha, assustadoramente junto ao país vizinho.

A solução possível era chegar lá e comprar um outro bilhete até Vila Real… de novo. Aí apanharia o autocarro certo até ao meu destino. A viagem de autocarro não é a mais agradável de sempre, mas enfim. O condutor que ia ao seu lado e não estava de serviço fez-me lembrar o capitão do navio Titanic. Tinha a barba branca e a voz solene. A pessoa que estava a conduzir naquele momento não sabia bem o que estava a fazer. Nem conseguiu ligar bem o motor. Pus o cinto, não fosse o diabo tecê-las.

Quando estava quase a chegar a Bragança pude reparar que era mesmo agreste. Devido à grande proximidade a Espanha, e sendo no interior português, tinha zonas quase desérticas, não muito verdes. De qualquer forma, era bonito. Nunca havia estado lá. Foi a primeira vez. As pessoas, felizmente, foram todas muito acessíveis e simpáticas. Nada a dizer quanto a esse aspecto.

Achei piada à semelhança com Mirandela e Vila Real. Penso que as zonas transmontanas se destacam bastante das demais. Algo curioso é que, quando foi altura de pararmos para sair, não nos deixou na central de camionagem. Achei que era como em Aveiro, que nos deixavam à beira da estrada, junto ao centro da cidade. Não foi o que sucedeu. A minha sorte foi que a cidade em si não é tão grande como, digamos, Porto ou Lisboa.

Pensei que era logo ali a estação, numa grande casa branca com telhado laranja. Pensei ser característica da terra. Quando cheguei à porta vi que se tratava apenas de um centro de assistência social. Perguntei a uma rapariga pelas direcções correctas. Ela estava dentro de umas cabines que diziam “lavandaria”. Virou-se e senti-me em apuros. Era de origem asiática, mais ou menos da minha idade. Tive medo que também não fosse dali e soubesse tanto como eu. Estava redondamente enganada. Respondeu-me num português perfeito. Disse-me que estava longe ainda. Para seguir a recta e virar à esquerda, bem depois. Segui o seu conselho, de perguntar a outras pessoas quando estivesse mais perto. Perguntei a uma senhora, que me disse que estava longe, mas no bom caminho. Tinha apenas meia hora para chegar à hora que pretendia… A minha sorte foi encontrar uma outra senhora, mais adiante, que disse estar a dirigir-se para aquele sítio. Ia fazer compras e podia levar-me de automóvel. Aceitei e agradeci-lhe profusamente. Coloquei o cinto e lá fui eu. Na verdade, demorei cerca de dez minutos no carro. Se fosse a pé, e não sabendo bem onde estava, demoraria muito mais. Ela contou-me que era professora reformada, que tinha quatro netos, tinha estudado no Porto, assim como a filha, que agora geria com o irmão a empresa do pai. Disse não sair muitas vezes de casa, por se dedicar tanto aos netos, mas que os tinha deixado com a empregada, para assim ir tratar de umas coisas. Foi um autêntico anjo no meu caminho! Em caso de dúvida, e no geral, nunca devemos aceitar boleia de estranhos, claro, mas eu senti instintivamente confiança nela. Deixou-me junto à porta e desejou-me boa sorte no meu caminho. Fui até um café a correr, pedi uma baguete de atum, ovo, alface, ovo cozido e tomate e um compal de pêssego. Fui até à bilheteira, comprei o bilhete com desconto de estudante e comi o petisco nos quinze minutos que me restavam. O senhor do Titanic voltou a ir ao meu lado. Recebeu o meu bilhete e pareceu curioso. Porque haveria uma jovem de ir para um local e voltar para trás assim que possível? Senti-me uma fugitiva ou algo do género. De qualquer maneira, foi simpático. Sentou-se ao meu lado. Às vezes olhava para mim e eu evitava cruzar o olhar com o dele. Sinto que se lhe tivesse dito talvez até me tivesse esquivado a pagar um novo bilhete, mas sou demasiado orgulhosa. O que está feito, feito está. Podia ter sido pior! Acabei por conhecer mais uma cidade bonita deste nosso belo país, que é Portugal.

A ideia com que fiquei de Bragança foi a seguinte:

  • É uma cidade encantadora,que parece esconder muitos segredos;
  • Tem belas lojas, restaurantes e bares, mas mantém uma certa serenidade;
  • Conseguimos ver algumas placas em espanhol!
  • Quem sabe volte a fazer uma visita, desta vez consciente e ponderada.
  • Aconselho uma visita e, de preferência, vão lá porque querem, tentem não se enganar no vosso percurso!

Nota: algo crucial nas nossas viagens é aprendermos a confiar nas pessoas certas.


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